quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Então, é Natal!

Natal, para muitos, significa momentos felizes ao lado das pessoas que amam. A expectativa de reunir a família e amigos ao redor de uma bela mesa repleta de iguarias deliciosas faz com que a espera torne-se longa demais. Sem falar nos presentes, tão pensados, planejados, procurados como se fossem tesouros. Sim, são dias de intensas atividades, onde a alegria e a felicidade estão presentes. E o mundo parecerá mais justo, mais livre, emocionante e belo. Chamamos a isso de Espírito de Natal.
Para outras pessoas, esses dias que antecedem as festas são um  verdadeiro inferno. O que fazer? Para onde ir? Para essas pessoas, o Natal significa apenas mais um dia igual a tantos outros e, talvez, uma taça de espumante apreciada solitariamente. Não possuem família, os amigos estarão longe, nem um amor sequer! E se desesperam por estar sós. E talvez tomem algum tipo de medicamento que os façam dormir e esquecer. Sentem que nada vale a pena e ficam aliviados quando tudo volta à normalidade.
Há, ainda, pessoas que estarão reunidas com a família, receberão muitos presentes, mas mesmo assim não estarão contentes. Sentirão saudades por estarem apartados daqueles que amam, mesmo que momentaneamente; tristeza, porque romperam com um relacionamento amoroso ou perderam um ente querido. Uma tristeza disfarçada de alegria. É preciso manter as aparências e não estragar o espírito natalino de todos, pensarão. Aliás, muitos nem tentarão esconder a tristeza, pois haverá quem os console e diga-lhes palavras estimuladoras. O espírito natalino também nos faz solidários e bem intencionados.
Existem, também, aqueles que têm amigos, têm família, mas optam por ficarem reclusos. Preferem meditar, voltar-se para dentro de si mesmos, estar em paz. Festas ocorrem o ano inteiro. O importante e refletir sobre as ações que fizeram durante o ano que está findando e planejar o que ainda não puderam pôr em prática. São as famosas resoluções de finais de ano. Quantos terão saldo positivo? Quantos sentirão culpa ou remorso?
Não importa onde você se encaixe nos itens acima. Tem o poder de decidir o que é melhor para si, mesmo que isso signifique ficar chorando as penas. Somente quem está bem consigo é capaz de se sentir e de se reconhecer triste. Às vezes, temos desejos e vontades que não são possíveis de realização. Reconhecer isso é tarefa desgastante, mas totalmente necessária para o aprendizado da alma.  A esses, digo: a alegria está no percurso, no caminhar escolhido e não nos resultados projetados para um futuro incerto. Chore, fique triste, mas mude o seu percurso. No próximo ano, tudo estará melhor. A sua vida terá o significado que atribuir a ela, a melodia que inventar e a letra que a cada dia escrever. É uma sinfonia sem fim, pois cada um de nós, se assim decidir, a viverá plenamente até o dia de nossa morte. Será a nossa vida até o final, e a morte só acontecerá depois.
A todos os amigos, desejo, de todo o coração, que este Natal não seja diferente, mas igual a todos os natais que gostaram de viver. Que sempre tenham suas vidas nas mãos, atenta e amorosamente, e a se questionarem se vocês as têm vivido com dedicação, conscientes de sua finitude, empenhados em desfrutá-la aqui e agora, nesta existência.
Que todos tenham a felicidade como meta, a vida como objeto, e a verdade como norma.
Meu abraço e meu agradecimento por terem me acompanhado.
Reg.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Trechos - Clarice Lispector

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.