segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fraquezas

Tem alguma coisa errada naquele conselho que diz: "Não demonstre suas fraquezas, porque as pessoas têm o hábito de usá-las contra você".
Quais seriam essas fraquezas? Medo, insegurança, falta de coragem para enfrentar algum perigo, ferimentos na alma ainda não cicatrizados, algum trauma de infância, reagir quando se é atingido de alguma forma?
E o que é ser ou estar fraco? Fragilizar-se emocionalmente de vez em quando, estar numa cama de hospital superando alguma doença, dizer que não está bem quando realmente não está?
Forte não é aquele que dissimula suas fraquezas por medo de ser atingido por pessoas maldosas. É um covarde que tem medo de pessoas e que já se sabe em situação de inferioridade. Fraco é quem tem medo de suas próprias fraquezas e não as enfrenta, sujeitando-se a viver uma farsa enquanto sonha com o que poderia ser.
Fraco é quem segue semelhante conselho, pois os fortes não têm medo de demonstrar suas inseguranças, traumas e temores. É preciso ter muito peito para expor-se e não dever nada a ninguém, é preciso muita coragem para mostrar-se tal como se é e estar pouco se lixando para com o que as outras  pessoas vão fazer ou dizer a respeito. O que as pessoas pensam a respeito de você  é problemas delas e não seu.
Forte é quem se assume tal como é, um ser imperfeito, e que só tem medo da própria consciência. Fraco é quem usa as fraquezas dos outros para se sentir forte. A pior fraqueza é a falta de caráter.
Dignidade só é encontrada em pessoas autênticas e não naquelas que possuem o hábito da dissimulação e da falsidade.

Desculpem pelos nossos taxistas


É duro admitir, mas Porto Alegre ainda tem um longo caminho a percorrer até ser considerada uma cidade amigável para os turistas. O 20º Mundial de Atletismo Master, que trouxe mais de 4 mil pessoas de diferentes partes do mundo, mostrou que não estamos prontos para a Copa de 2014, embora nossas autoridades apregoem o contrário e digam que os percalços foram isolados. De todas as nossas falhas, a mais vergonhosa é a que envolve taxistas picaretas, dispostos a levar vantagem enganando turistas.
Mesmo que a maioria absoluta dos motoristas de táxi seja honesta, o comportamento dos que achacaram turistas envergonha a cidade inteira. Três casos entrarão para a história como simbólicos da falta de preparo para receber estrangeiros:
1 – Dois atletas japoneses pagaram R$ 300 para ir do Cete, no bairro Menino Deus, até o Shopping Praia de Belas, uma corrida que não daria mais do que R$ 10;
2 – A camaronesa Rose Kakanou, 47 anos, perdeu a prova de lançamento de dardo porque chegou atrasada depois de ficar mais de uma hora dando voltas pela cidade com um motorista inescrupuloso que lhe cobrou mais de R$ 100 para ir do Menino Deus à Sogipa;
3 – Um chileno pediu para ir do Centro à Usina do Gasômetro e o motorista apresentou uma conta de R$ 50.
Será que em menos de um ano dá para mudar esse tipo do comportamento? A Secretaria Municipal de Turismo se preocupou em oferecer cursos de inglês e espanhol para os taxistas e a produzir material impresso com um vocabulário básico em diferentes idiomas, mas achou que não precisava dar noções básicas de civilidade e honestidade, dois conceitos inseparáveis para quem lida com público. Não serve de consolo saber que não estamos sós, que em diferentes cidades do Brasil o turista desavisado corre o risco de ser assaltado por quem deveria transportá-lo.
Ainda há tempo para que a prefeitura e o governo do Estado adotem medidas para convencer os prestadores de serviços a tratar bem o turista. O Mundial de Atletismo Master acabou, a Copa terá poucos jogos em Porto Alegre, mas a cidade precisa se preparar para receber visitantes em qualquer temporada.
Autor: Rosane de Oliveira – comentarista do jornal Zero Hora.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Amadas Amantes, Que Sejam Felizes

Li sobre o caso da atriz Antônia Fontenelle, que viveu durante sete anos com o ator Marcos Paulo. Mesmo o ator tendo colocado um adendo em seu testamento lhe deixando o direito a 60% do saldo de suas contas bancárias e investimentos, ela não teve direito algum, nem mesmo à casa onde convivia com ele maritalmente e foram felizes. Os herdeiros e as ex-esposas não respeitaram nem o último desejo do ator.
Este caso me lembrou o de uma senhora que viveu durante quinze anos com um viúvo. Após a morte da esposa e já com os filhos crescidos - um homem e uma mulher, casados e bem-sucedidos -, ele foi viver com esta senhora, a qual lhe serviu de companheira, prestou-lhe cuidados durante a doença, levava-o ao hospital para o tratamento e ficou ao lado dele até o dia de sua morte. Os filhos pouco se importavam com ele. Só apareceram quando foi feito o inventário dos bens. Aí eles a deixaram sem nada, na miséria, sem nem mesmo com a casa que ela ajudou a construir. Pobre, sem ter onde morar, ela ficou doente e veio a falecer, o que foi motivo de risos por parte dos herdeiros, que se vangloriaram pelo que fizeram a ela e pelo fato da Justiça ter ficado do lado deles. Esses dois deixaram de ser meus amigos.
Agora vem à tona o caso da mulher que foi amante durante 20 anos de um homem casado, cujo direito à pensão alimentícia será julgado pelo STF. Aliás, ele não dividia a mesma casa com a esposa há anos. Ele vivia com a amante, mesmo nunca ter se divorciado. Aí está o problema: o papel. A mulher dele era a amante, com a qual tinha um filho, mas um papel ainda o vinculava à outra.
Pelas opiniões que tenho lido, a maioria deseja que a amante não tenha esse direito, mesmo tenho convivido durante vinte anos com ele e construído uma vida em comum. Ela era dependente financeiramente dele, então querem que ela fique sem nada, morra na miséria. Foi imperdoável o que ela fez. Imaginem, ser amante de um homem casado...Tem mais é que se ralar, dizem.
Tem mais que se ralar uma ova! Ela tem direitos, sim! Por que a mulher tem sempre de pagar pelos erros de um homem? No caso, quem errou foi ele por não ter se separado, talvez por não desejar pagar um advogado ou dividir os bens com a esposa. Talvez ele tivesse até pensado que ela poderia morrer antes dele. Isso acontece com a maioria de homens que não são felizes em seus casamentos e não se separam por não quererem dividir os bens. Há casos de homens desimpedidos que também não se casam com suas companheiras por medo de dividir seus bens com ela. Injusta não é a mulher que doa sua vida a um homem, por amor. Injusto são os homens que permitem que essa situação aconteça. Injusta é a Justiça que dá tantos direitos e benefícios a bandidos, a criminosos, e nenhum direito a uma mulher que deixou-se seduzir e cativar por um homem há anos, que o amou e cuidou dele.
Talvez eu esteja sendo injusta com as mulheres casadas. Talvez até me acusem de pensar desta maneira porque não estou vivendo situação semelhante, a de ter de dividir pensão com a amante de um marido.
Quem me conhece a fundo sabe: eu estou sempre do lado da justiça, mesmo que vá contra os meus princípios. Não dessa justiça dos homens, tão falha, tão inconstante, pois juízes às vezes julgam conforme seus próprios interesses. Não: eu apenas acho que as mulheres sempre se dão mal no final, seja amante, seja companheira, seja esposa, quando possuem um homem sem hombridade alguma para assumir seus relacionamentos, sejam os de papel, sejam os informais.
No caso de amantes sem escrúpulos, cujo único interesse é o de se dar bem com um homem casado, que se ralem. Que o homem dê valor à esposa direita que possui. Mas no caso de mulheres que amaram um homem até o fim da vida dele, e que foram amadas, que a Justiça esteja sempre a favor delas.