No livro “O Homem sem
qualidades” - de Robert Musil -, Ulrich, o personagem
principal, não tendo qualidades próprias, herdadas, adquiridas ou incorporadas,
teve de produzir por conta própria quaisquer qualidades que desejasse possuir,
usando a perspicácia e a sagacidade de que era dotado para poder sobreviver num
mundo repleto de sinais confusos que não lhe dava garantia alguma de perdurar
indefinidamente.
É assim que vejo a
farta distribuição de medalhas a petistas, desde que Lula chegou ao poder. São medalhas entregues a pessoas sem
qualidades e sem merecimento. Apenas são dadas por vingança ao antigo regime
militar, como um deboche aos militares.
Vejamos:
José Genoíno e
Sigmaringa Seixas, ambos do PT, mais o militante e trabalhador rural Manoel da
Conceição (terceiro nome do PT e exilado político durante a ditadura) foram
agraciados com a Medalha do Mérito Legislativo pelos relevantes serviços
prestados ao Brasil, por terem “dignificado a história e as lutas do PT tanto
no Legislativo quanto na sociedade”.
É claro que as
medalhas foram dadas pelo presidente da Câmara, deputado Marco Maia, também do
PT.
A Medalha Ordem do
Mérito da Defesa, condecoração que é dada a quem tenha se "distinguido no
exercício da profissão, além de organizações militares e instituições civis que
também tenham prestado relevantes serviços ao Ministério da Defesa e às Forças
Armadas no desempenho de suas missões constitucionais" foi dada a Fernando
Pimentel (PT), ex-ministro que foi denunciado ao STF por ter desviado recursos
quando era prefeito de Belo Horizonte e que resultou em prejuízo de R$ 5,1
milhões para a prefeitura.
A Aeronáutica
entregou ( foi obrigada a entregar) a medalha de honra ao mérito Santos Dumont
para a primeira-dama da República, na época, dona Marisa Letícia Lula da Silva,
por ter “prestado destacados serviços à Aeronáutica brasileira, por suas
qualidades e seu valor em relação à Aeronáutica”.
Em protesto à
condecoração, dois pilotos gaúchos decidiram devolver a medalha: Nelson Riet
Correa e Cláudio Candiota Filho.
Esta agora é de
lascar e um verdadeiro abuso:
A Ordem de Rio
Branco, no grau de Grã-Cruz, o mais elevado distribuído pelo Ministério das
Relações Exteriores e que é entregue pelo presidente da República e pelo
chanceler do Ministério, foi dada à primeira-dama Marisa Letícia e à própria
mulher do chanceler, Ana Maria Amorim. Como Lula e o Celso Amorim, o chanceler,
não podiam entregar as insígnias para as respectivas esposas, inventaram uma
viagem ao Exterior para deixar o encargo nas mãos de seus substitutos
imediatos.
E agora a pior de
todas e um soco no estômago:
A Medalha da Vitória,
comenda
concedida a militares e civis que contribuíram para difundir a atuação do País
em defesa da liberdade e da paz mundial, em especial na 2ª Guerra Mundial, foi
dada ao ex-guerrilheiro José Genoino, por ter atuado na Guerrilha do Araguaia
na década de 70.
O mesmo José Genoino,
condenado pelo STF por corrupção ativa, também foi agraciado com a Medalha de
Pacificador, condecoração criada para galardoar militares e civis, nacionais ou
estrangeiros, que tenham prestado assinalados serviços ao Exército brasileiro,
elevando o prestígio da Instituição ou desenvolvendo as relações de amizade
entre o Exército Brasileiro e os de outras nações.
O que José Genoino
tem a ver com tais medalhas? O que todas as pessoas que citei acima têm a ver
com as condecorações que receberam?
E os policiais que
são mortos em serviço? E as vítimas que tombaram por causa de bombas e
atentados dos ex-guerrilheiros?
Para esses, vale a
letra daquela canção gaúcha “Sabe Moço”, do Leopoldo Rassier: “No peito em vez de medalhas, cicatrizes de
batalhas foi o que sobrou para mim”.