segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Entrega Troféu Voluntário Honorário Brasil Sem Grades

A ONG Brasil Sem Grades realizou na quarta-feira, dia 23 de novembro, a cerimônia de entrega do Troféu Voluntário Honorário Brasil Sem Grades. O evento, que aconteceu na Casa da Figueira, em Porto Alegre, também celebrou o início das comemorações dos 10 anos da instituição.

Foram homenageadas pessoas que colaboraram decisivamente com as ações e projetos da Brasil Sem Grades, contribuindo para a melhoria da segurança no combate à violência e à criminalidade da população brasileira. “Foi uma forma de dizermos muito obrigado”, destacou o vice-presidente da BSG, Raul Cohen.

Atualmente, uma das principais bandeiras da ONG é a campanha Justiça Seja Feita, uma iniciativa que busca mobilizar a sociedade para o combate à criminalidade, destacando a importância da revisão do novo Código de Processo Penal.

A Associação Brasil Sem Grades - fundada pelo empresário Luiz Fernando Oderich, após ter seu filho assassinado num assalto, em Porto Alegre - atua com grandes focos determinantes para combater as causas da violência e da criminalidade, e evitar que crianças e jovens entrem na delinquência, como o planejamento familiar e paternidade responsável.

Confira os homenageados:

•Adriana Schefer do Nascimento - Defensora Pública do RS - São Sebastião do Caí;
•Charles Emil Machado Martins - Promotor de Justiça do RS - São Sebastião do Caí;
•Fátima Piovezan - Psicóloga - São Sebastião do Caí;
•Fernando Moreira - Empresário - Porto Alegre;
•Francisco Adolfo Oderich - Empresário - Porto Alegre;
•João Satt – Diretor-Presidente da Competence;
•José Paulo Dorneles Cairoli – Diretor-Presidente da FEDERASUL;
•José Reinaldo Ritter - Diretor Ritter Hotéis;
•Klaus Johannpeter – Diretor-Presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau;
•Maria de Fátima Záchia Paludo - Defensora Pública do RS;
•Mauro Fonseca Andrade - Promotor de Justiça do RS;
•Mauro Souza - Presidente da Fundação Escola do Ministério Público do RS;
•Nelson Sirotsky – Diretor-Presidente da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho;
•Osmar Lanz - Empresário Membro do Conselho Superior da Federasul;
•Paulo Sérgio Pinto – Vice-Presidente da Rede Pampa.


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Carta Para Ti – III – Por Fernanda Guimarães

Talvez devesse ter silenciado. No entanto, provoca-me desconforto qualquer tipo de complacência quando o coração deliberadamente arca com o ônus da dor. Pouco entendo de contenções ou moderações quando sinto o pulsar dos teus olhares a percorrer o corredor das lembranças. O ímpeto é sempre de desatar as amarras que te fazem sangrar. Aprendi que crescemos, quando somos capazes de modificar nossas respostas diante da vida.

Talvez devesse ter silenciado. No entanto, incomoda-me perceber que abarrotas as tuas prateleiras emocionais de resistências, vestindo armaduras que te tiram o prazer de sentir a brisa, a ardência do sonho e os gestos que te instigam novos olhares. Teimo ainda em ter as mãos de Monet estendidas sob o gris das tuas aquarelas. Há que se ter o encantamento para tocar e descobrir cores que não experimentamos. Há que se buscar fusões que nos devolvam a satisfação de apenas sentir.

Talvez devesse ter silenciado. E como poderia reter o fluxo da palavra? Ela, que me propõe a liberdade, vezes secreta de dizer-me em metáforas, em signos somente decifráveis à tua percepção. Ela, que me instiga a explicitude, quando preciso da limpidez e da transparência para despir letras. Poderia desconsiderar o bater de asas do pensar que desconhece as grades do adiamento? Foram exatamente através das nossas diferenças que nos fizemos tão próximos. E essa sensação de complementaridade foi sempre celebrada em momentos recheados de cumplicidade. Prefiro continuar te dizendo das imagens que nascem nas alvoradas, da possibilidade de redesenhar traços e da sensação de ter o cabelo desalinhado pelo vento.

Talvez devesse ter silenciado. Mas sei-me apenas, quando sou presença, ainda que convocada em tua saudade. Poderia apenas embalar tuas e minhas tristezas, mas prefiro a vertigem da superação à aparente plenitude do conformismo. Diz-me de pontes e de castelos. Quintana em sua sabedoria já dizia que “O que mata um jardim, não são os muros, mas a indiferença de quem por eles passa”. Ouso complementar o Quintana, dizendo-te que para morrermos, apenas precisamos da indiferença dos nossos próprios olhares. Entedia-me o ranço do “não sei”, “do não consigo” que vamos nos dando para justificar a morbidez com que nos expomos ao mundo. Por isso é que te instigo a abandonares as pausas, os hiatos e a te mirares sem restrições e exclusões.

Um dia te lembrei que ainda existem estrelas por contar...recorda-te? Elas continuam a te esperar, iluminando as noites, em que te alforrias da vida, protegido em tuas fortalezas. Em tuas inacessibilidades, minha ternura far-se-á sempre posseira, ecoando pelos corredores dos teus silêncios. Assim decidi...

Perdoa-me pela inabilidade quando te afaguei os ombros ainda que soubesse da intensidade de tuas feridas. Perdoa-me por minhas digitais tocarem-te com uma luminosidade que te provoca prevenções. É que nada entendo de saídas honrosas, quando emoções desconhecidas me atravessam, nem de deixar-me sobreposta ao medo...
Prefiro minhas dúvidas borradas com as tintas do vivenciar.

Perdoa-me pela simplicidade por não ter trazido disfarces, por não precisar de máscaras para te olhar.

Perdoa-me pela ausência de segredos, pela estrada sem atalhos que te ofereço e por insistir em valorizar os percursos, mesmo quando as vitórias não beijam meus pés. Prefiro as marcas a ter um terreno sem pegadas...

Perdoa-me pela minha mão que não tem hora para oferecer-se a ti, mesmo quando te deixas adormecer em tuas tormentas, entregue à lágrima que pensas ser teu destino.
Apenas sei que na tua história terás que escrever também o meu nome...

domingo, 13 de novembro de 2011

A Arte da Vida

Dois casos de suicídio em menos de uma semana, pelo que fiquei sabendo. Um rapaz se suicidou em plena Rua Lima e Silva; outro, em casa. Por que as pessoas se suicidam?

Vejamos:

O Programa Fome Zero do Governo Federal quer tirar da miséria milhões de brasileiros que vivem em situação de risco, como se a estratégia de tornar as pessoas mais felizes aumentando suas rendas funcionasse. Nossos governantes acham que a felicidade está correlacionada com crescimento econômico, ou seja, quanto mais dinheiro à disposição, maior o volume das posses, melhor qualidade de vida e, consequentemente, pessoas mais felizes.

E o dinheiro é capaz de tudo isso?

O “pibão”, como Dilma costuma referir-se ao PNB (Produto Nacional Bruto), foi muito bom no ano de 2010. A riqueza gerada ficou em torno de R$ 3,675 trilhões, o que fez com que o PIB (Produto Interno Bruto) per capita ficasse em R$ 19.016, graças aos “estímulos” dados pelo governo.

Estranhamente, paralelamente aos indicadores de nível de riqueza, também cresce um indicador social alarmante: a taxa de criminalidade, medida pelos roubos a residências e de automóveis, tráfico de drogas, suborno e corrupção no mundo político e dos negócios.

Como podem os indicadores de crescimento representar declínio da felicidade e da satisfação humana?

Isso acontece numa sociedade como a nossa, que julga ser a riqueza o principal veículo de uma vida feliz, e maior felicidade, e não se preocupa realmente com a satisfação das necessidades essenciais da população em geral, que é saúde, educação e segurança. Estatísticas de assassinatos, mortes no trânsito ou no corredor de algum hospital por falta de leitos é o que menos importa. O que é relevante é as estatísticas do “produto nacional bruto” destinada a avaliar o crescimento ou declínio da disponibilidade dos produtos e da quantidade de dinheiro que mudou de mãos no curso de transações de compra e venda.

Hoje em dia, beneficiados por uma ampliação do volume de dinheiro (dispêndio de dinheiro) e créditos disponíveis, as pessoas têm adquirido mais. E o consumismo se transformou numa atividade absorvente, consumidora de energia, enervante e repleta de riscos, provocador de maior incidência de depressão psicológica, aumentando o dinheiro gasto com antidepressivos.

O aumento do número de proprietários de carros também foi significativo (agora surgiu mais uma novidade: as pessoas podem comprar veículos em 60 meses e sem dar entrada alguma), o que aumentou o gasto com despesas com consertos e impostos pagos ao Governo, bem como tratamento médico para as constantes vítimas de acidentes de trânsito.

O PNB mede o volume de dinheiro que troca de mãos, mas não mede o crescimento de usuários de antidepressivos, as vítimas de trânsito e da criminalidade e nem os problemas que a falta de dinheiro ou de afeto acarreta num ser humano.

Nossa sociedade está doente, mas o que importa são números que possam promover o país lá fora.

Fontes: A Arte da Vida – Zygmunt Bauman e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano

O Parceiro Ideal

Cada vez que folheio uma revista no salão de beleza deparo-me com as mesmas reportagens de sempre: segredos para atrair o parceiro ideal. E são páginas e mais páginas de dicas, desde olhares de “peixe morto” a caminhadas lânguidas, como se todas as mulheres fossem idênticas na maneira de ser e de agir, como se todos os homens fossem iguais e reagissem às provocações da mesma maneira. Um absurdo para vender ilusões!

A escritora Rosamund Pilcher afirmou que o melhor afrodisíaco do mundo é a pessoa que a gente ama tocar, abraçar, beijar, cheirar... Concordo. A paixão é uma coisa de pele: ou toca, ou não toca. Mas fica restrita aos sentidos e a parceria se resume, geralmente, entre os lençóis. Eu aprecio mais as palavras de Cícero, pois combina mais com a minha natureza comunicativa: "Haverá alguma coisa mais doce do que ter alguém com quem possas falar de todas as tuas coisas como se falasse contigo mesmo?".

 Pois, para mim, este seria o parceiro ideal, alguém com quem eu pudesse falar de meus sonhos, meus planos, minha história, minha vida, e não me sentisse uma tola por causa disso ou viesse a me arrepender. Eu não compartilharia minha solidão com alguém que não gostasse de me escutar. Aliás, são eles que deveriam descobrir o segredo para atrair as mulheres e mantê-las, o que é muito simples: basta entender que nós, mulheres, não somos apenas o que demonstramos sentir, mas tudo o que gostamos de comer, de beber, de viver, de ouvir, de brincar, e gostamos de falar sobre tudo isso. E são poucos os homens que têm paciência para escutar todo o percurso que levou uma mulher a ser o que é. Temos necessidade de falar até sobre nossos ex, não para provocar ciúmes, mas no intuito de dizer-lhes: “veja, se escolhi você é porque sinto que você pode ser superior a tudo o que já vivi em termos de relacionamentos”. E são esses homens raros que se tornam um parceiro ideal para toda a vida, homens que sabem a necessidade que as mulheres têm de falar sobre si mesmas, sobre suas vitórias e fracassos. É uma forma de expressarem: “Veja, eu sou assim, eu fui assim, mas posso ser muito mais que isso”.

Uma boa comunicação jamais dependerá de caras e bocas, vestidos, perfumes caros etc., mas dependerá do que se deseja transmitir, bem como do grau de interesse do interlocutor.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Se Você For Embora

Às vezes, pequenos grandes terremotos
Ocorrem do lado esquerdo do meu peito.

Fora, não se dão conta os desatentos.

Entre a aorta e a omoplata rolam
Alquebrados sentimentos.

Entre as vértebras e as costelas
Há vários esmagamentos.

Os mais íntimos
Já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
Em permanente assombro.

(Affonso Romano de Sant'Anna & Leslie Caro)



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Fita Métrica do amor – Martha Medeiros (*)

Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar... o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.


(*) Martha Medeiros é colunista do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro.

domingo, 6 de novembro de 2011

Quem matou o repórter cinegrafista Gelson Domingos da Silva

Quem matou o repórter cinegrafista Gelson Domingos da Silva foram aqueles que se recusam a endurecer as leis penais, os mesmos que, com peninha dos presos, criaram até o Dia do Detento (24 de maio).
Quem matou - não somente o repórter, mas também a juíza Patrícia Acioly e tantas outras vítimas de criminosos - é um Congresso Nacional que aprova leis que beneficiam o bandido e lhe dá muitas regalias, como o auxílio-reclusão no valor de R$ 862,00, direito a visitas íntimas  e todos os benefícios contidos na nova lei  nº 12.403/2011, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e que oportuniza aos criminosos a prisão em flagrante e a prisão preventiva somente em casos especialíssimos, aumentando a impunidade em nosso país.
Quem matou e matará tantas outras vítimas inocentes é um Governo que não se preocupa com programas de planejamento familiar nas comunidades de risco. Estes criminosos que andam por aí, tivessem sido gerados por pais responsáveis, não estariam matando pessoas nem traficando, mas estudando e trabalhando. Se não podem mais matar o mal pela raiz, eis que este recrudesceu por causa de uma legislação liberal e frouxa, que pensem nas gerações futuras e que não permitam mais que esse tipo de gente nasça. Nada contra famílias de baixa renda que  amam e cuidam de seus filhos. Refiro-me a pessoas que, mesmo sem ter condições financeiras, emocionais ou psíquicas de pôr filhos no mundo, mesmo assim o fazem, só para abandoná-los e deixar que a bandidagem os adote mais tarde.
Que a justiça seja feita.


A Proximidade do Fim Dá o Senso de Raridade (*)

Não faz 24 horas que li a última página do livro Longamente, de Erik Orsenna, e já estou com saudades. É um romance francês que me foi indicado por um amigo e que não resisto em indicar para você: você que gosta de histórias de amor pouco ortodoxas, você que preza um texto inventivo e extremamente bem escrito, você que reconhece a dificuldade de se lutar contra as conveniências, você que se adapta meio contra a vontade a um mundo que oferece opções restritas de comportamento, você que gosta tanto de ler de viver.

Foi neste livro que destaquei, entre tantos trechos definitivos, uma frase que estava aplicada ao amor, mas que se aplica, na verdade, a tudo: "A proximidade do fim dá o senso da raridade". No livro, o risco de um amor acabar deu a um dos amantes a súbita noção do quão raro era aquele sentimento e de como seria impossível desfazer-se da relação. É no amor que mais testamos essa verdade: na iminência da separação, nosso músculo cardíaco convoca às pressas todas as emoções dispersadas e recobra seus batimentos, enquanto manda avisos urgentes ao cérebro: não desista, não desista, não desista.

Vale para o amor, vale para a vida. A proximidade do fim é algo que comove. Outro dia, vi uma jovem apresentadora de televisão debulhar-se em lágrimas, ao vivo, por estar gravando o último programa pela emissora que trabalhava, e já havia assinado contrato com outra. Nenhum arrependimento, nenhuma armação de marketing. Era o senso de raridade que se manifestando frente à câmera, a raridade de ter feito amigos, de ter obtido sucesso, de ter passado por algo verdadeiramente bom.

O senso da raridade sempre nos intercepta na proximidade de uma despedida. Costumamos compreender as coisas tarde demais. Passamos muito tempo ausentes de nós mesmos, anestesiados por um ritmo de vida que parece imutável, até que muda. Não é de estranhar que seja na vizinhança da morte que o senso de raridade nos arrebate: a raridade de poder caminhar sem amparar-se em ninguém, de poder enxergar o mar sem embaçamento da vista, de pronunciar a palavra futuro sem constrangimento.

É da raridade de estar vivo que trata o livro Longamente. Da duração eterna de grandes amores, da duração das amizades, da duração de nossas convicções e de nossas esperanças, de tudo o que é longo o suficiente para permitir construções e morada. Longo o suficiente para ensinar que as advertências da razão sempre serão menos raras do que o impulso dos instintos.



Longamente – Erik Orsenna

Um dia, no Jardim Botânico de Paris, Gabriel, um paisagista, conhece Elisabeth, uma especialista em comércio internacional e alta funcionária do governo francês. Começa, então, um relacionamento amoroso, desde o início marcado pela impossibilidade - ela não aceita abrir mão do marido e dos filhos -, mas que mesmo assim duraria mais de três décadas. Esta sofisticada história de amor entre pessoas maduras é o tema de Longamente, do francês Erik Orsenna.
Festejado como uma celebração da mulher e do amor adúltero, o livro mostra mais que isso. Sutil e elegante como se deve esperar de um "amor à francesa", o autor também se utiliza do humor e inverte alguns papéis convencionais para descrever o que podemos chamar de a "arte de viver um adultério". Enquanto Elisabeth se mostra inflexível e prática, Gabriel desfaz seu casamento e passa a seguir a amante, sempre de prontidão para estar onde quer que ela esteja.

Os Verdadeiros Cânceres do Brasil

Lamentável a morte do cinegrafista da Band, Gelson Domingos, em operação policial numa favela no Rio de Janeiro. Apesar de estar usando colete à prova de balas, este não oferecia proteção contra balas de fuzis. A BAND tem de ser responsabilizada. Como permite um funcionário cobrir uma operação perigosa sem equipá-lo adequadamente?

O tráfico de drogas tem de ser combatido, mas antes deveriam ser tomadas medidas drásticas contra o tráfico de armas. É inadmissível que policiais estejam mal equipados e cidadãos desarmados enquanto criminosos portam armamentos de última geração (só adquiridos só Deus sabe da onde, pois do cidadão é que não é), como fuzis, metralhadoras e pistolas Glock calibre 9mm.

A criminalidade, o tráfico de armas e de drogas, bem como a impunidade, são os verdadeiros cânceres do Brasil, para os quais deveriam ser dada mais ênfase que às doenças de parlamentares, brigas de celebridades ou a Copa de 2014.


Os bilhões que serão gastos na reforma de estádios, bem que poderiam ser utilizados na guerra contra o mal que aflige cada vez mais o país. Estamos numa guerra, o Iraque também é aqui, e é preciso pôr o exército brasileiro nas ruas e não somente mandá-lo para o exterior para “exercícios” no Haiti ou para levar alimentos para vítimas de enchentes. O Exército tem armamento pesado e está apto a enfrentar os criminosos em pé de igualdade.

O objetivo de toda guerra é a paz, já diziam os antigos, e Governo que não é capaz de terminar com uma guerra no próprio país que governa, também não merece permanecer no poder.

O Negócio é Amar

Tem gente que ama e vive brigando
E depois que briga acaba voltando
Tem gente que canta porque está amando
Quem não tem amor leva a vida esperando

Uns amam pra frente e nunca se esquecem
Mas são tão pouquinhos que nem aparecem
Tem uns que são fracos, que dão pra beber
Outros fazem samba e adoram sofrer

Tem apaixonado que faz serenata
Tem amor de raça e amor vira-lata
Amor com champanhe, amor com cachaça
Amor nos iates, nos bancos de praça

Tem homem que briga pela bem amada
Tem mulher maluca que atura porrada
Tem quem ama tanto que até enlouquece
Tem quem dê a vida por quem não merece

Amores à vista, amores a prazo
Amor ciumento que só cria caso
Tem gente que jura que não volta mais
Mas jura sabendo que não é capaz

Tem gente que escreve até poesia
E rima saudade com hipocrisia
Tem assunto à beça pra gente falar
Mas não interessa, o negócio é amar


sábado, 5 de novembro de 2011

Coisas Que Aprendi ao Longo dos Caminhos Que Escolhi

  • Que ter uma criança adormecida nos braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo;
  • Que ser gentil e educada é mais importante do que estar certa;
  • Que eu sempre posso fazer uma prece por alguém quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma;
  • Que não importa quanta seriedade a vida exija de mim, eu preciso de amigos brincalhões para tornar minha vida mais leve;
  • Que algumas vezes tudo o que precisei é de uma mão para segurar e um coração para me entender;
  • Que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão nas noites de verão quando eu era criança fizeram maravilhas para mim quando me tornei adulta;
  • Que devo ser grata por não ter tudo que pedi, pois aprendi a respeitar limites e pessoas;
  • Que dinheiro não compra "classe";
  • Que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular;
  • Que debaixo de toda "casca grossa" existe uma pessoa que deseja ser apreciada, compreendida e amada;
  • Que ignorar os fatos não os altera;
  • Que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas está permitindo que essa pessoa continue a magoar você;
  • Que o Amor, e não o Tempo, é que cura todas as feridas;
  • Que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa é me cercar de gente mais inteligente do que eu;
  • Que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso;
  • Que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;
  • Que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;
  • Que não devo lamentar as oportunidades que perdi, pois alguém certamente as aproveitou;
  • Que quando o ancoradouro se torna amargo, a felicidade vai aportar em outro lugar;
  • Que devo sempre ter palavras doces e gentis, pois amanhã talvez eu tenha que engoli-las;
  • Que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar minha aparência;
  • Que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;
  • Que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorrem quando você a está escalando;
  • Que só se deve dar conselho em duas ocasiões: quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte;
  • Que quanto menos tempo eu tenho mais coisas consigo fazer.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A Sociedade das Formigas – Por João Carlos Amaro Neto

As formigas são seres extremamente interessantes. Elas trabalham do nascimento à morte sem reclamar, sem direitos trabalhistas e sem se associarem a nenhum sindicato de categoria. No caso específico das formigas temos três classes: a rainha, os soldados e as operárias.

As formigas quase alcançaram o ideal marxista de uma sociedade sem classes. Salvo o fato da existência da rainha, o que as torna parecida com a sociedade inglesa. Contudo, isso representa um toque aristocrático à sociedade das formigas e não as faz desesperar jamais.
Aliás, as formigas são extremamente disciplinadas, tais como os russos, e muito operosas, como os chineses. Com elas o carnaval e o samba não fazem nenhum sucesso.

Alguns dizem (as más línguas) que as formigas são autômatos biologicamente determinados. Em sua natureza está impressa de forma indelével o mandamento divino: “Ganharás o pão com o suor do teu rosto.” Isso no sentido metafórico, pois jamais foi observada uma padaria nos formigueiros, não sei se podemos falar de rosto no caso das formigas e também ignoro se elas suam.

As formigas não odeiam, não invejam, não roubam, nem traem. Em compensação, não amam, não sonham, não criam e não evoluem socialmente.
Em todos os sentidos as formigas não têm livre-arbítrio. Mas, não engordam, pois não ficam se martirizando por aquele bocadinho a mais ou aquele toucinho supimpa.

As formigas nascem, crescem, vivem e morrem para trabalhar em prol do formigueiro e não ganham nem uma cova no fim da vida. Outra desvantagem da vida de uma formiga é que o sexo é reservado para a realeza. Vida de formiga é dura!

Os políticos teriam grandes problemas com as formigas. Como não sonham, não evoluem e não tem tempo de lazer as formigas não seriam presas fáceis do proselitismo político.
Marx certamente ficaria orgulhoso da sociedade das formigas, apesar de tentar levá-las a destronar a rainha que representa, em última instância, uma classe privilegiada parasitária das benesses do trabalho socialmente produzido. Não sei se lograria êxito em tal empreitada, mas o aconselharia a tentar comover os soldados, pois as operárias são muito atarefadas. Além disso, os soldados têm a força e a disposição necessárias para depor a rainha. É bem verdade que a reposição populacional ficaria comprometida, mas depois seria dado um jeito por meio de um decreto revolucionário.

Felizmente, ou infelizmente, o homem não é uma formiga.

O homem é um ser difícil de contentar. Aliás, uma de suas características mais marcante é o descontentamento. Parece acreditar que na mudança permanente está a redenção e a felicidade. O homem vive correndo atrás do pote de ouro no final inalcançável do arco-íris.
O homem tem muitos defeitos que estão caprichosamente distribuídos pela população.
Uns odeiam, outros amam; os que odiavam antes amam agora e vice-versa.
O homem sonha e depois, quando realiza seu sonho, se arrepende. As razões são inumeráveis: não sabia que a sogra vinha junto; não sabia que doía tanto; não sabia que custava muito; e por aí vai.

Os homens sonham, criam, constroem, destroem, renovam, casam, separam; casam, separam; casam, separam; e haja pensão.
Os homens não são iguais entre si e muito menos são iguais às formigas. E é por causa disso que eu não creio na utopia.
Para mim, o socialismo é igual à sociedade das formigas: uma grande massa de “trabalhadores”; “soldados” encarregados da defesa interna (repressão) e da externa (invasão); e uma “rainha” que congrega a cúpula do partido único, “pelegos” e adeptos de ocasião. O ideal do bem comum está direcionado para a satisfação dessa minoritária “realeza”, a qual usa o discurso da “igualdade” e da “sociedade sem classes” como justificativa para a manutenção do status quo: eles lá em cima e a massa aqui embaixo.

Eu não desejo ser apenas mais uma formiga no formigueiro. Eu sonho para meus descendentes um mundo em que eles sejam homens caminhando entre iguais, com seus sonhos, ideais e esperanças e com plenas condições para realizá-los. No caminho encontrarão obstáculos, pedras, atalhos e estradas, mas faço votos de que possam decidir por si mesmos que caminho seguir e aonde querem chegar sem ter que dar satisfação a nenhum “grande irmão”.

Referências e inspiração: A revolução dos bichos, 1984 e Admirável mundo novo.