segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Câncer do Lula

Eu desejo que todas as pessoas com câncer sejam vitoriosas na luta contra esta doença, independente de posição social ou convênio médico; todavia, desejaria que as pessoas que detêm o poder de mudar o quadro caótico da saúde no Brasil pudessem sentir na pele o que é depender do SUS, caso estejam passando pelo mesmo problema daqueles que dependem do governo para tratar-se. Nada contra Lula, Dilma ou legisladores, mas, sem saber como funciona a saúde no país que governam; sem saber o que é necessitar de um leito e não conseguir; sem saber o que é precisar de um exame urgente e este só ser marcado para meses depois, quando pode ser tarde demais, eles não podem fazer as mudanças que precisam realmente ser feitas para que todos tenham acesso à saúde, esta que deveria ser um bem comum a toda a sociedade. Seria o caso, agora, do Lula - num lapso de empatia-, colocar-se no lugar do mesmo povo que o elegeu e fazer algo que realmente possa fazê-lo merecedor de ter ocupado a mais alta posição no país. Que ele vença o câncer, mas no mesmo nível daqueles que ainda não podem contar com um "Brasil para Todos", slogan esse que o tornou presidente da República. O "Pai dos Pobres" deve, sim, aproveitar esse momento ruim pelo qual está passando e engajar-se na luta contra a corrupção, para que dinheiro público não seja mais desviado da saúde para outros fins. Então, eu desejo que o ex-presidente Lula, agora que é sabedor que câncer atinge também os “imortais”, faça a si mesmo a seguinte pergunta: "E aqueles que não podem pagar por um tratamento adequado?"; "E aqueles que precisam de radioterapia, quimioterapia e não podem pagar; como fazem?". E a resposta bem que poderia ser: "Eu tive a oportunidade de fazer algo por essas pessoas e não fiz".

Dilma e as ONGs

Dilma não enviará dinheiro a ONGs durante um mês. Conforme o clamor público, as ONGs se transformaram na maior roubalheira de dinheiro público. Concordo que medidas devem ser tomadas para que essa "festinha" termine de uma vez, mas que haja uma investigação. Nem todas são inidôneas, mas somente uma investigação profunda irá separar o joio do trigo. Todavia, nunca confiei em ONGs que dependem de verba governamental. Seus titulares podem ser parentes de políticos corruptos. Mas naquelas que dependem de boa vontade e de doações públicas, eu confio. É o caso de ONGs de proteção aos animais ou de enfrentamento ao crime.
Eu não sei que medidas extremas serão tomadas pela presidenta, mas, do jeito que ela diz “sim” a todas as formas de corrupção, acho que não dará em nada e nenhum dinheiro será devolvido aos cofres públicos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Libertango, com o Conjunto Vocal Swingle Singers

A cappela é uma expressão de origem italiana que designa a música vocal sem acompanhamento instrumental. Tem suas origens na prática do canto gregoriano, que não precisa do órgão e de nenhum tipo de instrumento musical, apenas das vozes de monges ou clérigos que formam o “schola Cantorum”, ou seja, grupo de cantores. Como o grupo costumava executar seu canto na capela lateral da igreja, originou-se daí a expressão “cappela”.

Sou fascinada pela música do conjunto norte-americano Swingle Singers. O grupo original foi formado em 1963, e já passou por várias formações até chegar a esta última, formada por oito talentosas vozes. Suas interpretações são jazzísticas de peças da música clássica, como Bach e Ravel. Interpretações de Quincy Jones, Beatles, Astor Piazzola e do brasileiro Tom Jobim também compõem o repertório deste excelente grupo.

Não é utilizado nenhum tipo de instrumento. Todos os sons, até mesmo os efeitos musicais, são produzidos usando exclusivamente a voz humana, tendo o grupo estabelecido, ao longo de mais de quatro décadas, um elevado padrão de agilidade vocal e de inovação musical.

Desde a sua estreia, em 1963, este grupo vocal já se apresentou nos palcos mais famosos do mundo, mantendo um nível de popularidade internacional que ultrapassou as expectativas do seu fundador Ward Swingle.

O grupo se apresentou em São Paulo em março de 2010.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Fidelidade

"Não sou como a abelha saqueadora que vai sugar o mel de uma flor, e depois de outra flor. Sou como o negro escaravelho que se enclausura no seio de uma única rosa e vive nela até que ela feche as pétalas sobre ele; e abafado neste aperto supremo, morre entre os braços da flor que elegeu. (Roger Martin du Gard)


Soneto XVII – Pablo Neruda

Amo-te como a planta que não floriu e tem
Dentro de si, escondida, a luz das flores,
E, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
O denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde;
Amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
Amo-te assim, porque não sei amar de outra maneira,

A não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
Tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
Tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.


domingo, 23 de outubro de 2011

Preconceito

É preciso limitar a palavra "preconceito". Nem sempre uma piada, uma brincadeira, uma analogia ou uma atitude intolerante se caracteriza como um ato discriminatório. Preconceito é uma questão de atitude, de reagir de forma desfavorável diante das diferenças, tentando destruir o que não se aceita. Posso fazer uma piada envolvendo uma opção sexual ou uma profissão, por exemplo, a de Motoboy, mas isso não significa que sairei agredindo ou apedrejando gays ou motoboys. Nada tenho contra o referido profissional, pois qualquer trabalho dignifica o homem, mas que a maioria é imprudente, ah, isso é. Se eu for reagir de maneira agressiva, será contra a imprudência, mas jamais contra quem a praticou. Quem a pratica deve ter preconceito para consigo mesmo.
Em relação a piadas sobre a opção sexual, existem miríadas de piadas por aí, assim como existem piadas de português, de chinês, de gordo, de pobre, de gaúcho, de mineiros etc.
Enfim, preconceito existe apenas na cabeça de quem não se aceita como realmente é e tem vergonha de si mesmo.

Rafinha Bastos X Wanessa Camargo

Rafinha foi infeliz na piada - aliás, de mau gosto -, assim como todos os chamados "Cassetas" um dia o foram ao fazerem piadas pejorativas sobre a opção sexual dos gaúchos. O problema deste país é que DÃO MUITA IMPORTÂNCIA AOS COMEDIANTES E LEVAM NA BRINCADEIRA OS POLÍTICOS. Rafinha certamente pagará uma enorme indenização à cantora atingida e responderá pelos crimes de danos morais e constrangimento ilegal. Mas, pergunto-me: por que não são indenizadas as famílias que perderam um pai ou um filho para a criminalidade? Por que os políticos não são condenados a devolver aos cofres públicos o dinheiro que roubaram do Erário Público ou a devolver os bens comprados com dinheiro desviado da Saúde? Invertam as prioridades: ignorem os comediantes, pois estão aí somente para dizerem besteiras, e levem a sério as falcatruas dos políticos. O bom exemplo sempre tem de vir de cima.

Ninguém é uma ilha

Sartre dizia que o homem por si só não pode se conhecer em sua totalidade; que só através dos olhos de outras pessoas é que alguém consegue ver-se como parte do mundo. Cada pessoa, embora não tenha acesso às consciências das outras pessoas, pode reconhecer nelas o que tem de igual. E cada um precisa desse reconhecimento.
Uma pessoa não pode ter acesso à sua própria essência, pois é um eterno "tornar-se", um "vir a ser" que nunca se completa. Só através dos olhos dos outros ela pode ter acesso à sua própria essência, ainda que temporária. E só a convivência é capaz de lhe dar a certeza de que está fazendo as escolhas que deseja. Daí vem a ideia de que “o inferno são os outros”. Embora sejam os outros que muitas vezes podem impossibilitar a concretização dos nossos sonhos ou projetos, não podemos evitar sua convivência. Sem eles, nossos projetos não fariam sentido.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Anjos das Ruas

O dia das crianças deveria ser marcado por ações voltadas àquelas crianças que realmente precisam ser lembradas: crianças que sofrem algum tipo de abandono ou foram vítimas da violência e do descaso dos pais. Entretanto, comerciantes comemoram o lucro que obtiveram com a venda de brinquedos e equipamentos caros.
A estas crianças impossibilitadas de receber um beijo sequer, eu desejo que possam ser felizes, custe o que custar.

“Andando pelas ruas
Eu vejo algo mais do que arranha-céus
É a fome e a miséria
Dos verdadeiros filhos de Deus
Vejo almas presas chorando em meio à dor
Dor de espírito clamando por amor

Anjos das ruas
Anjos que não podem voar
Pra fugir do abandono
E um futuro poder encontrar
Anjos das ruas
Anjos que não podem sonhar
Pois a calçada é um berço
Onde não sabem se vão acordar

Às vezes se esquecem de que são seres humanos
Com um coração sedento pra amar

Vendendo seus corpos por poucos trocados
Sem medo da morte o relento é seu lar
Choros, rangidos, almas pra salvar”.