sábado, 30 de abril de 2011

Amor, Saudade e Maresia

Há três coisas que ninguém consegue definir com certeza: amor, saudade e maresia.

Amor, porque é um sentimento subjetivo demais para que possa ser explicado cientificamente. Não há uma verdade absoluta, somente pressupostos de como se deve amar algo ou alguém. Uns acham que amar significa gritar aos quatro ventos esse amor - e precisam, também, ouvir a todo instante o quanto são amados -, enquanto outros acham que gestos expressam mais que palavras.  Há quem ame de maneira altruísta, sem esperar nada em troca, e há aqueles que somente se sentem amados se receberem “doações materiais”. Amor, para algumas pessoas, é algo divino, fraternal; para outras, amar significa rastejar com os joelhos sangrando e também esperar que o outro rasteje.

Saudade é algo indefinível. Pode ser algo bom ou ruim. Pode ser uma doce recordação ou a dor de uma ausência, uma longa e prazerosa espera pelo reencontro ou a angústia de esperar. Uns sentem saudades do que fizeram; outros, das coisas que deixaram de fazer, seja por burrice ou apenas ignorância de si mesmos.

Maresia é uma percepção, um cheiro, é algo que está no ar. Uns a percebem pela corrosão acelerada em cadeiras, carros e portões de ferro, causada pela presença de sais em micro gotículas de água de mar, ou seja, como algo nocivo e destruidor. Mas outros a sentem pelo cheiro, que tanto pode ser bom ou ruim.  Para mim, aquele cheiro característico das regiões próximas ao litoral é inebriante. Para outros, trata-se do cheiro ruim da baixa-mar.

Hoje brinquei de fazer analogia entre as três palavras. E cheguei ao seguinte pensamento: amor e saudade são sentimentos prazerosos, mas, dependendo da maneira como as pessoas usam seus sentidos, podem corroer até as melhores intenções.

Certa vez alguém me disse que dificilmente uma pessoa generosa se acerta com uma egoísta. Há um choque de vontades, de desejos. Assim como uma pessoa simples, sem propensão para a tirania, jamais daria certo com uma megalomaníaca. Pessoas tão contrárias na maneira de dar e receber amor podem tanto aprender com suas diferenças quanto deixar-se submeter a sentimentos corrosivos e viverem em clima de guerra.

Uns dizem que os opostos se atraem. Até acredito, pois uma pessoa egoísta precisa de uma generosa para satisfazer seus desejos infantis, assim como o megalomaníaco precisa do subserviente para saciar seus desejos de poder e superioridade. Outros acham que são as semelhanças que unem um casal. Nem sempre. Já vi muitos casais com diversas afinidades ficarem enjoados de tanto se enxergarem um no outro. Depois de certa idade, espelhos já não são necessários.

Enfim, essa prolixidade toda é para explicar que o amor não tem lógica alguma. Não dá para julgar as pessoas pela maneira como costumam demonstrar o que sentem.

Conforme a cineasta Tizuka Yamasaki, “o que diferencia uma pessoa da outra é o seu imaginário, a interpretação que dá aos fatos da vida”, só que há pessoas que utilizam o imaginário para analisar os outros e depois criticá-los, caso estes não pensem, amem ou ajam da mesma maneira que elas (na pior das hipóteses, que adivinhem seus desejos). Penso que são justamente as pessoas que não vivem a realidade, mas as fantasias ocasionadas pelo desejo insano de sentir-se amadas, que se sentem espancadas à menor contrariedade. Peça a alguém que lhe explique por que acha que você é assim ou assado. Duvido que obtenha respostas coerentes. E nem tente explicar a essa pessoa que você tem uma maneira peculiar de enxergar a si mesmo (a) e que é diferente do que ela interpreta a seu respeito. Pessoas assim não entendem pensamentos filosóficos, pois vivem voltadas à fantasia de como os outros devem ser.

Aquilo que não pode ser explicado de forma racional ou científica é apenas um paradigma. E para o amor e a saudade jamais haverá modelos de conduta a serem seguidos. Cada um vive do seu jeito. Ninguém poderá nos ensinar como devemos amar ou sentir. Ficamos de pé ou somos derrubados, mesmo assim fazemos tudo à nossa maneira. E não podemos culpar ninguém por isso.

Em relação à maresia, dependendo do tipo de material submetido a ela, não causará danos. Ficará quieta, cumprindo seu papel na Natureza. A degradação só atinge aquilo que não lhe opõe resistência ou que se quebra com facilidade. Em se tratando de seres humanos, só sofre ações corrosivas aquele que ainda não aprendeu a perceber sua própria natureza e nem a interrogá-la. Pelo contrário, compraz-se em lançar intempéries à vida alheia.


Obs.: Eu só queria comentar sobre a analogia entre amor, saudade e maresia e acabou se transformando nisso. Culpa do meu imaginário ou da minha natureza corrosiva. Salve-se quem puder!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eu Desejo que Desejes


Gostaria de te desejar tantas coisas,
Mas nada seria suficiente.
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes.
E que eles possam te mover a cada minuto
Ao rumo da tua felicidade.

(Carlos Drummond de Andrade)


domingo, 24 de abril de 2011

Nightwish – The Phantom of the Opera

Tarja Turunen é uma cantora lírica, compositora e pianista finlandesa, tendo sido por dez anos vocalista da banda de metal sinfônico Nightwish. Demitida em 2006, Tarja segue carreira solo, sendo conhecida como a rainha do rock e do metal. É a mais popular do gênero na Finlândia e por toda a Europa, onde encanta a todos com a sua voz dramática e poderosa, cuja amplitude é de três oitavas.



Com o Nightwish, Tarja se projetou e gravou excelentes álbuns, mas o que mais me impressionou foi esta versão para rock da música “The Phantom  of the Opera”.



Apaixonada tanto pelo filme quanto pelo musical, não podia deixar de postar este vídeo. Tudo o que diz respeito ao meu melancólico anti-herói preferido interessa-me profundamente.




Aos Desgarrados, Feliz Páscoa!

Para aqueles que não ganharam ovos de chocolate, mas continuam com seus sonhos. Que os desgarrados sejam felizes!
Linda esta música do Mário Barbará. Nunca canso de ouvir.



sábado, 23 de abril de 2011

O Verdadeiro Arroz de Carreteiro

Nilo, meu primo e guru, é uma figura antológica. Quem o conhece jamais esquece seu jeito hospitaleiro, e torna-se seu amigo para o resto da vida. E sabem por quê? Ele é humano, terrivelmente humano! Isso significa que ele possui todas as qualidades inerentes à natureza humana, mas também aqueles defeitinhos suportáveis.  E jamais os esconde. Prova disso são os ataques de criancice que ele tem de vez em quando, principalmente se o sorveteiro da Kibon não tem mais o sorvete que ele queria. Quando isso acontece, reclama igual à criança que ficou sem seu doce preferido. Só se aquieta quando a Inês, sua esposa, o admoesta: “Deixa de criancice, Nilo, e fica quieto”. Ele obedece, mas fica amuado durante alguns minutos, resmungando algo como “a Inês sabota minhas melhores intenções”.

É comum ele convidar os amigos para jantar na sua casa. Adora receber pessoas e demonstrar suas técnicas na arte culinária. Diz sempre que “vai fazer um carreteiro” ou “assar um churrasco”. Recepciona seus convidados a rigor, ou seja, vestindo algum avental de churrasqueiro ou de cozinheiro, mas quem assará a carne ou preparará a refeição será a Inês. Ele diz que vai “fazer”, mas é a Inês quem pilotará o fogão ou manejará com habilidade os espetos. Ele só fica dando palpites e fazendo de conta que é o dono da situação. Aí é que está o segredo da Inês para manter o casamento de trinta anos: condescendência. Ela permite que ele pense ser o “homem da casa”. Inteligente, sabe que um homem detesta sentir que é a mulher que está no comando.

Se Nilo é o mentor de uma ação, Inês é a parte que age. Grande casal! Cheguei à conclusão que Inês é que é uma mulher de verdade e não a Amélia da música do Ataulfo Alves. Esta última só se submetia.

E é na casa deles que o melhor e mais verdadeiro arroz de carreteiro é feito. A maioria das pessoas tem o costume de picar carne fresca - ou sobras de churrasco -, cebolas, tomates e pimentões, colocar tudo numa panela e dizer que vai fazer um carreteiro. Perdoem-me os metidos na arte da cocção, mas o que será feito é guisado com arroz e não um carreteiro.

O poeta Jayme Caetano Braun já alardeava nestes excertos da poesia “Arroz de Carreteiro”:

Não tem mistério o feitio dessa iguaria bagual,
É charque – arroz – graxa – sal
E água pura em quantidade
Meta fogo de verdade na panela cascurrenta.
Alho, cebola ou pimenta, isso conforme a vontade.

Ah, que saudades eu tenho
Dos tempos em que tropeava
Quando de volta me apeava
Num fogão rumbeando a cheiro
E por ali – tarimbeiro, cansado de bater casco,
Me esquecia do churrasco saboreando um carreteiro
 
Por isso – meu prato xucro, eu não me paro acabrunhado.
Ao te ver falsificado na cozinha do povoeiro
Desvirtuado por dinheiro à tradição gauchesca,
Guisado de carne fresca não é arroz de carreteiro...

Hoje te matam à míngua, em palácio e restaurante
Mas não há quem te suplante
Nem que o mundo se derreta
Se fores feito em panela preta, servido em prato de lata,
Bombeando a lua de prata sob a quincha da carreta!

A verdadeira receita de arroz de carreteiro é esta, a qual me foi repassada pelo meu primo. Ele nunca admitirá ser um “bairrista”, por amar também à cidade do Rio de Janeiro, suas praias e atrações culturais (também serviu lá quando era paraquedista), mas jamais negará que o melhor arroz de carreteiro é aquele que ainda é feito conforme manda a tradição.
Arroz de Carreteiro, o Verdadeiro


1 kg de charque
1 cebola picada
1 colher de sopa de cheiro-verde
2 xícaras de chá de arroz
2 dentes de alho picados
6 colheres de sopa de azeite
Sal a gosto

Modo de Preparo

Deixe o charque (ou carne seca) de molho de véspera, troque a água e cozinhe até ficar macia;
Desfie;
Frite-a em uma panela com o azeite;
Quando o charque estiver dourado, coloque a cebola e o alho;
Junte o arroz e frite;
Acrescente a água fervente e cozinhe em fogo baixo até o arroz ficar macio.
Depois de pronto, salpique o cheiro-verde e sirva em seguida.

Obs.: Há quem prefira ferver o charque para dessalgá-lo. Neste caso a água da fervura não deve ser jogada fora, mas aproveitada para ferver o arroz.
Para acompanhar este prato, nada de vinhos chilenos. Uma boa sugestão é o Touriga Nacional, da vinícola Dal Pizzol, de Bento Gonçalves. Aliás, os tintos Pinot Noir ou Ancellotta, desta vinícola, são os preferidos da nossa presidenta Dilma Rousseff.




quarta-feira, 20 de abril de 2011

Histórias do Cotidiano I - O Jogo dos Amantes

Estava em um café situado no segundo andar do Bourbon da Av. Ipiranga quando notei a mulher. Não que eu repare em mulheres, mas aquela me chamou a atenção por suas atitudes insólitas. Era loira, bem vestida, com sapatos de saltos altos e parecia extremamente nervosa. Andava de um lado para o outro e parecia não se decidir por coisa alguma, mas de vez em quando perscrutava o café onde eu me encontrava como se esperasse avistar alguém. Pensei: aquela ali tem culpa no cartório. Acertei. Em seguida, chegou um rapaz também bem vestido. Olharam-se tacitamente, mas não se cumprimentaram. Ele sentou-se à mesa ao lado da minha e ficou esperando. Ela, olhando mais uma vez para os lados, disfarçando, e vendo que não havia mesmo nenhum conhecido, finalmente sentou-se à frente dele. Não escutei a conversa, mas percebi que eram amantes. É incrível como um casal de amantes consegue se parecer com uma dupla de assaltantes tramando o próximo crime só pela tensão nervosa que emanam e pela maneira como olham para os lados esperando ser reconhecidos a qualquer momento pela polícia. No caso deles, por um marido transformado em touro numa arena, bem guampudo.

Depois de algumas conversas sussurradas, ela levantou-se, pagou a conta e saiu. Depois de alguns instantes, ele a seguiu, mas sempre um pouco atrás, como se não a conhecesse. Deduzi que o próximo passo era o estacionamento, o carro dele (o dela provavelmente ficaria no estacionamento até o seu retorno) e algum lugar onde pudessem estar a sós.

Voltei a concentrar-me no meu café dando graças a Deus por eles terem ido embora. Eu já estava ficando nervosa. Também estava preocupada com a possível chegada do marido e, consequentemente, um barraco com direito a tapas e bofetões. Não sei de que lado ficaria ou em quem apostaria.

Com tanta mulher solteira e carente por aí, por que alguns homens preferem correr o risco que é de se estar com uma mulher comprometida? Pelo que tenho visto, são poucas as pessoas que conseguem ser felizes num relacionamento desse tipo. Para uma pessoa casada, um amante significa, talvez, a salvação para seu casamento falido e desgastado pela rotina. Mas, e o amante? É bom ser apenas a peça do peão num tabuleiro de xadrez?

A finalidade do peão, num tabuleiro de xadrez, é a de “salvar” uma importante peça. Os peões são os “servos”. Eles funcionam como soldados e sacrificam-se para resgatar as peças mais valiosas.

Peões


Rei e Rainha (peças valiosas)

O peão movimenta-se apenas para frente, exceto quando ele tem de “comer” alguma peça. Neste caso, ele pode movimentar-se na diagonal, mas nunca para trás. Na diagonal, ele mantém-se na mesma linha do inimigo, esperando que outro apareça (o Rei pode movimentar-se em todas as direções, mas fica limitado a uma casa só).
O jogo só termina quando uma das partes desiste, abandona o jogo ou por xeque-mate ao Rei adversário.




Isso é no jogo de xadrez.  E na vida real, o que pode acontecer com o “peão” caso consiga ficar com a “rainha”?

Será este o seu destino?



Ou este?



Resta ao cônjuge traído e abandonado rezar:


Enfim, tanto o jogo de xadrez quanto o jogo dos amantes possui o mesmo significado: o encantamento pelos elementos libidinais que levam os jogadores a satisfazer suas fantasias de onipotência e narcisismo, uma vez que oferece a gratificação ou a sublimação das pulsões (a psicologia define pulsão como um impulso energético interno que direciona o comportamento humano) pela destruição e agressão ao adversário.

Mas eu ainda prefiro a máxima de Gary Kasparov, o gênio do xadrez mundial: “O xadrez é uma tortura mental”.

E isso resume tudo.


Elenco:

Escaldada: uma mulher à toa que não tinha nada melhor para fazer, nem mesmo um jogo de xadrez ou um singelo jogo de peteca;

Loira Nervosa: quem sabe não era a mulher do meu vizinho ou a sua?

O Amante: uma criança que nunca se tornará um rei; por isso o aspecto destrutivo da rivalidade;

O Café: o da Prawer, segundo andar do Bourbon da Av. Ipiranga.

Marido Traído: se souber jogar xadrez, saberá que uma rainha, em termos de valor, não é comparável a nenhuma outra peça, exceto a outra rainha.  E existem muitas por aí. Aliás, rainha, em latim, significa Regina. O que valida àquela máxima que diz: Homem é que nem lata: uma chuta; outra cata”.


Obs.: Perdoem-me, Letícia e Adriano, mas desta vez foi impróprio para menores. Prometo corrigir isso da próxima vez.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pra Rua Me Levar

Para o poeta Fernando Pessoa, “escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida”.
Acho que o poeta quis dizer que, após transpor para uma folha de papel todos os pensamentos e sentimentos que o perturbavam, sentia-se aliviado e com a mente vazia. Um suave esquecimento de si mesmo e de seus problemas.

Creio que é por isso que tantos psicólogos e psicanalistas têm a mania de pedir aos seus pacientes para que descrevam sentimentos numa espécie de diário, como se tal atividade fosse deixá-los mais perceptivos de seu “eu” mais profundo. Menos pensamentos, mais emoções. Não se trata de ignorar a vida, mas de senti-la, deixá-la aflorar, não deixar que nada fique represado no inconsciente.

Tenho uma maneira para pensar menos e sentir mais: escuto música. Não qualquer música, mas àquela que possa ter deixado seu autor de certa forma aliviado por ter contado a sua história. Na letra da canção está a sua alma, seus sentimentos, sua filosofia de vida, não importa a melodia que a acompanha. Mas tem de ser agradável aos meus ouvidos.

Não esqueço as palavras de meu pai cada vez que escutava a música A Viagem, com o Nelson Gonçalves. Ele dizia que o autor só podia estar muito apaixonado quando escreveu a letra, de tão pungente que era.

O que me deixa fascinada é como numa canção pode estar contida uma história completa. Muitos livros deram origem a filmes, mas o que dizer daquelas músicas que também inspiraram filmes, como é caso de Blue Velvet (Veludo Azul), de Bobby Vinton, que deu origem ao filme homônimo interpretado pela atriz Isabella Rossellini? Não somente Blue Velvet, mas também Mona Lisa, de Nat King Cole. No Brasil, temos a música Menino da Porteira entre tantas outras.

Mais uma tergiversação – eu sou prolixa mesmo – antes de comentar a linda canção Pra Rua Me Levar, da Ana Carolina. Está claro que quando ela escreveu a letra não estava ignorando a vida, mas a estava percebendo, intensamente, em si mesma.

A interpretação da letra é fácil e até daria um bom filme:

Ela não quer ser como a maioria das pessoas que vê na busca de um novo amor uma forma de preencher vazios existenciais. Ela sabe que a solidão é necessária, imprescindível para que possa refletir acerca do que realmente pode ser importante em sua vida. Aliás, não se preocupa e não se desgasta com o fato de estar só. Até prefere estar passando por este momento em que pode ter esse encontro consigo mesma.

Já possui maturidade suficiente para suportar as adversidades que possam aparecer em seu caminho, sem afligir-se. Não age mais por impulsos, pois sabe que existe sempre o momento certo para agir, e este momento chega quando seu coração diz: “Agora é a hora. Vá em frente”.

A frase “vou deixar a rua me levar” não significa que ela vai “cair na gandaia”, divertir-se como uma louca ou perder tempo com futilidades. Significa que ela vai permitir-se ser guiada pela vida, deixar que a natureza cumpra a sua parte. Não forçará nada, quer deixar que tudo ocorra naturalmente, mesmo que a saudade por um certo alguém aperte seu peito.

Todavia, apesar desse afã em viver a vida em toda a sua plenitude, ela sabe que muitas coisas ainda devem ser aprendidas, que não sabe tudo. É preciso cumprir certas promessas que fez a si mesma, mudar, renovar-se. Talvez até pedir perdão à pessoa que porventura ela tenha magoado, mesmo que essa pessoa não se importe tanto com isso e não a queira ouvir.

A Ana Carolina usou poucas palavras e conseguiu dizer muito, eu sei, mas cada um pode interpretar a obra de um autor da maneira que quiser – ou que melhor convier, depende da percepção do momento pelo qual estiver passando.


domingo, 17 de abril de 2011

Cópia Fiel

Alguém disse que a obra de um autor não pertence mais a ele no momento em que é interpretada, lida, tocada e sentida por outras pessoas. É como se ele lançasse ao mundo algo incompleto e deixasse que cada um desse o acabamento de acordo com sua ótica. Veja o exemplo da obra La Gioconda, a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci:

Tela original

São muitas as interpretações a respeito do seu enigmático sorriso. Alguém disse que ela era desdentada; outro, que possuía uma doença degenerativa nos ossos da face que a impedia de mover os músculos. Um médico italiano, Tito Franco, afirmou que ela possuía “sintomas” de xantelasma (pequenos tumores benignos ou depósitos de gordura) situados ao redor das pálpebras e nas mãos. Entretanto, para os mais românticos, seu sorriso traduz toda a resplandescência ofuscante dela, é um mal hipnótico ou, como disse o ensaísta inglês Walter Pater, “trata-se da própria eternidade, imersa em mares profundos, conservando em torno de si a luz de seus crepúsculos”.

Veja como seria uma cópia nem tão fiel da obra:











Deixando Mona Lisa e suas cópias de lado, fico imaginando aquelas mulheres que fazem várias cirurgias plásticas para se parecerem com atrizes ou modelos famosas. Até ficam parecidas externamente, mas suas naturezas instintivas ou idiossincráticas permanecem imutáveis.  Por mais que tentem ter a mesma boca da Angelina Jolie, por exemplo, jamais terão a mesma expressão no olhar que ela possui ao sorrir ou reagirão como ela em determinadas situações. Aliás, muitas vezes o resultado é devastador, como o ocorrido com a Donatella Versace. Antes ela tivesse ficado com a boca original...


Toda essa tergiversação é para tentar explicar – até mesmo para mim – o filme Cópia Fiel, do diretor iraniano Abbas Kiarostami, tendo no elenco os atores Juliette Binoche e William Shimell, que nem é um ator de verdade, mas um barítono.

Até a metade do filme a situação do casal foi um tanto ambígua. Não sabia mais se eles estavam representando um papel - para que pudessem justificar o teor do livro escrito pelo personagem de Shimell - ou se estavam tentando reviver uma realidade que não existia mais. Não ficou explícito, no filme, se eles haviam sido casados ou não. Afinal, eles estavam representando ou contando uma história deles próprios? Acho que o objetivo do diretor era esse mesmo, ou seja, confundir o espectador, dar a entender que o próprio filme é uma cópia da realidade enfrentada por muitos casais que, no afã de acreditarem que nada mudou, que tudo pode voltar a ser como era antes, criam uma farsa para poderem suportar – ou por não desejarem enxergar – a realidade. 

Uma cena que me chamou a atenção foi quando eles estavam discutindo em um restaurante. Elle disse ao personagem de Shimell mais ou menos assim: “Por que você não pode simplesmente estar aqui, ver o quanto fiquei bonita para você?”.

Acho que muitas pessoas tiveram uma sensação de déjà vu ao assistir à cena. Afinal, quantos jantares, almoços ou eventos que tinham tudo para serem prazerosos não terminaram em brigas e amuos porque uma das partes envolvidas não teve o bom senso de escolher outra ocasião para expressar pensamentos impróprios?
Como no trecho do livro “Fora de Mim”, da Martha Medeiros:”...Naquela noite que poderia ter sido amena, me vi desistindo de um jantar e de nós dois em menos de dez minutos, a decisão mais rápida da minha vida...”.

Outro fato marcante diz respeito aos diálogos alternados entre italiano, francês e inglês. Fiquei pensando por que o diretor deu tanta ênfase a esse detalhe. Todos nós sabemos – ou aprendemos depois de muitas idas e vindas - que o que dá sentido de permanência a qualquer relacionamento é uma boa comunicação. Inexistindo, é como se as partes falassem línguas diferentes ou fossem de planetas diferentes. No caso dos personagens, eles falavam a “mesma língua”, mas faltava-lhes a condição precípua para que a convivência se tornasse possível: sintonia emocional. Mesmo atraídos intelectualmente, distanciavam-se emocionalmente. Um desejando e o outro repelindo.

Por mais que o modelo de um casal perfeito seja copiado (o casal que eles encontram de passagem) ou imperfeito (como no diálogo entre Elle e a dona do café, em que ela se dispõe a contar todos os defeitos do seu suposto marido), nada, mas nada mesmo, sobrevive se não há autenticidade e apaixonamento.

Eu gostei do filme. Gostei imensamente. Fez-me pensar em pessoas estranhas que se encontram em alguma esquina dessa vida e que podem ou não querer se conhecer. Se podem, não querem, e se querem, não podem. Nem os longos diálogos foram de forma alguma enfadonhos para mim. Foram necessários para a dinâmica do filme, voltada apenas às discussões de um casal acerca de seus desejos mais profundos. Não é um filme para emocionar, levar o espectador às lágrimas, mas para fazer pensar se vale a pena viver uma farsa e, ao mesmo tempo, sonhar com o que pode vir a ser.

Em minha opinião, não vale a pena, pois tolo é aquele que tenta tirar água de um poço que já secou por acreditar que ainda existe água subterrânea. É melhor buscar outras vertentes a ficar com as mãos sangrando de tanto escavar.

Queridos, esta obra intitulada Cópia Fiel deve ser assistida, não por tratar-se de algo de que possam tirar algum ensinamento, mas por tratar-se de um problema tão corriqueiro nos dias atuais e que poucos percebem: toda cultura vive por meio da invenção e da propagação dos significados de vida.

Vive-se a própria vida como uma história ainda a ser contada, mas a forma como deve ser tecida a história a que se espera contar decide a técnica pela qual o fio da vida é tecido.

Quem costuma ler o magnífico pensador Zygmunt Bauman saberá que o último parágrafo desta postagem foi transcrito de um excerto de sua obra “A Sociedade Individualizada”. Uma cópia fiel, enfim. Eu não podia ser diferente da maioria.

Obs.: A última notícia que fiquei sabendo é que Christian Loubotin processará a grife brasileira Carmen Steffens. Motivo: a referida grife copiou os fatídicos solados vermelhos dos sapatos de Loubotin. É...copiar também gera processos.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Que Não Ensinam Nas Escolas

Meu blog é lido por dois estagiários da organização na qual pertenço. Da menina Letícia, soube que ela o recomendou para uma amiga, mas com a seguinte observação: “É bem legal, mas é somente para adultos”.
Do jovem Adriano já recebi algumas sugestões, muitas já aplicadas. E é deste último que recebo vários materiais para as minhas pesquisas. Além de ser estudante, estagiário, lutador de jiu jtsu, adorador de biscoitos e de pãezinhos de queijo, também é um motivador nato. Todo dia o escuto dizer: “Posso dar uma sugestão”?

Para contentar esses dois jovens tão interessados nos meus solilóquios – doeu-me o tal de “só para adultos” – vou postar algo a respeito do que eles aprendem na escola e que não se trata da verdade, segundo os historiadores.
Quando chegamos numa certa idade, a primeira coisa que aprendemos é que a história que é contada não é a mesma que é vivida. Isso vale até para os relacionamentos que vivenciamos ao longo do caminho. Nada é o que parece ser.

1324 a.C -TUTANCÂMON, ASSASSINADO.


É a múmia mais famosa que se tem notícias. Ele assumiu o trono aos dez anos de idade e, dizem, foi assassinado aos 19 anos pelo seu conselheiro real, que acabou se casando com a sua viúva.

Mentira! Pelo estudo do seu DNA ficou comprovado que o faraó sofria de diversas más-formações devido à consanguinidade. Naquela época, irmãos se casavam com as irmãs. Além disso, ele sofria da doença de Kohler, que o deixava muito debilitado pela falta de irrigação sanguínea. Deste modo, teve as células dos ossos destruídas, pegou malária e foi direto para o sarcófago, só saindo de lá para entrar direto para a história.
Por que as professoras não ensinam que o verdadeiro assassino foi um mosquito?

500 a.C. - BUDA, GORDO E BARRIGUDO.


Sabem aquele gordinho que é símbolo de prosperidade e fartura? Aliás, várias amigas o tem em suas casas. E ainda o envolvem em moedas. Não mintam! Eu já as vi até colocar arroz, milho e cereais não identificáveis ao redor dele.
Pois é... Ele era magrinho. Peguei vocês!

Como um cara que viveu como um mendigo e que ficava dias sem comer, em meditação, podia ser gordo? Até na Índia ele é representado, em estátuas, como um sujeito alto e magro.
Se for para ser venerado, que seja como símbolo de regime e de controle do excesso alimentar. Sugiro que coloquem a imagem dele, gorda mesmo, presa na geladeira e esqueçam a fartura. Fechem a boca e tenham seus quadris para o resto de suas vidas. Gostosas, e não sobejos de matéria excrescente e incongruente como nos fizeram acreditar ser Buda.

480 a.C – 300 GUERREIROS DEFENDERAM A ESPARTA



Na verdade, os espartanos levaram a fama, mas 4.000 soldados vindos de outras cidades-estados gregas se juntaram ao grupo. Segundo o historiador grego Heródoto, além dos 300 espartanos, havia 1.000 tegeatas e mantineus, 1.120 arcadianos, 400 coríntios, 20 beócios, 700 téspios e 400 tebanos.

Acho que os espartanos entraram para a história por causa das tanguinhas de couro que usavam e também por causa das barrigas de tanquinho. Qualquer lavanderia os disputaria a tapas, hoje em dia, para servirem de garotos-propaganda. O primeiro registro da batalha das Termópilas foi feito por uma mulher infiltrada, certamente, ou por algum soldado fascinado pelo sexo oposto.

48 a.C. - CLEÓPATRA ERA LINDA E CHARMOSA



A sétima arte foi muito benevolente com essa rainha ao escolher a linda atriz Elizabeth Taylor para interpretá-la. Cleópatra, na verdade, era um canhão, uma baranga, e seja mais do que se possa designar uma mulher horrenda. Talvez, naquela época, até tenham pensado que ela não havia nascido, mas achada numa encruzilhada.

Tinha narigão, queixo pontudo, lábios finos e era careca, por causa dos piolhos. Mesmo assim, ela foi a amante adorada dos célebres militares e políticos romanos Júlio César e Marco Antônio. E sabem por quê?

Ela podia ser feia, mas era poderosa. Falava nove línguas, manjava de filosofia e de álgebra e administrou o Egito por 22 anos. Portanto, burra não era. Além disso, dizia-se que, entre quatro paredes, fazia com que as posições do Kama Sutra parecessem brincadeiras de criança.


Século XIII - PAPAI NOEL VESTE VERMELHO


Apesar de muitos colorados afirmarem que é em homenagem ao Campeão de Tudo, muito venerado desde aquela época, na verdade a lenda foi inspirada em São Nicolau, um bispo que viveu na Turquia no século IV, e que sempre se vestia com uma túnica VERDE. Em 1862, a imagem de São Nicolau, ainda magro, foi “vestida” de vermelho pelo ilustrador Thomas Nast, para a revista Harper’s Weekly. Foi somente em 1931 que imagem do bom velhinho gordo, bonachão, de cabelos e barbas brancas foi eternizada, graças a uma campanha publicitária da Coca-Cola.

Yes, Papai Noel é garoto-propaganda da Coca-Cola até hoje.


1492 – CRISTOVÃO COLOMBO DESCOBRIU A AMÉRICA



A mando dos reis católicos da Espanha, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, Cristóvão Colombo empreendeu uma viagem com o objetivo de atingir as “Índias”, como eram chamados o Japão e a China naquela época. Só que acabou perdendo-se e foi parar na Ilha de San Salvador, onde hoje fica as Bahamas. Por pura sorte é que ele acabou descobrindo um continente desconhecido.

Desconhecido em parte, pois descobertas arqueológicas confirmaram que os vikings, romanos e egípcios também tenham visitado a América antes de Colombo.

No livro “1421, O Ano em que a China Descobriu o Mundo”, o ex-comandante da marinha britânica, Gavin Menzies, analisa mapas e rotas e afirma que, durante a dinastia Ming, os chineses já tinham recursos para ir e voltar da América. Para completar, um mapa-múndi de 1418, encontrado na china, mostra todos os continentes em seus devidos lugares.

Século XVII - O CALENDÁRIO MAIA PREVÊ O FIM DO MUNDO EM 2012



A civilização que habitou o Sul do México entre 2.000 a.C e o século XVII dominava a astronomia e criou o calendário de 365 dias. Em uma pedra circular gravavam tranquilamente os dias até que, quando chegaram no dia 21 de dezembro de 2012...

...vieram os FDP dos espanhóis e interromperam o divertimento. Dizimaram os maias e impediram que eles seguissem marcando os dias no estranho calendário. Restou a lenda que o mundo terminaria em 21/12/2012.

Para piorar o que ensinam aos incautos, o calendário nem foi criado pelos maias: foi criado pelos astecas. Os maias estavam apenas lhe dando extensões e refinamentos a fim de torná-lo mais sofisticado. O que importa é que, tanto para os maias quanto para os astecas, o mundo não acaba em 2012. É apenas o fim de um ciclo astronômico. Mas eu ainda penso nos espanhóis. Por que eles tinham de vir e estragar tudo?

1632 – GALILEU FOI SEVERAMENTE PUNIDO POR DESCOBRIR O SISTEMA SOLAR


Na Idade Média, a Igreja costumava punir àqueles que contrariavam seu princípios, e Galileu foi severamente punido, torturado e condenado a passar o resto de seus dias numa masmorra só por afirmar que os planetas giravam ao redor do Sol, e não da Terra, em seu livro “Diálogos sobre os Dois Máximos Sistemas do Universo”.

Tal história é suficiente para fazer uma criança rogar pragas para padres inclementes para o resto da vida, mas a verdade foi outra.

Em primeiro lugar, quem descobriu o heliocetrismo não foi Galileu: foi Nicolau Copérnico, meio século antes. Galileu apenas comprou a ideia de Copérnico e resolveu escrever um livro. Como ele era católico fervoroso e muito amigo do papa Urbano VIII, depois de explicar-se, teve a obra incluída no índex – lista dos “proibidos”, sendo perdoado.


Século XVII – ISAAC NEWTON DESCOBRIU A GRAVIDADE POR CAUSA DE UMA MAÇÃ



A criatura estava descansando debaixo de uma árvore e caiu-lhe uma maçã na cabeça. Eureka! Estava descoberta a Lei da Gravidade.
Se eu contar quantas coisas já caíram sobre a minha cabeça e eu não descobri nada, exceto que um par de chifres dói mais que uma maçã, vocês não vão acreditar.

Em relação a Newton, ele usou a maçã para exemplificar aos seus alunos a teoria que ele formulou após anos de cálculos e de estudos. Na biografia de Newton, publicada em 1752, ele até referiu-se a maçãs, mas só para comentar o quanto elas enfeitavam o jardim pelo qual passava.

1812 – CARLOTA JOAQUINA ERA FEIA E GROSSEIRA



Livros, filmes e minisséries brasileiras retratam-na como sendo uma perua feia, grosseira e devassa. Diziam até que tinha vários amantes e tramava com eles a morte de seu marido, Dom João VI.

Pra variar, às más e invejosas línguas sempre tentam deturpar a imagem de uma mulher que tem poder. Carlota Joaquina era feia mesmo, mas era independente, culta e cheia de opinião. Além disso, conhecia política como ninguém e, por defender a monarquia absolutista, era massacrada pelos liberais.

E as idiotices que foram registradas para a posteridade não vieram de seus desafetos do sexo masculino, mas de uma mulher, a tal de madame Junot, esposa de um general francês que morria de ciúmes da princesa.
Denegrir a imagem alheia é coisa de mulher, creiam. Eu aprendi isso.

Século XIV – O VELHO OESTE ERA VIOLÊNCIA PURA


Quem nunca assistiu a um filme com Charles Browson? Putz, não me canso de assistir ao filme “Era uma vez no Oeste”. Os mocinhos sempre são retratados como sendo maus, sisudos, sempre bêbados e muito bem armados. Os duelos com pistolas e as pancadarias entraram para a história do cinema como barracos antológicos. E os saloons? Qual homem não ficou fascinado com as prostitutas, as músicas as bebidas?

Só que um filme é um filme, meus queridos. Na verdade, o velho oeste americano era uma calmaria que somente misantropos e celibatários poderiam admirar.

Segundo Richard White, autor do livro “A History of the American West”, o Oeste Americano era cheio de pequenas cidades que tinham, em média, 1,5 assassinatos por ano – e raramente era por tiro. No máximo, uma paulada na cabeça de um ladrão de galinhas ou de mulher.

1873 – GRAHAM BELL INVENTOU O TELEFONE


Alexander Graham Bell, nas horas livres, tentava criar um aparelho que usasse o eletromagnetismo para transmitir a voz humana à distância. Então, num certo dia, testando um de seus protótipos, chamou: “Watson, venha aqui”. E o Watson foi. Estava criado o telefone.

Só que não foi ele o inventor do telefone. Foi um pé-rapado que, sem ter condições para levar seu projeto adiante, vendeu sua patente para Graham Bell. Ele chamava-se Antônio Meucci, e somente em 2002 é que foi reconhecido como o verdadeiro pai do telefone. Malandro, Bell registrou a patente, ficou rico e levou a fama pelo invento. Que merda ser pobre!

1895 – SANTOS DUMONT INVENTOU O AVIÃO


Nos arredores de Paris, o 14 Bis ficou 21 segundos no ar, percorrendo 220 metros. Estava criado o avião, e pelo brasileiro que criou um aparelho mais pesado que o ar.

Só que, três anos antes, os irmãos Orville e Wilbur Wright voaram com o Flyer I nos Estados Unidos. Eles usaram uma espécie de catapulta, mas podiam sobrevoar sem este mecanismo. Em 1905, diante de várias testemunhas, o avião dos Wrigth voou durante 39 minutos e ainda fez curvas e “oitos” no ar.

Como já dizia meu falecido pai, boi lerdo toma água suja. Ganhou a fama quem patenteou o projeto em primeiro lugar.

1905 - MAHATMA GHANDI ERA PACIFISTA


Foi devido a Ghandi o fato de a Índia ter-se tornado independente do Império Britânico em 1947, por meio do satiagraha, a doutrina da não violência. Para ele, não era “correto usar a violência contra um adversário, pois ele deve ser desarmado de seus erros com compaixão e paciência”. Por causa dessas palavras é que Ghandi tornou-se um ícone mundial da luta pela justiça.

Mas a verdade é que...

Ghandi era racista!

Isso mesmo. Podem me adjetivar com outros opróbrios, pois já estou acostumada. Depois de ter escutado que sou “corrosiva” já não me surpreendo com mais nada.

Pois esse herói indiano viveu na África do Sul entre 1893 e 1914. Nesse tempo, lutou contra negros e pregou a inferioridade negra. Considerava, por exemplo, proibir negros de utilizar armas ou partilhar vagões de trens com brancos ou indianos. “A raça mais elevada pode continuar assim, evitando que os negros se armem”, escreveu para o jornal Indian Opinion.

1950 – O TIBETE É UMA TERRA ZEN


Sempre ouço de pessoas sofredoras o desejo de irem para o Tibete meditar, encontrar a paz e a serenidade para esquecerem as adversidades, mesmo que estas signifiquem apenas o esquecimento de uma traição pelo namorado (a).

Se elas soubessem que os chineses não foram nada bonzinhos e que os lamas omitem que os tibetanos eram divididos em três classes: lamas, nobres e intocáveis (95% da população), e que a mutilação dos olhos e braços como pena judicial só foi proibida em 1913 e que era comum esses intocáveis vender suas filhas como escravas para os nobres, talvez pensassem mais em ir para um spa ou levar uma vida  mais hedonista, repleta de prazeres mundanos.

1950 – FIDEL CASTRO FEZ UMA REVOLUÇÃO COMUNISTA



Fidel proclamou o comunismo, se aproximou da União Soviética e anunciou o fim da propriedade privada. E tudo isso com a ajuda de um movimento de guerrilha organizada por Che Guevara, que acabou derrubando o presidente de Cuba, Fulgêncio Batista (será em homenagem a esse cara que meu antigo professor de física foi batizado?).

Como podia ser comunista um cidadão que, em 1955, foi a New York arrecadar fundos alegando não concordar com o comunismo, por ser democrático, e que, mesmo após tomar o poder, negou o comunismo e até tentou uma aproximação com os Estados Unidos, os quais, irritados com as expropriações de empresas americanas em Cuba, recusaram apoio?

Fidel não foi comunista: foi hipócrita. E isso não ensinam nas escolas.

1968 - FEMINISTAS QUEIMARAM SUTIÃS



Feministas americanas queimaram seus sutiãs, símbolo das diferenças entre homens e mulheres, em Atlantic City, para se manifestarem contra a opressão masculina. Queriam a igualdade entre homens e mulheres.

Amaldiçoo-as até hoje, não por que tenham sido burras, mas porque pensaram que os homens saberiam entender o que se ocultava nas entrelinhas. Os homens sempre tentam levar vantagem em tudo, em se tratando de mulheres, e não deixaram a oportunidade passar. Tudo o que eles entenderam foi: “Oba! Já não precisamos mais pagar a conta de restaurantes e nem de motéis!”.

O diabo que carregue essas feministas e seus sutiãs que, aliás, nem eram da Victoria’s Secret ou da estilista Susan Rosen (Quem queimaria um sutiã de 30 milhões de dólares?). Elas deveriam ter estudado o funcionamento do cérebro masculino antes de queimar seus sutiãs by Marisa, pois só atrapalharam a vida de quem ainda julga os homens como o verdadeiro sexo forte (vou apanhar).

A verdade é que 400 mulheres estavam apenas se manifestando contra o concurso Miss América, o qual consideravam um baita machismo, e protestaram com os seios de fora. Somente isso. Como a mulher é punida pela mínima falha que possa demonstrar, foi um prato cheio para que os homens interpretassem à maneira deles.

E olha que não foram somente sutiãs que foram queimados: sapatos, revistas femininas até maquiagens foram jogadas em latas de lixo. A mente dos homens é tão deturpada que se apegou somente nos sutiãs.

Se elas tivessem queimado cuecas, a história teria sido diferente?