sábado, 30 de junho de 2012
Quando o cão é a imagem e semelhança do homem
A raça deste cão é
Bull Terrier, muito utilizada em rinhas, pois é um grande lutador. Quando este
cão é bem treinado, fica muito amigo do seu dono, e não tende a “perder a
cabeça”. Infelizmente existem muitos donos que treinam este bom animal para ser
agressivo. E como conseguem isso?
Esses cães não podem
ter vidas normais. Em vez disso, eles passam o tempo acorrentados ou em
pequenas gaiolas em péssimas condições. Os treinadores usam correntes
extremamente pesadas para prender seus cães e muitas vezes colocam pesos nelas,
tudo isso com o objetivo de aumentar a força dos cães. Para aumentar a
agressividade, os animais costumam ser espancados e contrariados. Eles também
podem passar fome. Como parte do treinamento, os treinadores pegam gatos e
coelhos, muitas vezes roubados, e usam esses animais como "iscas".
Essas iscas ficam suspensas no ar enquanto o cão está preso ou são colocadas em
um lugar fechado junto com o cão. Depois de treinar com a isca, o treinador
desacorrenta o cão e permite que ele a mate.
Os treinadores fazem
os cães pegarem objetos suspensos no ar, como pneus, para aumentar a força do
maxilar. Alguns treinadores lixam os dentes do cão para que fiquem bastante
afiados e causem o maior estrago possível.
É isso o que humanos
fazem com certas raças de cães: transformam-nas à sua imagem e semelhança.
UM DIA, UM GATO* – Por Percival Puggina
Quando sequestraram o
embaixador Elbrick, em 1969, os autores do atentado exigiram a divulgação, em
toda a grande mídia, de um longo manifesto. Imaginem o constrangimento imposto
aos detentores do poder: locutor oficial proclamando à nação um libelo contra o
regime deles. O texto foi exibido. O país parou para ouvir, ver e ler.
Redigira-o o jornalista Franklin Martins, um dos sequestradores. Oportunidade
dourada para os insurretos afirmarem seus compromissos com a democracia e
cobrá-los do governo, não é mesmo? Qual o quê! O texto (íntegra em
"Charles Burke Elbrick" na Wikipedia) foi uma catilinária comunista
que falava do que os revoltosos entendiam: ideologia, violência,
"justiçamentos", sequestros, assaltos.
Disse alguém, com
razão, que os confrontos históricos se travam no tempo dos fatos e retornam no
tempo das versões. Durante os governos militares, a esquerda que pegou em armas
foi derrotada. Mas se deu muito bem nas versões. Indague às pessoas com menos
de 40 anos, que não viveram no tempo dos fatos, sobre a imagem que têm do
Brasil naquele período. Poucas terão ouvido algo que não fosse para representar
um quadro de horrores patrocinados pelos governos militares. Peça-lhes opinião,
também, sobre os que partiram para a luta armada e perceberá que são vistos
como jovens idealistas, mártires de uma resistência democrática.
Repita as perguntas
aos que viveram o tempo dos fatos. Perceberá que apesar das muitas e graves
restrições que se faz e se deve fazer ao regime de então, aquela versão quase
unânime entre os mais jovens estará longe de ser majoritária neste grupo.
Relatarão que o Brasil não foi, naqueles anos, o que hoje se ensina. Com maior
surpresa ainda, perceberá que os terroristas e suas organizações praticamente
não têm simpatizantes entre os que testemunharam os acontecimentos por eles
protagonizados. Aliás, fracassaram por absoluta falta de apoio popular.
Escassos serão os que lhes atribuem qualquer mérito na necessária
redemocratização. Com razão dirão que a retardaram. Não os reconhecem como
democratas.
Valerá a pena ir
além. Pergunte aos que viveram apenas no tempo das versões o que sabem sobre
Ulysses, Covas, Teotônio, Montoro, Brossard, para citar alguns dos muitos que,
no embate político foram forçando a porta da abertura. E a abertura da porta.
Nada saberão porque não lhes foram mencionados! O que importa, à versão, é
desprezar o processo político útil para exaltar o revolucionário inútil.
Capisce? Menor ainda será o conhecimento sobre o papel das lideranças
empresariais, sindicais e religiosas que se empenharam pela normalidade
institucional. A contribuição dos militantes da luta armada para a democracia
foi a mesma que as cheias do Nilo prestam à venda de ingressos para os shows da
Broadway. Não li um único livro escrito por intelectuais de esquerda
participantes daquelas organizações que se atrevesse a estabelecê-la. Antes,
negam-na com firmeza.
Convém aos que, após
a abertura e a anistia, ingressaram no jogo político, posar de estátua da
liberdade diante do porto de Nova Iorque. Volta e meia algum ministro, olho na
versão, reverencia os que lutaram pela democracia apontando para as pessoas
erradas. "E o título? E o título?" perguntará o leitor, vendo que o
artigo termina. Ora, o filme "Um dia, um gato" ganhou o Prêmio do
Júri no Festival de Cannes de 1963. Conta sobre um gato com óculos mágicos.
Quando olhava para as pessoas, elas adquiriam uma cor relacionada com seus
defeitos e virtudes. Era um pânico na cidade. Os mentirosos, por exemplo,
ficavam roxos.
*Publicado no jornal Zero
Hora, em 01/07/2012.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Polinização
Polinização é vital
para a vida na Terra, mas em grande parte invisível ao olho humano. O cineasta
Louie Schwartzberg nos mostra o mundo intrincado de pólen e polinização com
lindas imagens em alta velocidade no seu filme "Asas da Vida", inspirado
no desaparecimento de um dos principais polinizadores da natureza, as abelhas.
As imagens são belíssimas, exceto as dos
morcegos. Que bichinho bem feio!
Mário Balotelli, uma lição.
Mario Balotelli
comemorou o 2º gol contra a Alemanha com um gesto de protesto contra as
manifestações racistas, tão comuns em partidas europeias: tirou a camisa e
inflou os músculos.
A mídia o classifica
assim:
"Mario Balotelli não veio ao mundo para
ser só mais um. Isso ele já provou em histórias e lendas que até Deus duvidaria.
Talentoso, rebelde, imprevisível, displicente, carismático, afetivo, louco e
singular. O homem que arrasou a Alemanha com dois gols e levou a Itália à
segunda final de Eurocopa de sua história, nesta quinta-feira, no Estádio
Nacional de Varsóvia, é um sinônimo de adjetivos. Ele teve o dia mais louco de
sua vida nos 2 a 1 contra os fregueses alemães".
Parafraseando
Aristóteles, nunca existiu um grande talento sem uma veia de loucura.
Fiquei fã desse
Balotelli. Gosto da garra, da força, da segurança de quem sabe que pode ser
muito mais do que é.
O dia em que o racismo perdeu – Por Diogo Olivier*
Em tempos de
intolerância racial crescente na Europa, mesmo diante dos esforços da Fifa em
contrário, o brilho maior de um negro é emblemático na Euro que ontem conheceu
seus finalistas. Os golaços de Mario Barwuah Balotelli, 21 anos, que
classificaram a Itália sobre a favorita Alemanha, em Varsóvia, não deveriam
suscitar nada além dos elogios pela plasticidade. Foram duas buchas! Uma de
cabeça, testaço à queima roupa no cruzamento de Cassano. Na outra, não fosse a
rede, a bola estaria viajando até agora, quem sabe na direção da Gana de onde
migraram os pais dele para a Itália, terra natal do herói da Azzurra.
Só que os princípios
básicos da cidadania nos impedem de só falar em futebol após o triunfo de
Balotelli. Cânticos racistas perturbadores para o mundo civilizado ainda ecoam
nesta Euro em gramados poloneses e ucranianos. Van Bommel, que é branco, pediu
intervenção policial em um treino da Holanda, quando torcedores poloneses molestavam
jogadores descendentes de africanos com os gritos da ignorância. A Uefa multou
a federação espanhola em 20 mil euros ao perceber que espanhóis imitavam
macacos em provocação a Balotelli no 1 a 1 pela fase de grupos, mesma multa
fixada para os russos, que igualaram a idiotice tendo como alvo o tcheco Gebre
Selassie, filho de pai etíope.
Pior, muito pior, fez
a Gazzetta dello Sport, um dos mais respeitados diários esportivos do mundo.
Publicou uma charge de Balotelli no papel de King King no alto do Big Ben,
rebatendo bolas como se fossem aviões antes do jogo contra a Inglaterra. O
jornal viu-se obrigado a passar o vexame de pedir desculpas formais aos
leitores e ao homem que, com seus gols, hoje ajudará a Gazzetta a vender
milhares de exemplares pela vaga na final.
Atacante foi adotado
por pais italianos
Balotelli é filho de
pais ganeses que o abandonaram em um hospital italiano, após o nascimento. Um
tribunal de menores o entregou à adoção quando ele tinha três anos. Desde lá,
apoiado pelos novos pais, o temperamental Balotelli luta contra o racismo. Não
fica quieto. Protesta. Chora, como ao visitar Auschwitz: os avós da mãe adotiva
morreram na câmara de gás. Vibra como se dissesse “eu sou mais forte que isso”.
Passa dos limites, às vezes. À France Football, disse que mataria quem atirasse
bananas na direção dele na rua, irritado por ser alvo de discriminação. Mas o
fato é que Balotelli, uma entre tantas vítimas do racismo, ontem golpeou os
inimigos com a melhor das armas: o talento. O gol de honra da favorita, porém
dominada nos 90 minutos Alemanha, marcado por Mesut Özil, de origem turca, foi
a cereja no bolo da vitória sobre a intolerância.
*Diogo Olivier é repórter no
Jornal Zero Hora, de Porto Alegre.
Eu e o Despertador
Eu espero
ansiosamente pela sexta-feira, mas não para ir a baladas e "beber até
cair". Passo o dia inteiro fora de casa durante a semana. Quando chego em
casa ao anoitecer, tudo o que mais quero é relaxar um pouco antes de fazer o
que tem que ser feito para a casa estar em ordem. O tempo passa rápido e é hora
de dormir novamente para acordar disposta no dia seguinte - sim, eu preciso das
8h de sono. Sou escrava do relógio durante a semana, tendo em vista meus
afazeres profissionais. E o meu maior prazer numa sexta-feira é justamente não
precisar olhar para o relógio, saber que posso ir dormir a hora que eu quiser,
fazer o que eu bem entender sem estar presa à limitação do tempo. Entrar
madrugada a dentro lendo um bom livro...nossa, como isso é bom! Como é bom
saber que amanhã não preciso acordar tão cedo, que posso dormir mais que a
cama, que o celular não vai tocar o rock tonitruante que uso como despertador,
que estou livre!
Muitos não
entenderão, mas este é o meu maior prazer nas sextas-feiras: não precisar
ajustar o despertador para o dia seguinte.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Paraguai: não foi golpe - Fábio Ostermann*
Expressões como
“golpe branco” ou “golpe institucional” têm sido utilizadas para descrever os
acontecimentos da última sexta-feira no Paraguai. Mas referir-se à atuação do
parlamento paraguaio como golpista é ignorar os fatos e as instituições
democráticas paraguaias.
Dado o histórico de
golpes e ditaduras, o legislador constituinte paraguaio buscou, por meio da
Constituição de 1992, frear a tendência à hipertrofia do Poder Executivo dando
ao Legislativo a possibilidade de julgar politicamente e destituir o presidente
em caso de atos contrários à lei ou à conveniência nacional. Assim, com base no
Art. 225 da Constituição, o processo de impeachment de Fernando Lugo foi
instaurado e julgado por margens esmagadoras (76 a 1 e 39 a 4) de votos dos
representantes legítimos do povo paraguaio, atuando conforme os ritos legais.
Sendo o Paraguai uma
República constitucional baseada em um regime de democracia representativa, não
cabe questionar a legitimidade da atuação do Congresso no caso. Os senadores e
deputados foram eleitos pelo povo e atuaram conforme a Constituição. Por
questões históricas, a carta política do Paraguai estabelece um freio maior aos
poderes presidenciais. Nada que Lugo não soubesse quando, motivado por um misto
de arrogância e ingenuidade, optou por governar autonomamente sem ligar para o
Poder Legislativo.
Se Lugo sofreu golpe,
como têm afirmado alguns defensores casuístas de uma suposta “legalidade
supraconstitucional”, precisamos rever também um capítulo importante da
história brasileira. Afinal, o processo de impeachment que derrubou Collor
ocorreu sem que houvesse qualquer sentença judicial transitada em julgado.
Apesar de sentença absolutória posterior, o impeachment de Collor se manteve,
condenando-o à perda de direitos políticos por oito anos. E ninguém em sã
consciência defende hoje a tese de que o “caçador de marajás” tenha sofrido um
golpe.
Tal tese serve apenas
aos interesses dos legalistas de ocasião, que - monumentos à incoerência! - não
perdem uma oportunidade de defender como legítimas medidas que levem à
destruição da democracia por meios (supostamente) democráticos, como vem sendo
o caso de Chávez, Morales e Correa. A crise institucional pela qual passa o
Paraguai representa um risco, mas pode servir como uma oportunidade para o
fortalecimento da democracia, da separação dos poderes e do Estado de direito,
afastando-o do populismo bolivariano promovido por Fernando Lugo.
* Fábio Ostermann, de
27 anos, é bacharel em Direito (UFRGS), graduado em Liderança para a
Competitivdade Global (Georgetown University) e mestrando em Ciência Política
(PUCRS). É consultor, associado do IEE (Instituto de Estudos Empresariais) e
gerente de relações institucionais do Ordem Livre.
domingo, 24 de junho de 2012
Minhas Convicções
Não sou filiada a
nenhum partido político e nem sou simpatizante de nenhum deles. Não sou
militante do que quer que seja, não carrego bandeiras, não faço panelaços,
buzinaços e nem depredo bens públicos para fazer valer o que acredito. Apenas
sigo meus princípios e sei do que não gosto. Em se tratando de política ou de
religião cada um pensa o que quiser e segue o que acredita ser verdadeiro, e
ninguém tem nada a ver com isso. Opiniões têm de ser respeitadas, mesmo que
sejam diferentes.
Eu acredito apenas em
pessoas e divido-as em boas ou más. Acredito em pessoas que podem fazer o bem
de forma límpida e honesta, mas também acredito que existam por aí verdadeiros
bandidos que se utilizam do poder para fazer o mal, mesmo que seja por ignorância.
Pessoas direitas e decentes eu defendo, não importa a cor, credo, partido, time
de futebol etc. Mas não me calarei perante o que acho ser indecente e amoral.
Nasci nos tempos da
Ditadura, mas não a vivi, não a sofri, não sei o que se passou, exceto pelo que
me ensinaram nas escolas. Só sei que gostava quando o presidente da República
visitava minha escola, gostava de cantar o Hino Nacional, gostava de marchar
nos desfiles, gostava das cadeiras de Moral e Cívica e OSPB. Todavia, respeito às
pessoas que viveram essa época por outro prisma e a condenam. Cada um sabe de
seus motivos para odiar ou gostar de certa época de suas vidas.
E eu não gosto desses
tempos que estamos vivendo. Não gosto dessa corrupção a olho nu, não gosto de
saber que dinheiro público está servindo para outros fins que não seja para
melhorar a saúde, a cultura e a segurança da população que trabalha e que paga
impostos. Não gosto das grades que cercam minhas portas e janelas; não gosto de
ter que me privar de certos prazeres por medo de sair às ruas, não gosto de
saber que têm pessoas que estão morrendo em filas de hospitais.
Alguém pode até me
dizer: "Mas em todas as épocas foi assim, isso sempre existiu".
Tudo bem, mas em
outras épocas eu tinha uma visão diferente, não sofria na carne, não tinha a
percepção que tenho hoje. E o que vejo hoje não me agrada. O HOJE é o que me importa,
não épocas passadas.
Mas, como toda pessoa
idealista, eu ainda acredito que possamos viver, um dia, num mundo mais justo,
mais livre, emocionante e belo. TODOS e não somente uma minoria.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Incongruências
Num país onde apenado
recebe auxílio-reclusão; onde falta de pagamento de pensão alimentícia pode pôr
alguém na prisão; onde companhias telefônicas têm de pagar altas indenizações a
clientes que denunciam mau serviço prestado; onde um nariz mal retocado pode
condenar um cirurgião a ter de pagar uma soma considerável de dinheiro; onde
uma simples ofensa pode condenar alguém a ter de pagar indenização por dano
moral; onde uma atriz ganha rios de dinheiro ao processar uma revista por uma
foto publicada sem autorização; onde um humorista é condenado a pagar
indenização por causa de uma piada e outras incongruências mais, como é que a
justiça deste mesmo país não consegue fazer com que um bêbado que mata
inocentes no trânsito seja preso e condenado a pagar indenização à família
vítima e nem fazer com que um imprudente pague indenização e atendimento médico
a alguém que tenha ficado paraplégico por sua causa?
Por que ninguém pensa
em fazer alguma coisa pelas vítimas e pelos familiares das vítimas da violência?
Por que em vez de
criar estatais que somente terão a finalidade de arrecadar dinheiro para os
cofres públicos os governantes não pensam em criar um centro de atendimento a
essas vítimas? E por que aqueles que fazem as leis não pensam em agir com mais
rigor contra esses psicopatas urbanos?
Só sei que nada sei,
mas se soubesse como fazer, eu faria.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Dia dos Namorados - Solilóquio de uma loba escaldada em 12/06/2012
Vi muitas pessoas
tristes no dia de hoje por não terem o que comemorar, principalmente por
estarem apartadas das pessoas que um dia as fizeram felizes. Soube, também, que
pessoas fizeram uso de remédios para dormir e poderem, assim, esquecer o quanto
estão carentes e solitárias. Este é o efeito do dia 12/06, tão ou mais
impactante quanto às vésperas de Natal.
O engraçado é que vi
muitas pessoas realmente casadas ou namorando estarem sozinhas neste dia, ou
porque o respectivo par estava na faculdade ou cumprindo algum compromisso
profissional, e nem por isso estavam chorando as mágoas.
Parece-me que as
pessoas sofrem mais pelo que não possuem ou pelo que não possam desfrutar: um
restaurante à luz de velas, um presente, uma tórrida noite de amor ou apenas um
íntimo jantar a dois. Este é o principal motivo da insatisfação humana: o que
não se pode obter para satisfação imediata de seus desejos.
Realmente, eu não
entendo. Sei que todas as pessoas almejam ter um amor pra vida inteira, pois
ninguém nasceu pra ser sozinho nesta vida, mas não ter um amor para comemorar o
dia dos namorados não deve ser motivo para tanta frustração. Há coisas bem
piores, eu sei disso. E é nas pessoas que perderam de forma injusta os entes
que mais amaram que me espelho. Antes, minha gente, passar um dia dos namorados
sem uma criatura apaixonada me fazendo juras de amor a ter de chorar por um ser
especial e amado no Dia dos Finados ou saber que aqueles que mais amo nesta
vida jamais os poderia ver em qualquer dia que seja. Só em saber que as pessoas
que mais prezo estão felizes e com saúde, faz-me estar bem e enamorada pela
vida, não somente no dia de hoje, mas em todas as datas especiais que puder
sabê-las com vida.
O amor sempre
acontece na vida das pessoas mais cedo ou mais tarde, de acordo com o grau de
evolução de cada um. Mas para saber reconhecer o amor verdadeiro quando ele
aparece, antes é preciso saber-se vivo e merecedor. Não importa o dia. Não
importa a data.
domingo, 10 de junho de 2012
Cale-se, XUXA! - Por Heloisa Lima, Psicóloga Clínica
Não vi a comentada
entrevista da tal Xuxa no Fantástico deste domingo, dia 20/05. Mas não pude
ignorá-la por muito tempo, pois a primeira notícia que recebi nesta manhã, logo
cedo, foi: "Cê viu que a Xuxa foi abusada na infância?"
Fora o surrealismo da
revelação, ocorreu-me que aquela, certamente, não era a notícia que desejava
ouvir logo no início da semana. Afinal, como uma mulher de 50 anos,
aparentemente esclarecida, só agora, passado todo esse tempo, resolve falar
sobre algo tão grave? E por que me irritou tanto esta informação? Parei para
refletir sobre o motivo deste sentimento e, confesso, não foi difícil
descobrir.
Esta senhora, lá
pelos seus primórdios, vivia no mesmo condomínio do meu irmão, no Grajaú, Rio
de Janeiro. Lembro-me das minhas sobrinhas, ensandecidas, indo buscar as
grotescas sandalinhas cheias de brilhos no apartamento dela, na esperança de
encontrar o Pelé que, vira e mexe, dava as caras por lá.
Desde os seus 20 e
poucos anos de idade, ela comanda programas infantis cuja tônica é erotizar
precocemente as crianças, transformando meninas em arremedos de mulheres sem se
preocupar com sua vulgarização.
Os programas que
comandou sempre tiveram como mote atropelar o desenvolvimento infantil em sua
exuberância repleta de etapas simbólicas. Pasteurizou os encantos desta fase
empenhando-se em exaltar a diferença entre possuir e não possuir os produtos
que anunciava ou que levavam sua grife tais como sandálias, roupas, maiôs,
lingeries, xampus, bonecas, chicletes, cosméticos, álbum de figurinhas,
cadernos, agendas, computadores, sopas, iogurtes, etc., num universo insano
onde ela, eternamente fantasiada de insinuante ninfeta, faz biquinho e comanda
a miúda plebe ignara.
Cientes estamos todos
de que esta senhora, durante muitos e muitos anos, defendeu zelosamente seu
polpudo patrimônio utilizando-se da fachada de menina meio abobada que sequer
sabia quantos milhões possuía. Costumava dizer que era a sua empresária que
administrava suas posses cujo montante alegava, candidamente, desconhecer.
Pobre menina rica. E burra, com certeza. Como se fosse possível alguém tão
tapada tornar-se tão rica.
Talvez para esconder
a consciência que tinha acerca do quanto ajudou a devastar a inocência de tantas
gerações de meninas que lhe devotavam a mais pura idolatria, posou de inocente
útil usando a mesma máscara que agora reedita para falar, emocionada, do seu
mais novo pretenso drama/marketing.
Esqueceu-se que sua
audiência, formada, na sua massacrante maioria, por meninas, passou a ser
considerada como alvo da desumana propaganda colocando-as como mero veículo de
consumo.
Esqueceu-se,
convenientemente, de comentar que milhares de garotas pelo Brasil afora foram
abusadas sexualmente ao mesmo tempo em que eram, por ela, adestradas a
vestirem-se e comportarem-se como verdadeiras lolitas.
Esqueceu-se de que
ensinou atitudes claramente ambivalentes para crianças que não faziam a mais
pálida ideia do que podiam mobilizar em mentes doentias.
Esqueceu-se de que a
erotização tem sido ligada a três dos maiores problemas de saúde mental de
adolescentes e mulheres adultas: desordens alimentares, baixa autoestima e
depressão.
Esqueceu-se também
que as crianças, diariamente bombardeadas com imagens de paquitas como modelos
de uma beleza simplesmente inalcançável enquanto corpos reais, torturavam-se
perseguindo um modo de serem belas, perfeitas, saudáveis e eternas.
Estimulando a
sexualidade de forma tão precoce, essas meninas perderam grande e preciosa fase
do seu desenvolvimento natural. E reduzir o período da inocência, certamente,
acarretou-lhes desdobramentos nefastos.
Daí para ideia, cada
vez mais presente, da infância como objeto a ser apreciado, desejado, exaltado,
numa espécie de pedofilização generalizada na sociedade foi, apenas, um pequeno
passo.
Num país onde as mães
deixam suas crias, por absoluta falta de opção, frente à tevê sem qualquer tipo
de controle e sem condições para discutir o conteúdo apresentado, encontrou
esta senhora terreno mais que propício para disseminar sua perversa e desmedida
ganância por audiência e dinheiro.
Fosse ela uma pessoa
minimamente preocupada com a direção que a sexualidade exacerbada e fora de
contexto toma, neste país onde mulheres são cotidianamente massacradas, teria
falado sobre este suposto drama muito tempo atrás. Teria tido muito mais
cuidado com os exemplos de exposição que passava. Teria norteado seu trabalho
dentro de parâmetros muito mais educativos e, desta forma, contribuído para que
milhares de meninas fossem verdadeiramente cuidadas e respeitadas.
Ou teria simplesmente
virado as costas e ido embora.
Logo, frente ao seu
histórico, não tem mesmo nenhuma autoridade para sustentar qualquer atitude
fundamentada em belos e necessários méritos.
Porque são de grandes
valores, bons princípios e atitude exemplares que nossa sociedade necessita de
maneira URGENTE.
Portanto, CALE-SE,
XUXA!
sábado, 2 de junho de 2012
Vontade de Jogar a Toalha – Por Sérgio Vaz
Claro: tem horas que
dá vontade de simplesmente jogar a toalha. Não adianta nada, nada adianta nada.
Os caras vieram para ficar para todo o sempre. São muito mais espertos que nós.
Já tomaram de assalto todo o Estado, a União: privatizaram para eles as instituições
todas. Ocuparam todos os espaços possíveis.
O sujeito faz o que
bem entende. Não tem limite algum. Acha-se maior que tudo, sabe que ninguém
poderá alterar a devoção infinita, cega, de mais de 80% da população. O camarada faz uma
chantagem com um ministro do Supremo – e escapa incólume. Ao fim de uma semana,
vê-se que, na verdade, ele conseguiu o que queria: lançou sombras sobre o
Tribunal que vai julgar o maior escândalo de corrupção da história do Brasil.
O camarada comparece
a um circo de horrores da TV aberta, da TV que é concessão pública, e faz
propaganda aberta de seu candidato à Prefeitura de São Paulo – e está tudo bem,
nenhum TSE vai ousar desautorizá-lo. Faz propaganda de si mesmo e diz que
volta, sim, a ser candidato para impedir que seus rivais voltem a governar o
país – e está tudo muito bem, e quem reclamar é fascista, extrema direita, e
olhe que se mexerem com o Lula botamos o povo na rua!
E o pior é que podem,
sim, botar gente na rua. Eles dominam tudo: o governo federal, todos os postos
importantes, as empresas públicas, a Caixa, a Petrobrás, o Banco do Brasil.
Eles são os donos do governo, da máquina governamental, das centrais sindicais.
Eles são donos de tudo. Privatizaram o Brasil para usufruto deles.
Eles são safos – é
preciso reconhecer. Não são óbvios, primatas, como Stálin, Fidel, Chávez. São
melífluos, fingidores, disfarçados.
Dá vontade de
simplesmente jogar a toalha.
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