domingo, 30 de setembro de 2012

Por que pessoas boas têm de morrer?

Não assistia aos programas da Hebe Camargo, por isso não posso dizer que sinto muito pela perda dela. Talvez possa lamentar mais uma vítima dessa doença infame que se chama "câncer", que já vitimou tantas pessoas de minhas relações e que me eram muito caras.
Lamento, então, a morte pelo câncer de uma pessoa que não fazia mal a ninguém; pelo contrário, divertia e fazia o tempo passar para muitas pessoas, enquanto há tanta gente do mal por aí que continua saudável e não sofre nem de dor na consciência.
Assim como desejo que um dia seja encontrada a cura do câncer, espero que também encontrem a resposta para a pergunta: ser mau torna alguém mais resistente às doenças? Por que coisas ruins só acontecem com pessoas boas?
E não me venham falar sobre evolução da alma, que os bons são levados antes porque já cumpriram sua missão aqui na terra. Se é verdade que este mundo é uma espécie de prisão onde as pessoas que estão aqui devem pagar por suas penas, então não seria o caso das pessoas serem punidas assim que suas maldades começassem a aflorar? Por exemplo: quem roubasse teria câncer; quem matasse, seria atropelado por um trem; quem estuprasse, seria morto em seguida por um pitbull; quem queimasse uma pessoa, em seguida seria carbonizado dentro de um carro e assim por diante. Pra que esperar por uma nova vida para pagar? Tem que pagar nessa, ora.

João Grilo era feliz e não sabia – Por Gaudêncio Torquato*


"Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher." O astuto João Grilo podia recitar versos destrambelhados, fazer traquinagens com o grande amigo Chicó e arrematar impressões com a maior inocência, como a que fez para Manuel, o Leão de Judá, o filho de David, o Jesus negro que pontifica na peça O Auto da Compadecida: "O senhor é Jesus? (...) Aquele a quem chamavam Cristo? (...) Não é lhe faltando o respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado". Grilo jamais podia adivinhar que suas lorotas poderiam, um dia, em vez de gostosas gargalhadas, causar sérios dissabores. A ele e ao pai que o gerou: o teatrólogo, o advogado, o cancioneiro, o romancista da Academia Brasileira de Letras, o genial paraibano Ariano Suassuna.
Falta pouco para o grupo que se autointitula defensor do conceito "politicamente correto" jogar o autor de A Pedra do Reino na masmorra da censura, para fazer companhia a um dos mais influentes escritores brasileiros, Monteiro Lobato. Como se sabe, este autor foi execrado por comparar Tia Anastácia, personagem de Caçadas de Pedrinho, a uma "macaca de carvão" e, mais recentemente, porque seu conto Negrinha teria conteúdo racista, na visão de uma entidade de advocacia racial e ambiental. Ora, estudiosos consideram o conto um libelo contra a discriminação.
A polêmica sobre o uso do lexema negro na literatura se expande na esteira do debate sobre direitos humanos e combate às variadas formas de discriminação. Acontece que as lutas pela igualdade têm jogado na vala comum da discriminação manifestações de todo tipo, mesmo as que retratam um ciclo histórico. É o caso da obra de Monteiro Lobato, que nasceu seis anos antes da abolição da escravatura e vivenciou, até na fase de escritor, a segregação de escravos. Não há como imaginar personagens que tanto encantaram crianças e adultos - Emília, Pedrinho, Saci-Pererê, Visconde de Sabugosa, Tia Anastácia - adotando, ao final do século 19, a expressão que as patrulhas acham corretas. Quem quiser associar Lobato à discriminação certamente vai forçar a barra para encontrar o ato de ofício, como se diz nestes tempos de julgamento do mensalão. É uma questão de interpretação.
Ele retratava um tempo em que a negritude era apresentada de maneira pejorativa. Censurar a expressão de uma época é apagar costumes, queimar tradições. Contextualizar para os alunos de hoje, por meio de anexos e notas explicativas, obras literárias do passado é passar recibo de ignorância. Sinal de barbárie cultural. Para que servem professores? Não são eles que ensinam, interpretam e analisam as condições dos ciclos históricos?
Veja-se esta frase do padre Anchieta sobre os índios: "Para esse gênero de gente, não há melhor pregação do que espada e vara de ferro". Isso tira seu mérito de catequizador? Não sem razão Joaquim Nabuco, o abolicionista, se indignava com os sacerdotes que possuíam escravos: "Nenhum padre nunca tentou impedir um leilão de escravos, nem condenou o regime religioso das senzalas". Que tapume se pode se colocar nas páginas de O Mulato (1881), de Aluísio Azevedo, onde se lê: "Se você viesse a ter netos, queria que eles apanhassem palmatoadas de um professor mais negro que esta batina?". E como apagar trechos de Histórias e Sonhos, de Lima Barreto, que registra: "Não julguei que fosse negro. Parecia até branco e não fazia feitiços. Contudo todo o povo das redondezas teimava em chamá-lo feiticeiro". Barreto é o mesmo que escreveu Clara dos Anjos (1922), libelo contra o preconceito que conta a história de uma mulata traída e sofrida por causa da cor. Quanta estultice prendê-lo nos grilhões da discriminação.
Nessa toada, passamos por Bernardo Guimarães. Em sua Escrava Isaura (1875) há trechos que hoje estariam no índex das proibições: "Não era melhor que tivesse nascido bruta e disforme como a mais vil das negras (...)?". Aportamos na Bahia de Jorge Amado. Em Capitães de Areia descreve João Grande: "Negro de 13 anos, forte e o mais alto de todos. Tinha pouca inteligência, mas era temido e bondoso". Pelo andar da carruagem, os patrulheiros de plantão não se convencem nem mesmo com a beleza poética do canto de Castro Alves. Enxergariam palavras politicamente incorretas do tipo: "E quando a negra insônia te devora" ou "corre nas veias negras desse mármore não sei que sangue vil de messalina". Imaginem se descobrirem o jesuíta André João Antonil, autor de Cultura e Opulência do Brasil (1711), fazendo esta consideração: "Os mulatos e as mulatas são fonte de todos os vícios do Brasil".
Pode-se atribuir ao celebrado Fernando Pessoa a pecha de machista? Eis o que pensava: "O espírito feminino é mutilado e inferior; o verdadeiro pecado original, ingênito nos homens, é nascer de mulher". É possível enxergar Shakespeare acorrentado nos porões da censura? Pois em Otelo se lê que Brabâncio deixara a filha livre para escolher o marido que mais lhe agradasse, mas descobriu que, em vez de um homem da classe senatorial, a donzela escolhera um mouro para se casar. Decidiu, então, procurar Otelo (o mouro) para matá-lo. O roteiro cabe na enciclopédia dos patrulheiros.
Pergunta de pé de texto: por que a tentativa de mudar a História? Simples. O entendimento dessa turma é que chegou a hora do acerto final. Urge refazer a História do passado com os verbos (e as verbas) do presente. Garantir que o ontem não existiu. Eis aí a pontinha da Revolução Cultural que bu(r)rocratas tentam engendrar desde 2004, quando criaram uma cartilha com 96 expressões que consideraram politicamente incorretas. Os "inventores" da nova cultura poderiam até tentar mudar o Código de Hamurabi, escrito por volta de 1700 a. C. Vão esbarrar numa montanha de preconceitos.
 
*Gaudêncio Torquato - jornalista; professor titular da USP, é consultor político de comunicação.  twitter: @gaudtorquato – O Estado de São Paulo.

Força Interior

Sempre acreditei que quando uma pessoa tem uma vontade imperiosa, um desejo imenso que algo se concretize ou um sonho se realize, todo o universo conspirará a seu favor, e ela conseguirá seu objetivo. Por mais que acredite que seja obra divina ou que forças de outro mundo a ajudaram, na verdade foi de dentro dela que saiu toda a energia necessária para sintonizar com as forças da natureza e atrair o que mais queria, seja uma cura, seja algo ou alguém. Todavia, a mesma energia que serve para atrair e elevar, também serve para derrubar quando utilizada de forma negativa. E quando isso acontece, não adianta chorar sobre um vaso quebrado quando todas as forças da natureza se reuniram para derrubá-lo.
Por isso é que acredito nas palavras de Deepack Chopra, quando disse: "Você é como o intenso desejo que lhe impulsiona: assim como é seu desejo, assim será sua vontade; assim como é sua vontade, assim serão seus atos; assim como são seus atos, assim será seu destino; assim como é seu destino, assim será você".
 
 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Os Dez Mandamentos do Convidado Perfeito

01. É sempre pontual. Não chega meia hora antes nem ultrapassa 15 minutos da hora marcada para a festa começar.
02. Conversa com todos os presentes e não monopoliza os anfitriões.
03. Envia flores antes ou leva um presente.
04. Não aproveita a chance para fazer consultas grátis com o médico ou analista de informática que também foi convidado.
05. Não exagera na bebida e, caso, haja reações imprevistas, retira-se discretamente depois de se desculpar com os donos da casa.
06. Evita levar amigos e só pede licença para fazê-lo quando tem certeza de que o “extra” vai se entrosar bem.
07. Quando não há empregados, procura ajudar os donos da casa.
08. Se precisar sair cedo, se despede discretamente só dos anfitriões.
09. Fica atento aos sinais de cansaço dos anfitriões e sabe a hora certa de ir embora.
10. No dia seguinte, liga e elogia a festa.
(Coluna de Célia Ribeiro na Revista Cláudia)


Site da imagem: acordacasa.com.br
 

domingo, 23 de setembro de 2012

Carta aos intelectuais – Por Giovani Grizotti*

Afinal, antes de sermos do mundo, temos de ser regionais.

Apesar de estar expressando minhas ideias neste espaço, dedico este artigo a quem não vive o tradicionalismo. Para os adeptos do CTG, nada do que escreverei aqui soará estanho.
 
Venho de uma intensa cobertura jornalística da Semana Farroupilha, com reportagens de TV, textos neste blog e vários projetos especiais, entre os quais, a inédita chegada da Chama Crioula ao estúdio do Jornal do Almoço.
 
Neste mês de setembro, o estado se uniu em torno de uma tradição. Não houve cidade que não celebrasse a cultura de nosso estado. O Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre, espera reunir 1 milhão de pessoas até este domingo, quando encerra as atividades.
 
Uma tradição que se espalhou pelo país. Emissoras afiliadas da Globo na Bahia e Rondônia deram cobertura às festividades nos seus estados. A Chama Crioula foi acesa, em cavalgada, até na Esplanada dos Ministérios.
 
Mas há um porém. Há quem diga que trata-se de um fenômeno como temporal, ou seja, restrito ao mês de setembro. Engano.
 
E os números confirmam: anualmente, quatro maiores grupos de baile animam cerca de 500 fandangos em clubes e CTGs. São aproximadamente 280 rodeios por ano, reunindo cerca de 1,2 milhão de pessoas, entre desportistas e visitantes, segundo cálculos do MTG. Mas pouco disso aparece nas agendas culturais.
 
Artistas nativistas como César Oliveira & Rogério Melo lotam CTGs e, acreditem, até casas noturnas voltadas ao pop e ao rock. Não raro, esses músicos conquistam prêmios nacionais. E segmentos da mídia com isso? Não se sabe.
 
Aliás, o que é mesmo tradição gaúcha? Coisa de “gauchinho”, expressão que, não raro, costumo ouvir de alguns colegas. Ou, quem sabe, um “circo”, como me escreveu, esses dias, um desses músicos intelectuais da cultura, reagindo a um texto que publiquei no G1.
 
A intensa movimentação cultural tradicionalista nos 12 meses do ano não deixa dúvidas: é preciso rever esses conceitos. Afinal, antes de sermos do mundo, temos de ser regionais.
 
*Texto de autoria do repórter Giovani Grizzoti, publicado em 22/09/2012 na coluna "Pampianas", do Segundo Caderno do Jornal Zero Hora.
 

 
Foto: Ricardo Duarte/ Agência RBS
 

Foto: Edu Rickes/ Produções Fotográficas

O Fantasma da Lagoa dos Barros

Como se não bastassem os ventos da cidade de Osório, que muitos dizem deixar o povo louco, cada lagoa do município tem uma história sobrenatural para ser contada.
A gente do lugar adora contar histórias sobre os mistérios que rondam aquelas águas. Da lagoa dos Barros, entre Osório e Santo Antônio da patrulha, no rio Grande do Sul, já se disse muito.
Já se disse que a lagoa é amaldiçoada.
 
Não há peixe, não há camarão, não há alga, não há nada, nenhum ser vivo pode existir ali, de tão forte o feitiço. Ninguém nela toma banho, ninguém acampa em suas margens ou se arrisca a dar uma voltinha de barco, por mais breve que seja.
Falam que a água é envenenada, que se não morrer na hora o vivente falece logo depois, após muita febre e dor de cabeça, punido pela imprudência. Também corre de boca em boca a crença do redemoinho. O redemoinho fica bem no meio da lagoa, suga qualquer nadador ou embarcação e larga no oceano, a milhas da costa.
Já se disse, ainda, que a lagoa é encantada.
 
Viajantes noturnos juram que ali se apresenta um espetáculo sem par, coisa só descrita na mitologia grega. Fadas translúcidas, ninfas circulando sobre as águas, cavalgando em corcéis brancos, dançando ao som do vento. Sobre o vento também se fala: de tempos em tempos ele deixa de ser vento e vira música.
Mas a mais famosa história ligada à Lagoa dos Barros fala de um caso passional. Lá a noiva Maria Luiza, morta há anos, pode ser vista, vestida de branco, sobre as águas.
 
A lenda surgiu de um caso real. Nos idos da década de 1930, uma moça foi encontrada morta nas proximidades da lagoa. Alguns dizem que ela teria sido morta pelo próprio noivo. Os dois voltavam da festa de casamento, e ao passar pela lagoa, talvez possuído pelos maus espíritos que rondam o local, ele a estuprou e tirou sua vida. Com requinte de crueldade, a noiva teria sido enforcada com o próprio véu.
Outros contam que o motorista da família era por ela apaixonado e não correspondido. O amor impossível teria, então, um fim trágico. Corroído de ciúme do noivo a quem a moça era prometida, o motorista assassinou Maria Luiza na beira da lagoa quando a levava para casa à noite. Depois do crime, amarrou uma corda presa a uma pedra no pescoço de sua adorada, que foi jogada n´água.
Apesar dos esforços da polícia, a morte de Maria Luiza nunca foi esclarecida. A falta de punição para o assassinato gerou a crença geral de que a alma da noiva ficaria vagando pela lagoa, para sempre, tornando o local mais temido e comentado do que já era.
Seja do fundo da lagoa ou do além, a noiva aparece de vestido, véu e grinalda, assustando os motoristas.
Tem noites em que ela aparece na beira da estrada, suja, ferida e pálida, pedindo carona. A pobre alma que se oferece para ajudá-la tem de se preparar para o susto. A noiva se evapora no ar no meio da viagem.
Verdade ou não, todo o povo de Osório sabe que há algo de estranho na lagoa dos Barros, isso há.
 
(Lendas Gaúchas – volume 1 – Zero Hora)
Observação:  Realmente houve um crime. Um casal de namorados saiu de um baile da Sociedade Germânia, no bairro Moinhos de Vento, de moto, em direção ao litoral, e ele, por ciúmes, a matou ao lado da Lagoa dos Barros.

 

sábado, 22 de setembro de 2012

O Gauchismo

Não sei por que tantas críticas em relação ao sentimento de ser gaúcho que vem à tona em muitas pessoas que se orgulham do Estado onde vivem e de sua história. Gauchismo é uma filosofia ou uma religião, dependendo da ótica de cada um, mas jamais uma maldição ou uma doença contagiosa. Chamam os gaúchos mais tradicionais e conservadores de bairristas que se acham superiores a qualquer outra raça. Será que os nordestinos são diferentes quando cultuam o Bumba Meu Boi, que é tido como uma das mais ricas representações do folclore brasileiro? E o povo de Parintins, no Amazonas, também não sente o peito inflado de orgulho durante as festividades onde competem duas associações representadas pelo Boi Garantido, de cor vermelha, e o Boi Caprichoso, de cor azul?
Talvez a perseguição ao gauchismo se deva ao fato de não serem cultuados animais nas festividades do mês de setembro, mas pessoas que lutaram pela liberdade, igualdade e humanidade e em nome dessa bandeira fizeram uma guerra.
Já ouvi gente dizendo que o gauchismo é uma seita. Mas onde estão os fanáticos? Serão aqueles que cantam de cor e com louvor o Hino Rio-Grandense? Serão aqueles que postam vídeos e enaltecem seus heróis por ocasião da Semana Farroupilha? Serão aqueles que gostariam de ver as tradições de seu Estado preservadas, diante de tanta destruição de valores, inclusive familiares?
Só sei que o sentimento que a maioria dos gaúchos deixa transbordar incomoda muita gente que tenta diminuir a importância desse sentimento e tenta acabar com a admiração que os heróis farrapos até hoje inspiram nos gaúchos. Já vi gente tentando transformar esses homens em vilões interesseiros.
Só posso dizer a essas pessoas que se preocupem com seus próprios sentimentos e deixem os gaúchos em paz. Ao contrário de seitas e horda de fanáticos, o gauchismo não mata, não rouba, não expolia, não abate touros como ocorre em touradas, não depreda e nem sai levantando bandeiras por aí pregando mentiras. Gauchismo emociona e não se trata de uma declaração de amor a um Estado, mas de uma declaração de vida.


 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Uma Aula de História Sobre o Nascimento do PT – Por Lúcia Hippólito


O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, por meio das Comunidades Eclesiais de Base.
Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento e um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
 
“Crescimento” do PT:
 
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava aos picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto.
Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo muito chique, conforme o figurino.
 
“Maioridade” do PT:
 
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve de se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve de abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
Pessoas honestas e de princípios se afastam do PT.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Junior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloísa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados à Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida, Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flávio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.
Quem ficou no PT?
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas.
 
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64.
Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando benefícios para os seus. Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente.
É o triunfo da pelegada.
 
Diamantina, Interior de Minas Gerais, 1914.
 
O jovem Juscelino Kubitschek, de 12 anos, ganha seu primeiro par de sapatos.
Passou fome. Jurou estudar e ser alguém. Com inúmeras dificuldades, concluiu o curso de Medicina e se especializou em Paris.
Como Presidente, modernizou o Brasil.
Legou um rol impressionante de obras e; humilde e obstinado, era (E AINDA É) querido por todos. 
 
Brasília, 2003.
 
Lula assume a presidência. Arrogante, se vangloria de não haver estudado.
Acha bobagem falar inglês. “Tenho diploma da vida”, afirma. E para ele basta.
Meses depois, diz que 'ler é um hábito chato".
Quando era “sindicalista”, percebeu que poderia ganhar sem estudar e sem trabalhar - sua meta até hoje.
 
Londres, 1940.
 
Os bombardeios são diários, e uma invasão aeronaval nazista é iminente.
O primeiro-ministro W. Churchill pede ao rei George VI que vá para o Canadá.
Tranquilo, o rei avisa que não vai.
Churchill insiste: então que, ao menos, vá a rainha com as filhas. Elas não aceitam e a filha entra no exército britânico; como "Tenente-Enfermeira", e, sua função é recolher feridos nos bombardeios.
Hoje ela é a Rainha Elizabeth II. 
 
Brasília, 2005.
 
A primeira-dama (que nada faz para justificar o título) Marisa Letícia, requer “cidadania italiana” - e consegue.
Explica, candidamente, que quer “um futuro melhor para seus filhos”.
E O FUTURO DOS NOSSOS FILHOS, CIDADÃOS E TRABALHADORES BRASILEIROS?
 
Washington, 1974.
 
A imprensa americana descobre que o presidente Richard Nixon está envolvido até o pescoço no caso Watergate. Ele nega, mas jornais e o Congresso o encostam contra a parede, e ele acaba confessando.
Renuncia nesse mesmo ano, pedindo desculpas ao povo.
 
Brasília, 2005.
 
Flagrado no maior escândalo de corrupção da história do País, e tentando disfarçar o desvio de dinheiro público em caixa 2, Lula é instado a se explicar.
Ante as muitas provas, Lula repete o “eu não sabia de nada”, e ainda acusa a imprensa de persegui-lo.
Disse que foi “traído”, mas não conta por quem.
 
Londres, 2001.
 
O filho mais velho do primeiro-ministro Tony Blair é detido, embriagado, pela polícia.
Sem saber quem ele é, avisam que vão ligar para seu pai buscá-lo.
Com medo de envolver o pai num escândalo, o adolescente dá um nome falso.
A polícia descobre e chama Blair,  que vai sozinho à delegacia buscar o filho.
Pediu desculpas ao povo pelos erros do filho. 
 
Brasília, 2005.
 
O filho mais velho de Lula é descoberto recebendo R$ 5 milhões de uma empresa, financiada com dinheiro público. Alega que recebeu a fortuna vendendo sua empresa, de fundo de quintal, que não valia nem um décimo disso.
O pai, raivoso, o defende e diz que não admite que envolvam seu “filhinho nessa sujeira?”
 
Nova Délhi, 2003.
 
O primeiro-ministro indiano pretende comprar um avião novo para suas viagens.
Adquire um excelente, brasileiríssimo “EMB-195”, da Embraer, por US$ 10 milhões.
 
Brasília, 2003.
 
Lula quer um avião novo para a presidência. Fabricado no Brasil não serve.
Quer um dos caros, de um consórcio franco-alemão. Gasta US$ 57 milhões e manda, ainda, decorar a aeronave de luxo nos EUA. Do Brasil, não serve.

Marketing social – Por Luiz Felipe Pondé

1. Ser gay está na moda. 2. Ter filha solteira é legal. Mulher não precisa de homem. 3. Não dou valor a dinheiro. 4. Não tenho preconceito. 5. Os homens hoje lidam bem com mulheres que ganham mais do que eles. 6. Minha tia é muito bem resolvida. 7. Vivemos uma crise de valores. Meus valores não são materiais. 8. Existem pessoas que não se vendem. 9. Meu pai me ensinou a ser digno. 10. Não tenho religião, tenho espiritualidade.
Eis alguns exemplos de papo-furado contemporâneo. Trata-se de marketing social. Filho do politicamente correto, grande exercício de lixo cultural.
O marketing social vende mentiras como verdades porque serve a agendas ideológicas de quem as produz. As outras pessoas apenas as repetem para aliviar seus fracassos pessoais ou para vender uma boa imagem social de si mesmas.
Como sempre, a mentira rege o mundo. Não somos mais pecadores, mas continuamos mentirosos. Eliminou-se da agenda moral a consciência do mal como parte de nós mesmos, ficou apenas o hábito contumaz da mentira.
Eis dez teses contra o marketing social:

1. Ser gay não está na moda. A maioria esmagadora do mundo é indiferente ao tema. Isso não significa nada "contra". Se não fosse o fato de grande parte das pessoas que trabalha com cultura (mídia, arte, universidade) ser gay, ninguém daria bola para o assunto. A própria "teoria de gênero" que afirma que você pode ser sexualmente o que quiser é uma invenção de militantes gays e feministas.
Além, é claro, da grana que grande parte da população gay tem por ser constituída de profissionais altamente qualificados que não têm filhos, até "ontem". Agora, ficarão pobres como os héteros.
2. Mãe solteira é péssimo. E, sim, mulher precisa de homem. Sem homem, a maioria revira no vazio da cama. E vice-versa. Mãe solteira é opção para quem não tem mais opção afetiva ou é coisa de gente altamente narcisista. E para a criança é péssimo. Gente que abraça o marketing social, além de mentirosa, é muito egoísta. O mundo inteligentinho está cheio de gente ressentida que prega essa bobagem.
3. Todo mundo dá valor a dinheiro, principalmente quando não tem. Quem mais diz que não dá valor a dinheiro, é justamente quem mais dá. Dizer "não dou valor a dinheiro" prepara o terreno para se pedir dinheiro emprestado ou justificar dívidas não pagas.
4. Todo mundo tem preconceito. Quem diz que não tem, normalmente acha meninas virgens doentes, mulheres que cuidam dos filhos umas idiotas, religiosos burros, os EUA uma nação do mal e Obama um santo. A maioria continua tendo preconceito contra gay, mulher que transa muito e homem chorão. Eu, por exemplo, tenho preconceito contra gente bem resolvida e que diz que não tem preconceito.
5. Nenhum homem lida bem com mulheres que ganham mais do que ele. A menos que ele tenha problema de caráter. É sempre um sofrimento que se enfrenta dia a dia, sonhando com seu fim. Nem as mulheres bem-sucedidas lidam bem com homens fracassados. Muitas "rezam" para que seus maridos falidos ganhem mais ou, pelo menos, o mesmo que elas.
6. Ninguém é bem resolvido, somente os mentirosos, principalmente tias solitárias que fingem ser donas de seus afetos.
7. Valores são sempre materiais, ligados a poder, patrimônio, sucesso, reconhecimento. Não existe "crise de valores" porque nunca existiram valores sólidos, a moral pública sempre foi fundada na hipocrisia e na superficialidade de julgamento do comportamento alheio.
8. Todo mundo tem um preço, sempre menor do que se imagina. Às vezes as pessoas se vendem por muito menos do que dinheiro, se vendem por afetos baratos, promessas falsas e deuses vagabundos.
9. Aprende-se muito pouco com os pais, na maior parte do tempo, o que nos define é o temperamento e as circunstâncias da vida. Aristóteles mesmo dizia que ética é uma ciência imprecisa dominada pela contingência. Quem elogia demais os pais, está ocultando suas vergonhas.
10. Esse negócio de "espiritualidade" é religião sem compromisso. Produto de butique. Pessoas "espiritualizadas" são normalmente as piores e mais indiferentes.