domingo, 28 de julho de 2013

Espiritualidade versus Bestialidade

Porque hoje é domingo, fiquei na cama até mais tarde e acabei  assistindo à missa do Papa pela televisão.
Duas coisas me chamaram a atenção: as músicas, belíssimas, cantadas por vozes estupendas, inclusive as dos padres Fábio de Melo e Reginaldo Manzotti, e emoção das pessoas, dos peregrinos e fiéis.
É indiscutível que a religião, seja qual for, é um alento para as pessoas. Religião consola, alivia as dores da alma, cura, emociona ou apenas toca fundo pessoas que, assim como eu, são mais adeptas da filosofia do que de religião.
Não me importo com o dinheiro público que foi gasto para a vinda do Papa. Duvido que as muitas pessoas que estavam rezando, com seus terços nas mãos e com fotografias de entes queridos elevadas para que pudessem também receber bênçãos, também se importassem. Naquele momento, havia esperança, desejo de acreditar que exista uma força maior capaz de aliviar seus males ou ajudar em suas reformas íntimas. O povo brasileiro, que muitas vezes não pode contar a medicina por falta de dinheiro e de estrutura, precisa muitas vezes mais da religião. Quando falta medicina, há a religião.
Por isso, gostaria que aqueles manifestantes que fizeram baixarias sexuais com imagens de santos e crucifixos fossem para o quinto dos infernos. Ninguém tem o direito de debochar da religião dos outros, mesmo que seja ateu ou que acredite apenas em ciganas, videntes, gnomos, fadas e duendes.
Mesmo não sendo um exemplo de pessoa cristã, religiosa, eu respeito todas as formas como as pessoas costumam cultuar seus deuses e manifestar sua fé, desde que sejam usadas para o bem, jamais para o mal.
Se aqueles manifestantes - que mais pareciam seres saídos do pior dos umbrais - só podiam  demonstrar suas crenças daquela forma ignóbil, são dignos de pena, pois ignorância jamais transformará nenhum ser humano em uma pessoa melhor. Por mais ínfima que seja a fé de uma pessoa, não deixa de ser uma esperança, e esperança é uma energia transformadora. É uma pena que algumas pessoas preferirão a bestialidade em vez da espiritualidade.
Ninguém, por mais ateu que seja, sobrevive neste mundo sem ter um pouco de espiritualidade. E uma das formas pela qual a espiritualidade se manifesta numa pessoa é quando ela sabe respeitar seu semelhante. E ela nem precisa frequentar igrejas e templos para confirmar isso.
 
 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Cães de Terapia

Em alguns aeroportos dos EUA é adotado o programa “cães de terapia” para distrair pessoas e crianças que aguardam voos. É um programa para ajudar a aliviar o estresse muitas vezes associado a viagens: as filas longas, a espera, o desconforto, a preocupação com o problema pendente, a ansiedade provocada pelo medo de avião, a viagem de última hora para uma emergência, a vida que vai mudar depois de um divórcio ou da perda de um ente querido e, até, o medo de um ataque terrorista.
O programa consiste em deixar cães vestindo uma capa onde se lê “Afague-me” à disposição das pessoas. Elas podem afagá-los, tocar em seus pelos, brincar com eles ou até mesmo assistir às suas peraltices. Eles estão ali para isso mesmo: para proporcionar alegria espontânea, interagir com as pessoas e deixá-las com um sorriso no rosto e a alma mais leve. 
O sistema foi adotado depois que estudos apontaram o quanto o contato com animais pode reduzir os níveis de estresse e melhorar a condição geral da saúde, mesmo através de uma convivência rápida, como numa espera por um voo, por exemplo.
 
 
 
 


 
 

Ritalina: o Monstro da Infância

Como a indústria farmacêutica destrói premeditadamente as nossas crianças.

Soa como uma horrível estória de um filme de terror: um psiquiatra norte-americano, internacionalmente famoso, testa em seus pacientes, nos anos 60, diferentes remédios psicotrópicos com a intenção de acalmar as crianças. Quando encontra a pílula adequada com a qual consegue acalmá-las, ele levanta em nome da Organização Mundial da Saúde a agitação das crianças como uma nova doença. Uma nova fonte de renda da rede mundial da indústria médica e farmacêutica. Milhões de jovens em todo o mundo tomam a ritalina há décadas, porque eles teriam a suposta TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).
A doença chama-se TDAH. O gigante farmacêutico e outros faturaram bilhões nas últimas décadas com o uso da ritalina. O citado neurologista norte-americano leva o nome de Leon Eisenberg. Todavia a verdade sempre vem à tona, mesmo se às vezes demore um pouco mais. Pouco antes de sua morte em 2009, o médico de 89 anos revelou o embuste: nunca ele havia imaginado que sua descoberta tornar-se-ia tão popular, declarou ele em um artigo:“TDAH é um exemplo marcante para uma doença fabricada!”.
Uma doença fabricada. Isso também foi comprovado por uma recente notícia da semana passada: Diante do dramático aumento dos casos de diagnóstico de TDAH (um aumento de cerca de 400 vezes entre 1989 e 2001), os pesquisadores são agora unânimes: TDAH é estampada – precipitadamente – como espada de Dâmocles para a vivacidade das crianças. Os meninos caem com mais frequência na armadilha. Tudo deve estar em ordem para o cartel farmacêutico. Entrementes, esta “doença fabricada” manifestou-se mundialmente como transtorno psíquico. Uma injustiça, como cada vez mais vem à luz do dia: aquilo, que é conhecido como TDAH ou TODA (síndrome de déficit de atenção) e supostamente condicionada à herança genética, baseia-se, de fato, frequentemente em diversos motivos e tem pouco a ver com um verdadeiro quadro de doença psíquica, como me explicou há alguns anos o antigo chefe da psiquiatria para crianças e jovens da Uniklinik Eppendorf, o falecido Prof. Dr. Peter Riedesser: frequentemente problemas familiares têm um papel importante, que devem ser investigados, além disso, a maioria dos atingidos são garotos, o que também está relacionado com o fato destes não raramente terem um temperamento mais desenfreado do que as garotas. Mas em relação às meninas, a maioria das afirmações tendem para o códex comportamental, assim como para as instituições de acolhimento dos jovens, como também nas escolas. Basta os garotos brincarem como selvagens para que eles mereçam rapidamente a atenção. Na realidade, a TDAH é um problema dos incompreendidos jovens da atualidade. Um exemplo:
Quando eu vi há alguns anos a mãe de um garoto vizinho chorando, eu perguntei a ela o que estava acontecendo. Ela respondeu que a instrutora do jardim da infância havia lhe participado que seu filho tinha a TDAH, a assim chamada Síndrome de Zappelphilipp, e que a criança teria que tomar o forte remédio Ritalina. Afinal, o garoto era hiperativo. Eu fiquei pasma, pois, a meu ver, isso era inimaginável, o menino não tinha um comportamento alterado, nem era hiperativo, mas sim deixava uma impressão saudável de grande vivacidade. Como a instrutora do jardim de infância sabia exatamente qual era o problema, eu perguntei à mulher, pois ela não era nem psicóloga nem médica. A minha vizinha respondeu que a instrutora havia participado em um curso noturno exatamente sobre este tema.
Felizmente consegui telefonar imediatamente para o Prof. Riedesser e reportei-lhe o caso. O médico chamou o garoto e o examinou minuciosamente. Diagnose: a criança era completamente normal. O que eu não sabia até então: a indústria farmacêutica formava há muito tempo educadores e professores de jardim de infância e escolas, a fim de que eles tivessem uma “visão exata” sobre crianças com grande vivacidade, e cujos pais seriam informados sobre o perigoso diagnóstico e fossem informados a respeito do adequado medicamento.
E aqui devemos saber: a ritalina não é um comprimido qualquer, mas sim algo “barra pesada”: ela contém metilfenidato e atua nos neurotransmissores cerebrais, exatamente onde a concentração e os movimentos são controlados. E o que ainda é fatal: o efeito do metilfenidato nas pessoas está longe de ser completamente pesquisado. Nada se sabe sobre suas consequências nas próximas gerações; perigosas doenças como Parkinson devem estar relacionadas, por exemplo, com o uso da ritalina. Os efeitos colaterais do pequeno comprimido branco vão desde a falta de apetite e insônia, desde estados de medo, tensão e pânico até crescimento reduzido. Além disso: ritalina é um psicofármaco e faz parte do grupo dos anestésicos, assim como a cocaína e a morfina. Todavia, como já dito, é receitado a crianças pequenas, frequentemente por vários anos. Porém, a “doença” não é curada através da ritalina: assim que a aplicação do medicamento é suspensa, os sintomas reaparecem imediatamente.
A ritalina é uma pílula contra uma doença inventada, contra uma doença, ser um jovem “difícil”, lê-se no Deutscher Apotheker Zeitung (publicação dirigida às farmácias – NT). E o inventor da TDAH, o várias vezes condecorado neurologista norte-americano Eisenberg, declarou consternado no fim da vida: “A pré-disposição genética para TDAH é completamente superestimada”. Ao contrário disso, os psiquiatras infantis deveriam pesquisar com muito mais carinho os motivos psicossociais, que podem levar a desvios de comportamento, declarou Eisenberg ao jornalista científico e autor de livros, Jörg Blech, conhecido pela sua ampla crítica à indústria farmacêutica e seu livro Die Krankheitserfinder (Os inventores de doença – NT). Reconhecimento tardio, muito tarde, mais do que tarde!
Arrependido, Eisenberg afirmou antes de morrer onde poderiam ser encontradas as causas, e elas deveriam ser examinadas com maior afinco ao invés de se lançar mão logo de imediato do remédio: há disputas entre os pais, mãe e pai moram juntos, existem problemas na família? Estas perguntas são importantes, mas elas tomam muito tempo, citando Eisenberg, o qual, suspirando, acrescentaria: “Um remédio é indicado rapidamente.”
“Nossos sistemas estão se tornando desagradáveis aos jovens”, afirma também o professor para pesquisa de abastecimento farmacêutico da Universidade de Bremen, Gerd Glaeske. Jovens querem viver com mais riscos e experimentar. Mas lhes falta o necessário espaço livre. Jovens tentam ultrapassar os limites, isso chama a atenção em nosso sistema. “Quando alguém diz que os jovens atrapalham, também devemos conversar sobre aqueles que se sentem incomodados”, declarou o professor.
O FAZ escreveu a 12 de fevereiro de 2012 que o diagnóstico TDAH aumentará diante da declaração do fracasso escolar e, mundo afora, apenas a Novartis faturará 464 milhões de dólares com o comprimido, que torna o jovem “liso, sociável e quieto”. Há 20 anos, 34 quilos de metilfenidato foram prescritos pelos médicos – hoje são 1,8 toneladas. Em todo o mundo, cerca de dez milhões de crianças devem receber a prescrição para tomar ritalina, na Alemanha devem ser cerca de 700.000.
A comissão ética da Suíça na área de medicina humana, NEK, desferiu uma nota bastante crítica em novembro de 2011 diante o uso do medicamento ritalina usado contra TDAH: o comportamento da criança é influenciado através da química, sem que seja necessário qualquer esforço próprio.
Isso é uma agressão à liberdade e personalidade da criança, pois compostos químicos causam certas mudanças comportamentais, mas que as crianças não aprendem sob a ação de drogas químicas, como poderiam mudar de hábito por si próprias. Com isso lhes é subtraída uma importante experiência de aprendizado para atuação com responsabilidade própria e respeito alheio, “a liberdade da criança é sensivelmente reduzida e limita-se o desenvolvimento de sua personalidade”, critica o NEK. Sobre as consequências para a saúde através da ingestão de psicofármacos, nada é declarado.
Peter Riedesser alerta: “Hiperatividade não é necessariamente um sinal de perturbação profunda, como uma depressão, que deve ser tratada com outra coisa diferente de ritalina”.    

Considerações

Estou pouco me importando se o Eike já não é mais bilionário. Não quero nem saber se o Genoíno está passando bem ou não. No Sírio Libanês todos sempre passam muito bem.
Não mexem comigo notícias desse tipo, mas me comovi ao saber da morte de um mendigo por causa do frio. Legistas dizem que ele já devia estar doente e o frio inclemente acabou por tirar-lhe a vida. Enfim, já estava morto desde o momento em que não foi hospitalizado para receber tratamento e também porque a calçada era sua casa. Ironia é um programa assistencialista da Dilma se chamar  Minha Casa Minha Vida e contemplar até filhas de prefeitos e não contemplar moradores de rua. Ironia é não existir um programa de recuperação de moradores de rua  igual ao que recuperou um "mendigo-modelo" em Curitiba. Moradores de rua só podem contar com abrigos, mas abrigos resolvem os problemas deles somente até o amanhecer. Mais nada.
Sei que muitas pessoas alegam que os mendigos não gostam de abrigos porque têm de obedecerem a certas regras, como, por exemplo, não poder beber cachaça no recinto. É compreensível que eles não queiram se separar da cachaça, seu único alento para suportar a vida miserável. Enquanto muitas pessoas só conseguem dormir com Rivotril, mendigos só conseguem com cachaça, pois é a única droga que conseguem comprar.
Por isso é que acho que mendigos não precisam de abrigos. São apenas "fornecedores de felicidade temporária", paliativos, assim como os antidepressivos e ansiolíticos.  Cachaça é o Lexotan deles. Mendigos precisam de cuidados, de tratamento específico, precisam ser internados em clínicas especializadas pagas pelo governo a fim de serem recuperados. Mendigos são pessoas que um dia perderam tudo, seja lá o motivo que for, perderam a dignidade e o respeito por si mesmos. Precisam de ajuda psicológica, de tratamento, precisam se sentir dignos novamente. Não estão nas ruas porque querem, mas por algum motivo que poderia ser descoberto caso não houvesse tanto descaso.
Eu não me importo com a saúde de políticos corruptos, mas me importo com o dinheiro que eles escondem em malas e cuecas, dinheiro dos impostos que pagamos para que pessoas não passem fome, frio e muito menos morram porque não receberam tratamento para suas doenças.
Indigna não é a miséria exterior de uma pessoa. Indigna é a sua morte causada pela miséria interior dos nossos políticos e legisladores.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Papas e Pombas Brancas

Podem me chamar de herege, ímpia, ateia, mas não acredito em pombinhas brancas pousando em mãos de papas por livre e espontânea vontade e a mando dos deuses.
Desde os primórdios dos tempos que pombas brancas são treinadas para cumprir certas funções e voltarem para casa a salvo, depois da cerimônia.
Assim como cães, gatos, macacos e até galinhas são treinadas para diferenciarem cores, as pombas também são treinadas para diferenciar o que seja um papa dos demais cidadãos. Isso costuma ocorrer também durante casamentos e funerais de pessoas importantes. Os números com mágica envolvendo pombas brancas também comprovam o quanto é fácil treinar essas aves. Também os antigos pombos-correios mostravam capacidade ao reconhecer seus destinos.
Conforme a Bíblia, pombos brancos são símbolos de santidade, e às vezes eles representam o Espírito santo, santos ou anjos da guarda.
No caso da pomba branca que pousou na mão do papa, causando comoção por ser um sinal de santidade, para mim foi apenas uma pombinha treinada para pousar na mão de quem estivesse com certas vestes (mantelete e sobrepeliz) e depois voar de volta para a casa.
Antes que me apedrejem, digo que é minha opinião e é subjetiva. Cada um acredita no que quiser e também tem direito de não acreditar no que os outros acreditam. Fé independe de religião.
 
 
 

Os Butiás e a Moral – Por Cíntia Moscovich

Na coluna da Claudia Tajes no Donna de domingo passado, ela comenta que lhe caíram os butiás do bolso ao saber que, numa das últimas manifestações, um grupo que se dizia contrário à atuação dos veículos do grupo RBS espalhou esterco em frente à sede da empresa – grupo que deve ser do mesmo time que ocupou a Câmara e que expulsou jornalistas no grito.
Eu sei que tem gente que não lê a Zero Hora, que não sintoniza emissora da RBS e que faz até campanha contra.
Sei também, bem sabido, que é moda fazer linchamento moral de pessoas e instituições com as quais não se simpatize ou não se compreenda (que é o mais comum). Até aí tudo bem, cada um vive como pode, o direito ao gosto e ao desgosto é uma das prerrogativas do Estado republicano. O que não se pode nunca achar justo é que um bando de jovens, movidos por uma ideologia de ódio, emporcalhe o prédio de uma empresa de comunicação – ou qualquer outro prédio.
Penso que essa rapaziada, que se deu ao trabalho de carregar pela Avenida Ipiranga tonéis de esterco e galões de um líquido identificado como cocô de porco, além de ter um senso de humor comparável aos excrementos que trazia, não tinha noção de quem estava envolvendo na imundícia. Não pensou que quem ia limpar a porcaria não ia ser algum executivo, jornalista ou editor, muito menos qualquer membro da família que é dona da empresa que eles tanto execram; quem teve que dar cabo de toda a cocozada e aguentar a fedentina foi mesmo o pessoal da limpeza, trabalhadores humildes que merecem o respeito e a consideração que lhes foram subtraídos pela corja.
Agora: na tentativa de escracho, quem saiu mal foram mesmo esses meninos, que acabaram respingados até a alma da mesma sujeira que jogaram na frente do prédio.
Os butiás do bolso da Claudia Tajes a gente pode até resgatar. Quero ver é limpar essa moral de merda em que a gente literalmente atolou.
Publicado em 24/07/2013 – jornal Zero Hora)
 
 

sábado, 20 de julho de 2013

Kit para Debate – Por Cláudia Laitano

"O pensamento sensato é uma das mais contraintuitivas habilidades humanas"
 
Quando os ânimos estão exaltados, o bom senso é o primeiro a tombar em batalha – o que, infelizmente, não significa que ele esteja a salvo quando tudo parece calmo. Na verdade, o pensamento sensato é uma das mais contraintuitivas habilidades humanas. Não é como dançar quando se ouve  música ou salivar diante de uma macarronada. Agir e pensar contra os impulsos, as ideias preconcebidas ou aquilo que se aprendeu a acreditar exige esforço e alguma humildade. Não é natural, mas pode ser treinado. 
O filósofo Daniel C. Dennett, que propôs uma das mais contraintuitivas teorias do pensamento ao questionar o conceito de “livre arbítrio”, escreveu um artigo no jornal The Guardian em que apresenta uma espécie de kit básico do embate de ideias. São sete regras que podem ser bastante úteis, no mundo real e nas redes sociais, nestes dias em que a paixão e a irracionalidade do estádio de futebol parecem ter migrado para o debate político.  As sete ferramentas do pensamento crítico, segundo Dennett, são as seguintes:

1)  Saiba errar
Todo erro oferece uma oportunidade de aprendizagem, mas para isso é preciso ter honestidade intelectual e disposição para corrigir a rota. 
 
2) Respeite o adversário
Se você quer ser ouvido, experimente ouvir os outros e considerar seus argumentos antes de dar a eles uma resposta pronta – ou um coice. Não seja pedante, cínico,  arrogante: essa é uma péssima propaganda para as suas ideias.
 
3) “Evidente”, só que não
Desconfie de expressões como  “evidentemente” quando elas não vêm acompanhadas dos argumentos que detalham o que era para ser óbvio – e quase nunca não é.
 
4) Responda perguntas retóricas
Como o “evidentemente”, as perguntas retóricas não servem para nada e ainda desviam o rumo do debate: “Quem pode dizer o que é certo ou errado?”. Qualquer um.
 
5) Observe a Lei da Parcimônia
Se algo pode ser explicado em poucas palavras e de forma simples, dispense as argumentações longas e extravagantes. 
 
6) Lembre da Lei de Sturgeon
Theodore Sturgeon (1918 – 1985) foi um autor de ficção científica e cunhou a seguinte frase: “90% de tudo é bobagem”. Dennett concorda que isso pode ser um exagero, mas sugere que não se perca tempo com argumentos que não se sustentam.
 
7) Fuja do “profundismo”
Reconheça pensamentos supostamente profundos que são apenas banais. Dennett criou a expressão “deepity” para definir aquele tipo de frase que parece bonita, mas na verdade é apenas vazia, tipo “o amor é só uma palavra” ou “a felicidade está nas pequenas coisas”.  O “profundismo” é tudo menos “profundo”  – e talvez por isso faça tanto sucesso nas redes sociais e nas mesas de bar.
(Publicado em 20/07/2013, no jornal Zero Hora)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Para os que se escandalizam com a nudez dos outros

Esta conversa aconteceu em 1991, na colônia de férias da UFRGS, em Capão Novo.
Amiga A: "A Adriana (o nome foi trocado por motivos óbvios) está passando dos limites. Já é o quarto cara que fica em dois meses. Ela se atira pra cima de todo mundo e fica desfilando com aquele fio dental, se oferecendo".
Amiga B: "Pois é, ela tem aquela cara de santinha, mas tira a roupa pra qualquer um".
Amiga B, virando-se para o namorado e perguntando: "Você não acha, amor, que a Adriana transa com qualquer um que apareça pela frente?"
Namorado da Amiga B, curto e grosso: "Eu acho que cada uma tem de cuidar do próprio rabo".
Amiga C (eu) registrando para sempre a expressão estupefata nos rostos das Amigas A e B, que ficaram caladas e nunca mais falaram da Adriana.
Contei esta história verídica para ilustrar por que não fico chocada quando leio sobre pessoas que tiraram a roupa por esse ou aquele motivo ou sem motivo algum, quando o fazem por livre e espontânea vontade.
A lição serviu para mim também. Cada um tem que cuidar do próprio rabo e deixar o dos outros em paz.

Médicos Cubanos

Não haveria necessidade de trazer médicos cubanos para o Brasil. Bastaria oferecer aos médicos brasileiros que quisessem trabalhar em áreas remotas todos os privilégios e benefícios dados a parlamentares, tais como:
 
- salário compatível com a função;
- auxílio-moradia;
- ajuda de custo (água, luz, telefone, internet etc.);
- auxílio-alimentação;
- voo pela FAB (ou helicóptero do governo) cada vez que eles e familiares precisassem retornar à terra natal;
- verba para gabinete (no caso, seria verba para consultório, para que eles pudessem pagar funcionários: faxineira, enfermeira, secretária);
- ressarcimento das despesas que teriam com compra de medicamentos e materiais para uso em seus consultórios;
- auxílio-terno (no caso, seria auxílio avental);
- carros oficiais (no caso, seria ao menos uma ambulância para que o médico ou um motorista pudesse levar os pacientes mais graves para algum hospital).
 
De que adianta colocar um médico, seja brasileiro ou estrangeiro, numa localidade e ele ter de atender pacientes num cubículo caindo aos pedaços, sem equipamentos adequados, sem materiais descartáveis, sem condições de fazer uma cirurgia de emergência num paciente em estado grave?
Enfim, o problema da saúde pública não se resume à falta de médicos, mas à falta de estrutura para que os médicos prestem bons serviços à comunidade.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Recado para Dil

Texto bem humorado do Max Nunes, escritor, médico e humorista, também compositor de canções, como "Bandeira Branca", de 1970.
 
Recado para Dil:
 
Dil, posso chamar você assim, né? Até porque tiro o "ma" do seu nome e você fica boazinha. Sua fala foi boba, bem bobinha, mas o modelinho está ótimo e a plástica impecável (ele parcela?).
Enfim, tava na hora de você sair do Candy Crush e dar as caras. Afinal, é a presidente. Aliás, eu até pensei que você estava viajando, sei lá, pro Japão, pois sumiu de cena no momento mais tcham desde o Diretas já. Você perdeu: o Largo da Batata foi um sonho! O pior, Dil, é que não tem saída. Ninguém, nem eu, nem tu, nem o rabo do tatu, acreditamos que está tudo bem como você tentou mostrar. Tá uma merda, fofa. Se você tivesse ido pro SUS quando teve câncer, ia assistir a Copa do céu e a gente estaria conjugando o verbo Temer. Mas você foi pro Sírio, coisa pra poucos. Depois foi com a galera ver o Papa, o Obama, o Lochas e sei lá mais quem. Viajandona...Saiu até na Forbes como a poderosa entre os poderosos e, se continuar frequentando esse cirurgião plástico, ainda vai sair na Playboy. O nó é que se a galerinha continuar zuando, você vai terminar é foderosa. Vai vendo...se não for o Lula, vai ser o Sarney, ou o Temer, ou o Dirceu, ou o Joaquim, ou o Edir, mas vão tirar você daí. Pode acreditar. Fica esperta. Esse povo não presta e a galera tá nervosa. Pode chamar isso de sequestro relâmpago. Pegaram você e o preço do resgate é alto. Você tem como pagar? Põe os brinquinhos no prego, bebê, e fecha a torneira por onde nossa grana escapa. Se possível, ontem.

Lula e Suas Mentiras

Em elogio a Dilma, Lula disse para o New York Times que milhões de brasileiros, incluindo os da classe média emergente, compraram seu primeiro carro e começaram a viajar de avião.
Ele só não mencionou - e não mencionaria nem sob tortura - que o percentual de famílias brasileiras com dívidas subiu para 65,2% em julho, enquanto que em junho o percentual foi de 63%, conforme informou nesta terça-feira (16) a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em sua Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Foi o segundo maior resultado da série iniciada em 2010, segundo a CNC.
O número de endividados também aumentou na comparação com julho de 2012, quando foi 57,6%, um acréscimo de 7,6 pontos percentuais. Aos entrevistados foi perguntado se tinham dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.
Os percentuais de famílias com dívidas e contas em atraso e sem condições de pagar também cresceram tanto na comparação com junho e com julho de 2012, segundo a Peic, que informou ainda que o número de famílias que têm percepção de endividamento elevado alcançou o maior percentual nos últimos 12 meses. (Fonte G1 - Economia)
Ou seja, esses créditos e financiamentos fáceis a fim de dar uma falsa impressão de crescimento econômico só estão gerando uma legião de endividados. Sem contar o aumento nas estatísticas de acidentes de trânsito e dívidas com gastos em hospitais.

Caso Kiss, Mais um Retrato de Impunidade

"MP responsabiliza bombeiros e livra prefeito no caso Kiss". Notícia estampada em todos os jornais. Não somente o prefeito, mas todos os servidores municipais envolvidos na emissão do alvará de funcionamento da boate. Para o MP, funcionários públicos podem FALHAR, é normal, mas os bombeiros não têm esse direito. Bombeiros não são gente: são bodes-expiatórios. Mesmo sabendo que houve falha administrativa na tramitação dos alvarás da prefeitura, os promotores afirmam não haver improbidade. Mas a "desonestidade" dos quatro oficiais do Corpo de Bombeiros repercutiu na morte de 242 pessoas.
Ou seja, a investigação da Polícia Civil, que culminou num inquérito policial responsabilizando 28 pessoas pela tragédia, incluindo o prefeito Cézar Schirmer, não teve relevância alguma. O que valeu foi o “vislumbre” das falhas que o MP teve do caso todo. Eu frisei “vislumbre” porque foi essa expressão utilizada pelo MP na sua “investigação”.
E diz mais o MP: “A polícia não tinha atribuição alguma para investigar improbidade administrativa. Não tinha, não tem e nunca terá”.  Foram estas as palavras do subprocurador-geral para Assuntos Institucionais do MP, Marcelo Dornelles. Ele também disse que seria mais fácil se pudessem condenar a todos, mas eles têm de se ater à “LEI”.
Aí está o “X” da questão. O MP não podia acatar o inquérito policial instaurado pelo delegado de polícia Marcelo Arigony, mesmo que as provas contra os envolvidos fossem contundentes, mesmo que estivesse correto e dentro da lei.
Se agisse desta forma, estaria favorecendo a aceitação da PEC 37, que tira poderes do MP para dá-lo aos delegados de polícia. Por isso, de jeito algum foi possível valorizar o trabalho de investigação da polícia. Seria como entregar o ouro ao bandido.
Desta forma, estou mudando a opinião que tinha sobre a PEC 37. Antes era contra, agora sou a favor. A polícia investiga, mas o MP apenas “vislumbra”. Não é o trabalho de investigação policial que é falho; não são as tramitações de documentos em órgãos públicos que são falhas; não é a desonestidade de alguns servidores que causam falhas: as leis é que falham. Falham no sentido de serem frouxas, liberais e passíveis de serem modificadas conforme conveniências políticas.
O que mata mais neste país são as LEIS. E aqueles que as aplicam são os que mais contribuem para que a impunidade e a corrupção jamais tenham um fim.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Quando o Crime Comanda

Quem assistiu ao Fantástico ontem ficou sabendo que uma deputada estadual de Rondônia, chamada Ana Lúcia Dermani (vulgo Ana do 8), vendeu 33% dos rendimentos de seu mandato na Assembleia Legislativa a um traficante, um tal de Beto Barba, chegando a registrar  o documento em cartório se comprometendo a lotear os cargos em seu gabinete com traficantes.
Ana do 8 foi eleita com o dinheiro do narcotráfico, segundo a polícia, e deveria pagar  os financiadores da campanha em forma de nomeações de “fantasmas” para o gabinete.
Em sequência também foi noticiado o caso do vereador Jair Montes, que foi preso devido ao seu envolvimento com o narcotráfico. Ele foi denunciado pela então esposa, Eliane Montes, que morreu em circunstâncias misteriosas. Ela foi vítima de um suposto assalto.
Eliane Montes, em depoimento à polícia, disse, na época: “Depois que o Jair se envolveu com o Beto Baba começou a entrar dinheiro lá em casa. Eram malas e malas de dinheiro. Dinheiro que era guardado até no forro, junto com droga”.
Isso me faz pensar em quantos casos iguais a estes não existem em todos Estados e cidades brasileiras. Parlamentares sendo financiados com dinheiro da bandidagem, tendo depois de colocar gente da pior espécie em seus gabinetes.
Talvez seja por isso que não querem que passe a vigorar a Lei da Ficha Limpa.
Talvez seja esta razão que faz com que as leis penais não sejam revistas e sejam sempre tão benevolentes para com bandidos. Eles é que mandam.

Paulo Sant'Ana, em 13/07/2013 (ZH)

Uma reflexão: quem causa maiores danos, os vândalos que se infiltram nas manifestações ou os vândalos que se infiltram na política e consomem as verbas públicas em corrupção e privilégios?
O Brasil vê vandalizadas as suas verbas públicas no superfaturamento das obras e pela cristalização de privilégios enraizados em sua nomenclatura.
Todas essas manifestações nas ruas podem resumir-se em uma central de anseios.
Que o dinheiro retirado dos impostos retorne ao povo, mediante Saúde, Previdência, Educação e Segurança.
É só isso. Que não se desvie o dinheiro do povo.
O dinheiro do povo é do povo e não de grupos corruptos ou mamadores sedentos e contumazes das tetas do erário.

domingo, 14 de julho de 2013

Ieda Maria Vargas, Beleza e Atitude.

Em um curta gaúcho promocional da RBS sobre a Ieda Maria Vargas, ela refere-se a uma contestação que sofreu por causa do uso do traje típico que deveria usar no concurso Miss Universo 1963. Como era costume na época, o traje típico do Brasil era o de baiana. As misses podiam vestir o traje típico de seu Estado para o Miss Brasil, mas para concorrer ao Miss Universo, deveriam vestir-se de baiana.
Então ela bateu o pé: de baiana, não. Era gaúcha, de Porto Alegre, e usaria um chiripá, o mesmo traje típico que usou para representar o Rio Grande do Sul no concurso Miss Brasil.
E foi assim que representou o "Brazil" no Miss Universo 1963: de chiripá. E foi eleita a mais bela mulher do mundo.
Ieda Maria Vargas comprovou que não é a aparência física que faz uma mulher se sobressair num universo de iguais, mas a atitude. É isso o que leva qualquer pessoa, seja homem ou mulher, à conquista de seus objetivos.
 
 
 
 
 
 
  



segunda-feira, 8 de julho de 2013

O Inferno Dentro de Um ônibus.

Entro no ônibus da linha T-5 para ir ao meu curso na Zona Norte. Acomodo-me no banco de trás, pensando em ter paz para repassar a matéria que será dada hoje. Não dá. Três jovens decidem também pelo banco de trás; riem e falam alto, contando as mirabolantes histórias do final de semana. Deus do céu, desde quando colocar pasta de dente nos óculos do amigo enquanto ele dorme é engraçado? Eu não quero escutar isso, mas sou obrigada. No banco da frente, um rapaz pega um celular e parece conversar com a namorada. Fala alto, para todo mundo ouvir: “Agora você vai me explicar por que não quer falar comigo”.  E vai nesta ladainha de “por que isso ou por que aquilo” enquanto todo mundo ouve. Eu não quero ouvir isso, mas sou obrigada. Ao meu lado senta-se outra jovem. Masca o chiclete ruidosamente, como se aquela goma fosse um néctar dos deuses. Para meu horror, começa a estourar bolas: “ploc, ploc”, uma atrás da outra. É muito “ploc” e saliva pra cima de mim. Faço cara feia para ela. Ela olha para mim e faz mais um “ploc”, só por desaforo. Penso em trocar de lugar, mas o ônibus já está lotado, com gente se pendurando até na gola do vizinho, e não tenho alternativa.
Estou quase chegando ao final e os ruídos continuam. Já sei todas as sacanagens que os jovens são capazes de fazer quando vão passar o final de semana numa praia e também todas as inseguranças em relação à namorada do rapaz que fala, ainda, ao celular (será que os créditos dessa porcaria são permanentes?). Em relação à moça do chiclete, nem a praga que roguei para que ela engolisse o chiclete quando o ônibus passou por um buraco adiantou. Parece que Deus protege os mascadores de chicletes. Não adiantou nem rezar.
Desço do ônibus. Como é boa a liberdade! Pessoas não tomam conhecimento do quanto conseguem ser irritantes em espaços ínfimos. Penso, enquanto me dirijo ao curso: “Podia ser pior se tivesse também de aturar os DJs funkeiros que não usam fones de ouvido”.
Por isso, de maneira alguma tiro a razão daqueles que preferem andar de carro e se sujeitar aos engarrafamentos a ter de andar de ônibus. Para o stress de um engarrafamento, nada que uma boa música clássica não resolva. Para  detestáveis grunhidos humanos, o jeito é ter paciência e aguentar no osso, estoicamente. O que se torna uma tarefa hercúlea.

domingo, 7 de julho de 2013

Mercado Público de Porto Alegre – Cinzas de História

O nome já diz tudo: mercado público. Sem mencionar o valor histórico e sentimental do lugar, é onde tanto o rico quanto o pobre transitam pelo mesmo espaço. Seja para comprar filé, seja para comprar carne de segunda, a fila não privilegia ninguém.
Vou muito ao Mercado Público. Gosto do clima eclético, do ar de coisa antiga, de olhar para o chão e imaginar quantas pessoas que já não estão mais neste mundo pisaram no mesmo piso, pessoas de outras épocas, com outros costumes.
Pessoas saudosistas como eu saberão entender o que sinto. Caminhar pelo Mercado Público não é a mesma coisa que caminhar pelos corredores do Palácio de Versalhes, por exemplo, mas o clima de estar adentrado num lugar histórico, repleto de fantasmas do passado, é o mesmo.
Fazer o quê? Muitos valorizam mais a beleza de um lugar; outros, o seu passado histórico, mesmo que reste desse lugar apenas ruínas, como o Castelo de Chinon, na França, por exemplo.
Mesmo que o Mercado Público tivesse sido consumido totalmente pelas chamas e ficassem apenas suas ruínas, permaneceria o seu espírito no coração de todos os porto-alegrenses que, assim como eu, são fascinados mais por  história do que por beleza arquitetônica.
Beleza, quando destruída, inspira sentimento de pena, e pena é um sentimento facilmente apagado pelo tempo. Um velho prédio histórico inspira saudade indelével.
 
 
A vida é um incêndio: nela
Dançamos salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
Se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
Cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
Na própria luz consumida...
(Mário Quintana)
 
Mercado Público em 1895 – Arquivo do Estado
 
 
Mercado Público em 1991 – Autor: Ronaldo Bernardi/Agência RBS
 
 
 
Incêndio em 06/07/2013
 
 
 
 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Impeachment

 
"Pelo imptimann da Dilma" - diz a mensagem. E ainda pede milhões de compartilhamentos.
Bem, estou compartilhando o "imptimann".
Depois que o MEC lançou e distribuiu nas escolas aquela tal de cartilha que ensina que falar errado é o certo - para evitar preconceito linguístico - o jeito é não dar atenção à grafia correta, mas ao significado das palavras. 
E nestes tempos de aberrações políticas, vale tudo para expressar a indignação e o descontentamento. Cada um se expressa como pode e como quer. 
Tanto faz "imptimann", "impeachment" ou "impedimento": a mensagem é clara mesmo se for enviada através de sinais de fumaça. 
Aberração maior, neste país, é o que nossos governantes fazem com o dinheiro retirado dos cofres públicos.
 


 

Ponderações


Não saberia explicar por que, mas estou torcendo para que o Edward Snowden, delator de espionagem dos EUA, consiga driblar seus perseguidores e ficar para sempre em um lugar seguro. Ele não matou ninguém, não é um terrorista nem guerrilheiro, apenas expôs práticas ilícitas de espionagem. Não era nem espião de outro país. Só achava que as pessoas tinham direito à privacidade.
 
 
Comparei a atitude dele com a do policial do Rio de Janeiro que atirou a própria arma dentro de uma fogueira e depois juntou-se aos manifestantes, na manifestação do dia 26/06/13. É a pressão psicológica que faz uma pessoa agir desta maneira, é o confronto consigo mesmo. Muitos soldados americanos, que eram obrigados a matar para cumprir ordens superiores, perderam a sanidade depois que voltaram da guerra. 
 



Sob pressão psicológica muitos são capazes de matar ou até mesmo tirar a própria vida. É a pressão em sua forma negativa. Mas existem pessoas que transformam-na em algo libertador, livrando-se das amarras psicológicas para poderem ficar com a consciência tranquila.
Talvez seja neste momento que despertam de forma consciente para a vida, em seu verdadeiro significado.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Plebiscito da Dilma – por Paulo Sant'Ana (Jornal Zero Hora, 02/07/2013)

Está em baixa séria a popularidade e Dilma Rousseff.
E como não poderia estar se ela teima em manter 39 ministros em seu governo. Isso é um despautério, tanto financeiro como administrativo.
Só o que pode salvar Dilma da impopularidade crescente e total é ela diminuir para 15 ministérios esses 39 ineficientes e atrapalhantes.
Volto agora a um tema que passa a ser urgente em razão de que querem realizar uma reforma política e devem pôr no centro dela o voto em lista.
E eu queria voltar a advertir os meus leitores sobre a esparrela em que querem nos colocar.
Pelo voto em lista, como se sabe, os eleitos para a vereança, a deputação estadual e federal serão aqueles que figurarem no topo da lista elaborada pelos partidos.
E aí que reside o embuste.
Como já escrevi, pelo voto em lista o eleitor pode votar num candidato e ver eleito um outro, até mesmo se o candidato escolhido pelo eleitor for mais votado que o eleito da lista.
Só por isso já daria para que rejeitássemos essa farsa.
Mas tem mais: o eleitor vota num candidato que obtém milhares de votos, digamos 100 mil votos. E o eleitor vai ver então que ele não foi eleito porque não estava nas primeiras colocações da lista partidária.
Ou seja, um candidato que está no topo da lista do partido faz muito menos votos (10 mil) que os 100 mil do candidato em que o eleitor votou, e o eleito é o que fez 10 mil votos.
Isso é um absurdo, uma insensatez, trata-se de um truque que os políticos vão usar para que nunca o eleitor possa renovar os eleitos, sempre serão eleitos os preferidos dos partidos colocados estrategicamente nas primeiras posições das famigeradas listas de apadrinhamento.
Pode acontecer assim que o mais votado de todos os candidatos à Câmara Federal ou Estadual ou Municipal não seja eleito, e serão 10, 20, 30 candidatos menos votados que aquele mais votado.
Isto é o fim.
Não caiam nessa!
Marquem bem, rejeitem energicamente este voto em lista fraudulenta.
Rejeitem!
(Publicado na coluna do Paulo Sant'Ana - Terça-feira, 2 de julho de 2013 – jornal  Zero Hora)