domingo, 29 de dezembro de 2013

Coisas que não consigo entender – Por Percival Puggina

Estou lendo o livro de Romeu Tuma Junior, "Assassinato de Reputações", que apenas anteontem consegui receber da Saraiva. Do pouco que já li não entendo como Lula, até agora, se manteve calado como se o livro não existisse. 
 
Não imagino que alguém no Brasil, qualquer que seja seu nível de formação e informação, ainda tenha ilusões sobre o caráter de Lula. Mas o livro conta que a nação vem sendo iludida e que o país acabou presidido por um perfeito canalha. Canalha desde sempre, desde moço, para quem o passar dos anos não fez mais do que alargar os círculos nos quais aplica, com destreza, o conjunto de seus defeitos morais.
 
Um livro desses, cem anos atrás, acabaria em duelo. Hoje, não tem como não acabar em indignada entrevista (à imprensa) ou em demolidora audiência (na Justiça). O silêncio de Lula quando flagrado em suas estripulias é costumeiro. Que o digam Rose e Maria Letícia. Mas o silêncio de Lula, também perante o livro do Tuminha, precisa ser gritado à nação. Talvez com força suficiente para despertá-la.

* Percival Puggina é um político, arquiteto e jornalista brasileiro, autor de dois livros.




A Derrota de Anderson Silva

Dois homens dentro de um ringue, se chutando, se batendo, se quebrando, deixando a cara um do outro inchada, machucada, sangrando, enquanto uma plateia vibra a cada queda, aplaude, incentiva um nocaute, não pode ser considerado um esporte. É primitivo demais, igual ao que acontecia com os gladiadores da antiga Roma.
Tem muita gente que defende animais, que é contra rodeios e rinhas de galos, mas adora ver humanos se digladiando de forma animalesca.
Foi muito triste o que aconteceu com o Anderson Silva. O engraçado é que pessoas podem morrer e matar, ser feridas e ferir, fraturar e serem fraturadas em nome de um esporte, mas não podem sequer agir em legítima defesa quando são atacadas enquanto cidadãos comuns que andam pelas ruas. Aliás, a plateia que tanto aplaude essa violência nos ringues é incapaz de interceder quando vê uma pessoa sendo assaltada na rua, violentada ou sofrendo algum tipo de violência.
Como mãe, eu detestaria ver um filho numa rinha, mesmo que ele ganhasse rios de dinheiro com esse esporte. Mil vezes iria preferir ver meu filho participando de um torneio de peteca na beira de uma praia a vê-lo abatido e machucado numa lona, morrendo de dor.
Proíbe-se tudo nesta vida - alimentos, bebidas, cigarros, armas, direito de defesa da família e de bens -,mas permitem que uma pessoa quebre a cara da outra dentro de um ringue. Talvez por que não existam multas e nem taxas a serem cobradas por cada nariz e canela fraturada e o governo não lucre com isso.