sábado, 30 de junho de 2012

História do Mundo em 2 Minutos

Quando o cão é a imagem e semelhança do homem



A raça deste cão é Bull Terrier, muito utilizada em rinhas, pois é um grande lutador. Quando este cão é bem treinado, fica muito amigo do seu dono, e não tende a “perder a cabeça”. Infelizmente existem muitos donos que treinam este bom animal para ser agressivo. E como conseguem isso?
Esses cães não podem ter vidas normais. Em vez disso, eles passam o tempo acorrentados ou em pequenas gaiolas em péssimas condições. Os treinadores usam correntes extremamente pesadas para prender seus cães e muitas vezes colocam pesos nelas, tudo isso com o objetivo de aumentar a força dos cães. Para aumentar a agressividade, os animais costumam ser espancados e contrariados. Eles também podem passar fome. Como parte do treinamento, os treinadores pegam gatos e coelhos, muitas vezes roubados, e usam esses animais como "iscas". Essas iscas ficam suspensas no ar enquanto o cão está preso ou são colocadas em um lugar fechado junto com o cão. Depois de treinar com a isca, o treinador desacorrenta o cão e permite que ele a mate.
Os treinadores fazem os cães pegarem objetos suspensos no ar, como pneus, para aumentar a força do maxilar. Alguns treinadores lixam os dentes do cão para que fiquem bastante afiados e causem o maior estrago possível.
É isso o que humanos fazem com certas raças de cães: transformam-nas à sua imagem e semelhança.

UM DIA, UM GATO* – Por Percival Puggina

Quando sequestraram o embaixador Elbrick, em 1969, os autores do atentado exigiram a divulgação, em toda a grande mídia, de um longo manifesto. Imaginem o constrangimento imposto aos detentores do poder: locutor oficial proclamando à nação um libelo contra o regime deles. O texto foi exibido. O país parou para ouvir, ver e ler. Redigira-o o jornalista Franklin Martins, um dos sequestradores. Oportunidade dourada para os insurretos afirmarem seus compromissos com a democracia e cobrá-los do governo, não é mesmo? Qual o quê! O texto (íntegra em "Charles Burke Elbrick" na Wikipedia) foi uma catilinária comunista que falava do que os revoltosos entendiam: ideologia, violência, "justiçamentos", sequestros, assaltos.  
Disse alguém, com razão, que os confrontos históricos se travam no tempo dos fatos e retornam no tempo das versões. Durante os governos militares, a esquerda que pegou em armas foi derrotada. Mas se deu muito bem nas versões. Indague às pessoas com menos de 40 anos, que não viveram no tempo dos fatos, sobre a imagem que têm do Brasil naquele período. Poucas terão ouvido algo que não fosse para representar um quadro de horrores patrocinados pelos governos militares. Peça-lhes opinião, também, sobre os que partiram para a luta armada e perceberá que são vistos como jovens idealistas, mártires de uma resistência democrática. 
Repita as perguntas aos que viveram o tempo dos fatos. Perceberá que apesar das muitas e graves restrições que se faz e se deve fazer ao regime de então, aquela versão quase unânime entre os mais jovens estará longe de ser majoritária neste grupo. Relatarão que o Brasil não foi, naqueles anos, o que hoje se ensina. Com maior surpresa ainda, perceberá que os terroristas e suas organizações praticamente não têm simpatizantes entre os que testemunharam os acontecimentos por eles protagonizados. Aliás, fracassaram por absoluta falta de apoio popular. Escassos serão os que lhes atribuem qualquer mérito na necessária redemocratização. Com razão dirão que a retardaram. Não os reconhecem como democratas.  
Valerá a pena ir além. Pergunte aos que viveram apenas no tempo das versões o que sabem sobre Ulysses, Covas, Teotônio, Montoro, Brossard, para citar alguns dos muitos que, no embate político foram forçando a porta da abertura. E a abertura da porta. Nada saberão porque não lhes foram mencionados! O que importa, à versão, é desprezar o processo político útil para exaltar o revolucionário inútil. Capisce? Menor ainda será o conhecimento sobre o papel das lideranças empresariais, sindicais e religiosas que se empenharam pela normalidade institucional. A contribuição dos militantes da luta armada para a democracia foi a mesma que as cheias do Nilo prestam à venda de ingressos para os shows da Broadway. Não li um único livro escrito por intelectuais de esquerda participantes daquelas organizações que se atrevesse a estabelecê-la. Antes, negam-na com firmeza.  
Convém aos que, após a abertura e a anistia, ingressaram no jogo político, posar de estátua da liberdade diante do porto de Nova Iorque. Volta e meia algum ministro, olho na versão, reverencia os que lutaram pela democracia apontando para as pessoas erradas. "E o título? E o título?" perguntará o leitor, vendo que o artigo termina. Ora, o filme "Um dia, um gato" ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1963. Conta sobre um gato com óculos mágicos. Quando olhava para as pessoas, elas adquiriam uma cor relacionada com seus defeitos e virtudes. Era um pânico na cidade. Os mentirosos, por exemplo, ficavam roxos. 
*Publicado no jornal Zero Hora, em 01/07/2012. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Polinização

Polinização é vital para a vida na Terra, mas em grande parte invisível ao olho humano. O cineasta Louie Schwartzberg nos mostra o mundo intrincado de pólen e polinização com lindas imagens em alta velocidade no seu filme "Asas da Vida", inspirado no desaparecimento de um dos principais polinizadores da natureza, as abelhas.
As imagens são belíssimas, exceto as dos morcegos. Que bichinho bem feio!



Mário Balotelli, uma lição.

Mario Balotelli comemorou o 2º gol contra a Alemanha com um gesto de protesto contra as manifestações racistas, tão comuns em partidas europeias: tirou a camisa e inflou os músculos.
A mídia o classifica assim:
 "Mario Balotelli não veio ao mundo para ser só mais um. Isso ele já provou em histórias e lendas que até Deus duvidaria. Talentoso, rebelde, imprevisível, displicente, carismático, afetivo, louco e singular. O homem que arrasou a Alemanha com dois gols e levou a Itália à segunda final de Eurocopa de sua história, nesta quinta-feira, no Estádio Nacional de Varsóvia, é um sinônimo de adjetivos. Ele teve o dia mais louco de sua vida nos 2 a 1 contra os fregueses alemães".
Parafraseando Aristóteles, nunca existiu um grande talento sem uma veia de loucura.
Fiquei fã desse Balotelli. Gosto da garra, da força, da segurança de quem sabe que pode ser muito mais do que é.


O dia em que o racismo perdeu – Por Diogo Olivier*


Em tempos de intolerância racial crescente na Europa, mesmo diante dos esforços da Fifa em contrário, o brilho maior de um negro é emblemático na Euro que ontem conheceu seus finalistas. Os golaços de Mario Barwuah Balotelli, 21 anos, que classificaram a Itália sobre a favorita Alemanha, em Varsóvia, não deveriam suscitar nada além dos elogios pela plasticidade. Foram duas buchas! Uma de cabeça, testaço à queima roupa no cruzamento de Cassano. Na outra, não fosse a rede, a bola estaria viajando até agora, quem sabe na direção da Gana de onde migraram os pais dele para a Itália, terra natal do herói da Azzurra.
Só que os princípios básicos da cidadania nos impedem de só falar em futebol após o triunfo de Balotelli. Cânticos racistas perturbadores para o mundo civilizado ainda ecoam nesta Euro em gramados poloneses e ucranianos. Van Bommel, que é branco, pediu intervenção policial em um treino da Holanda, quando torcedores poloneses molestavam jogadores descendentes de africanos com os gritos da ignorância. A Uefa multou a federação espanhola em 20 mil euros ao perceber que espanhóis imitavam macacos em provocação a Balotelli no 1 a 1 pela fase de grupos, mesma multa fixada para os russos, que igualaram a idiotice tendo como alvo o tcheco Gebre Selassie, filho de pai etíope.
Pior, muito pior, fez a Gazzetta dello Sport, um dos mais respeitados diários esportivos do mundo. Publicou uma charge de Balotelli no papel de King King no alto do Big Ben, rebatendo bolas como se fossem aviões antes do jogo contra a Inglaterra. O jornal viu-se obrigado a passar o vexame de pedir desculpas formais aos leitores e ao homem que, com seus gols, hoje ajudará a Gazzetta a vender milhares de exemplares pela vaga na final.
Atacante foi adotado por pais italianos
Balotelli é filho de pais ganeses que o abandonaram em um hospital italiano, após o nascimento. Um tribunal de menores o entregou à adoção quando ele tinha três anos. Desde lá, apoiado pelos novos pais, o temperamental Balotelli luta contra o racismo. Não fica quieto. Protesta. Chora, como ao visitar Auschwitz: os avós da mãe adotiva morreram na câmara de gás. Vibra como se dissesse “eu sou mais forte que isso”. Passa dos limites, às vezes. À France Football, disse que mataria quem atirasse bananas na direção dele na rua, irritado por ser alvo de discriminação. Mas o fato é que Balotelli, uma entre tantas vítimas do racismo, ontem golpeou os inimigos com a melhor das armas: o talento. O gol de honra da favorita, porém dominada nos 90 minutos Alemanha, marcado por Mesut Özil, de origem turca, foi a cereja no bolo da vitória sobre a intolerância. 
*Diogo Olivier é repórter no Jornal Zero Hora, de Porto Alegre.

Eu e o Despertador


Eu espero ansiosamente pela sexta-feira, mas não para ir a baladas e "beber até cair". Passo o dia inteiro fora de casa durante a semana. Quando chego em casa ao anoitecer, tudo o que mais quero é relaxar um pouco antes de fazer o que tem que ser feito para a casa estar em ordem. O tempo passa rápido e é hora de dormir novamente para acordar disposta no dia seguinte - sim, eu preciso das 8h de sono. Sou escrava do relógio durante a semana, tendo em vista meus afazeres profissionais. E o meu maior prazer numa sexta-feira é justamente não precisar olhar para o relógio, saber que posso ir dormir a hora que eu quiser, fazer o que eu bem entender sem estar presa à limitação do tempo. Entrar madrugada a dentro lendo um bom livro...nossa, como isso é bom! Como é bom saber que amanhã não preciso acordar tão cedo, que posso dormir mais que a cama, que o celular não vai tocar o rock tonitruante que uso como despertador, que estou livre!
Muitos não entenderão, mas este é o meu maior prazer nas sextas-feiras: não precisar ajustar o despertador para o dia seguinte.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Paraguai: não foi golpe - Fábio Ostermann*


Expressões como “golpe branco” ou “golpe institucional” têm sido utilizadas para descrever os acontecimentos da última sexta-feira no Paraguai. Mas referir-se à atuação do parlamento paraguaio como golpista é ignorar os fatos e as instituições democráticas paraguaias.
Dado o histórico de golpes e ditaduras, o legislador constituinte paraguaio buscou, por meio da Constituição de 1992, frear a tendência à hipertrofia do Poder Executivo dando ao Legislativo a possibilidade de julgar politicamente e destituir o presidente em caso de atos contrários à lei ou à conveniência nacional. Assim, com base no Art. 225 da Constituição, o processo de impeachment de Fernando Lugo foi instaurado e julgado por margens esmagadoras (76 a 1 e 39 a 4) de votos dos representantes legítimos do povo paraguaio, atuando conforme os ritos legais.
Sendo o Paraguai uma República constitucional baseada em um regime de democracia representativa, não cabe questionar a legitimidade da atuação do Congresso no caso. Os senadores e deputados foram eleitos pelo povo e atuaram conforme a Constituição. Por questões históricas, a carta política do Paraguai estabelece um freio maior aos poderes presidenciais. Nada que Lugo não soubesse quando, motivado por um misto de arrogância e ingenuidade, optou por governar autonomamente sem ligar para o Poder Legislativo.
Se Lugo sofreu golpe, como têm afirmado alguns defensores casuístas de uma suposta “legalidade supraconstitucional”, precisamos rever também um capítulo importante da história brasileira. Afinal, o processo de impeachment que derrubou Collor ocorreu sem que houvesse qualquer sentença judicial transitada em julgado. Apesar de sentença absolutória posterior, o impeachment de Collor se manteve, condenando-o à perda de direitos políticos por oito anos. E ninguém em sã consciência defende hoje a tese de que o “caçador de marajás” tenha sofrido um golpe.
Tal tese serve apenas aos interesses dos legalistas de ocasião, que - monumentos à incoerência! - não perdem uma oportunidade de defender como legítimas medidas que levem à destruição da democracia por meios (supostamente) democráticos, como vem sendo o caso de Chávez, Morales e Correa. A crise institucional pela qual passa o Paraguai representa um risco, mas pode servir como uma oportunidade para o fortalecimento da democracia, da separação dos poderes e do Estado de direito, afastando-o do populismo bolivariano promovido por Fernando Lugo.

* Fábio Ostermann, de 27 anos, é bacharel em Direito (UFRGS), graduado em Liderança para a Competitivdade Global (Georgetown University) e mestrando em Ciência Política (PUCRS). É consultor, associado do IEE (Instituto de Estudos Empresariais) e gerente de relações institucionais do Ordem Livre.

domingo, 24 de junho de 2012

Minhas Convicções


Não sou filiada a nenhum partido político e nem sou simpatizante de nenhum deles. Não sou militante do que quer que seja, não carrego bandeiras, não faço panelaços, buzinaços e nem depredo bens públicos para fazer valer o que acredito. Apenas sigo meus princípios e sei do que não gosto. Em se tratando de política ou de religião cada um pensa o que quiser e segue o que acredita ser verdadeiro, e ninguém tem nada a ver com isso. Opiniões têm de ser respeitadas, mesmo que sejam diferentes.
Eu acredito apenas em pessoas e divido-as em boas ou más. Acredito em pessoas que podem fazer o bem de forma límpida e honesta, mas também acredito que existam por aí verdadeiros bandidos que se utilizam do poder para fazer o mal, mesmo que seja por ignorância. Pessoas direitas e decentes eu defendo, não importa a cor, credo, partido, time de futebol etc. Mas não me calarei perante o que acho ser indecente e amoral.
Nasci nos tempos da Ditadura, mas não a vivi, não a sofri, não sei o que se passou, exceto pelo que me ensinaram nas escolas. Só sei que gostava quando o presidente da República visitava minha escola, gostava de cantar o Hino Nacional, gostava de marchar nos desfiles, gostava das cadeiras de Moral e Cívica e OSPB. Todavia, respeito às pessoas que viveram essa época por outro prisma e a condenam. Cada um sabe de seus motivos para odiar ou gostar de certa época de suas vidas.
E eu não gosto desses tempos que estamos vivendo. Não gosto dessa corrupção a olho nu, não gosto de saber que dinheiro público está servindo para outros fins que não seja para melhorar a saúde, a cultura e a segurança da população que trabalha e que paga impostos. Não gosto das grades que cercam minhas portas e janelas; não gosto de ter que me privar de certos prazeres por medo de sair às ruas, não gosto de saber que têm pessoas que estão morrendo em filas de hospitais.
Alguém pode até me dizer: "Mas em todas as épocas foi assim, isso sempre existiu".
Tudo bem, mas em outras épocas eu tinha uma visão diferente, não sofria na carne, não tinha a percepção que tenho hoje. E o que vejo hoje não me agrada. O HOJE é o que me importa, não épocas passadas.
Mas, como toda pessoa idealista, eu ainda acredito que possamos viver, um dia, num mundo mais justo, mais livre, emocionante e belo. TODOS e não somente uma minoria.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Incongruências


Num país onde apenado recebe auxílio-reclusão; onde falta de pagamento de pensão alimentícia pode pôr alguém na prisão; onde companhias telefônicas têm de pagar altas indenizações a clientes que denunciam mau serviço prestado; onde um nariz mal retocado pode condenar um cirurgião a ter de pagar uma soma considerável de dinheiro; onde uma simples ofensa pode condenar alguém a ter de pagar indenização por dano moral; onde uma atriz ganha rios de dinheiro ao processar uma revista por uma foto publicada sem autorização; onde um humorista é condenado a pagar indenização por causa de uma piada e outras incongruências mais, como é que a justiça deste mesmo país não consegue fazer com que um bêbado que mata inocentes no trânsito seja preso e condenado a pagar indenização à família vítima e nem fazer com que um imprudente pague indenização e atendimento médico a alguém que tenha ficado paraplégico por sua causa?
Por que ninguém pensa em fazer alguma coisa pelas vítimas e pelos familiares das vítimas da violência?
Por que em vez de criar estatais que somente terão a finalidade de arrecadar dinheiro para os cofres públicos os governantes não pensam em criar um centro de atendimento a essas vítimas? E por que aqueles que fazem as leis não pensam em agir com mais rigor contra esses psicopatas urbanos?
Só sei que nada sei, mas se soubesse como fazer, eu faria.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos Namorados - Solilóquio de uma loba escaldada em 12/06/2012


Vi muitas pessoas tristes no dia de hoje por não terem o que comemorar, principalmente por estarem apartadas das pessoas que um dia as fizeram felizes. Soube, também, que pessoas fizeram uso de remédios para dormir e poderem, assim, esquecer o quanto estão carentes e solitárias. Este é o efeito do dia 12/06, tão ou mais impactante quanto às vésperas de Natal.
O engraçado é que vi muitas pessoas realmente casadas ou namorando estarem sozinhas neste dia, ou porque o respectivo par estava na faculdade ou cumprindo algum compromisso profissional, e nem por isso estavam chorando as mágoas.
Parece-me que as pessoas sofrem mais pelo que não possuem ou pelo que não possam desfrutar: um restaurante à luz de velas, um presente, uma tórrida noite de amor ou apenas um íntimo jantar a dois. Este é o principal motivo da insatisfação humana: o que não se pode obter para satisfação imediata de seus desejos.
Realmente, eu não entendo. Sei que todas as pessoas almejam ter um amor pra vida inteira, pois ninguém nasceu pra ser sozinho nesta vida, mas não ter um amor para comemorar o dia dos namorados não deve ser motivo para tanta frustração. Há coisas bem piores, eu sei disso. E é nas pessoas que perderam de forma injusta os entes que mais amaram que me espelho. Antes, minha gente, passar um dia dos namorados sem uma criatura apaixonada me fazendo juras de amor a ter de chorar por um ser especial e amado no Dia dos Finados ou saber que aqueles que mais amo nesta vida jamais os poderia ver em qualquer dia que seja. Só em saber que as pessoas que mais prezo estão felizes e com saúde, faz-me estar bem e enamorada pela vida, não somente no dia de hoje, mas em todas as datas especiais que puder sabê-las com vida.
O amor sempre acontece na vida das pessoas mais cedo ou mais tarde, de acordo com o grau de evolução de cada um. Mas para saber reconhecer o amor verdadeiro quando ele aparece, antes é preciso saber-se vivo e merecedor. Não importa o dia. Não importa a data.

domingo, 10 de junho de 2012

Cale-se, XUXA! - Por Heloisa Lima, Psicóloga Clínica

Não vi a comentada entrevista da tal Xuxa no Fantástico deste domingo, dia 20/05. Mas não pude ignorá-la por muito tempo, pois a primeira notícia que recebi nesta manhã, logo cedo, foi: "Cê viu que a Xuxa foi abusada na infância?"
Fora o surrealismo da revelação, ocorreu-me que aquela, certamente, não era a notícia que desejava ouvir logo no início da semana. Afinal, como uma mulher de 50 anos, aparentemente esclarecida, só agora, passado todo esse tempo, resolve falar sobre algo tão grave? E por que me irritou tanto esta informação? Parei para refletir sobre o motivo deste sentimento e, confesso, não foi difícil descobrir.
Esta senhora, lá pelos seus primórdios, vivia no mesmo condomínio do meu irmão, no Grajaú, Rio de Janeiro. Lembro-me das minhas sobrinhas, ensandecidas, indo buscar as grotescas sandalinhas cheias de brilhos no apartamento dela, na esperança de encontrar o Pelé que, vira e mexe, dava as caras por lá.
Desde os seus 20 e poucos anos de idade, ela comanda programas infantis cuja tônica é erotizar precocemente as crianças, transformando meninas em arremedos de mulheres sem se preocupar com sua vulgarização.
Os programas que comandou sempre tiveram como mote atropelar o desenvolvimento infantil em sua exuberância repleta de etapas simbólicas. Pasteurizou os encantos desta fase empenhando-se em exaltar a diferença entre possuir e não possuir os produtos que anunciava ou que levavam sua grife tais como sandálias, roupas, maiôs, lingeries, xampus, bonecas, chicletes, cosméticos, álbum de figurinhas, cadernos, agendas, computadores, sopas, iogurtes, etc., num universo insano onde ela, eternamente fantasiada de insinuante ninfeta, faz biquinho e comanda a miúda plebe ignara.
Cientes estamos todos de que esta senhora, durante muitos e muitos anos, defendeu zelosamente seu polpudo patrimônio utilizando-se da fachada de menina meio abobada que sequer sabia quantos milhões possuía. Costumava dizer que era a sua empresária que administrava suas posses cujo montante alegava, candidamente, desconhecer. Pobre menina rica. E burra, com certeza. Como se fosse possível alguém tão tapada tornar-se tão rica.
Talvez para esconder a consciência que tinha acerca do quanto ajudou a devastar a inocência de tantas gerações de meninas que lhe devotavam a mais pura idolatria, posou de inocente útil usando a mesma máscara que agora reedita para falar, emocionada, do seu mais novo pretenso drama/marketing.
Esqueceu-se que sua audiência, formada, na sua massacrante maioria, por meninas, passou a ser considerada como alvo da desumana propaganda colocando-as como mero veículo de consumo.
Esqueceu-se, convenientemente, de comentar que milhares de garotas pelo Brasil afora foram abusadas sexualmente ao mesmo tempo em que eram, por ela, adestradas a vestirem-se e comportarem-se como verdadeiras lolitas.
Esqueceu-se de que ensinou atitudes claramente ambivalentes para crianças que não faziam a mais pálida ideia do que podiam mobilizar em mentes doentias.
Esqueceu-se de que a erotização tem sido ligada a três dos maiores problemas de saúde mental de adolescentes e mulheres adultas: desordens alimentares, baixa autoestima e depressão.
Esqueceu-se também que as crianças, diariamente bombardeadas com imagens de paquitas como modelos de uma beleza simplesmente inalcançável enquanto corpos reais, torturavam-se perseguindo um modo de serem belas, perfeitas, saudáveis e eternas.
Estimulando a sexualidade de forma tão precoce, essas meninas perderam grande e preciosa fase do seu desenvolvimento natural. E reduzir o período da inocência, certamente, acarretou-lhes desdobramentos nefastos.
Daí para ideia, cada vez mais presente, da infância como objeto a ser apreciado, desejado, exaltado, numa espécie de pedofilização generalizada na sociedade foi, apenas, um pequeno passo.
Num país onde as mães deixam suas crias, por absoluta falta de opção, frente à tevê sem qualquer tipo de controle e sem condições para discutir o conteúdo apresentado, encontrou esta senhora terreno mais que propício para disseminar sua perversa e desmedida ganância por audiência e dinheiro.
Fosse ela uma pessoa minimamente preocupada com a direção que a sexualidade exacerbada e fora de contexto toma, neste país onde mulheres são cotidianamente massacradas, teria falado sobre este suposto drama muito tempo atrás. Teria tido muito mais cuidado com os exemplos de exposição que passava. Teria norteado seu trabalho dentro de parâmetros muito mais educativos e, desta forma, contribuído para que milhares de meninas fossem verdadeiramente cuidadas e respeitadas.
Ou teria simplesmente virado as costas e ido embora.
Logo, frente ao seu histórico, não tem mesmo nenhuma autoridade para sustentar qualquer atitude fundamentada em belos e necessários méritos.
Porque são de grandes valores, bons princípios e atitude exemplares que nossa sociedade necessita de maneira URGENTE.
Portanto, CALE-SE, XUXA!

sábado, 2 de junho de 2012

Vontade de Jogar a Toalha – Por Sérgio Vaz


Claro: tem horas que dá vontade de simplesmente jogar a toalha. Não adianta nada, nada adianta nada. Os caras vieram para ficar para todo o sempre. São muito mais espertos que nós. Já tomaram de assalto todo o Estado, a União: privatizaram para eles as instituições todas. Ocuparam todos os espaços possíveis.
O sujeito faz o que bem entende. Não tem limite algum. Acha-se maior que tudo, sabe que ninguém poderá alterar a devoção infinita, cega, de mais de 80% da população. O camarada faz uma chantagem com um ministro do Supremo – e escapa incólume. Ao fim de uma semana, vê-se que, na verdade, ele conseguiu o que queria: lançou sombras sobre o Tribunal que vai julgar o maior escândalo de corrupção da história do Brasil.
O camarada comparece a um circo de horrores da TV aberta, da TV que é concessão pública, e faz propaganda aberta de seu candidato à Prefeitura de São Paulo – e está tudo bem, nenhum TSE vai ousar desautorizá-lo. Faz propaganda de si mesmo e diz que volta, sim, a ser candidato para impedir que seus rivais voltem a governar o país – e está tudo muito bem, e quem reclamar é fascista, extrema direita, e olhe que se mexerem com o Lula botamos o povo na rua!
E o pior é que podem, sim, botar gente na rua. Eles dominam tudo: o governo federal, todos os postos importantes, as empresas públicas, a Caixa, a Petrobrás, o Banco do Brasil. Eles são os donos do governo, da máquina governamental, das centrais sindicais. Eles são donos de tudo. Privatizaram o Brasil para usufruto deles.
Eles são safos – é preciso reconhecer. Não são óbvios, primatas, como Stálin, Fidel, Chávez. São melífluos, fingidores, disfarçados.
Dá vontade de simplesmente jogar a toalha.