quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A Vaquinha do PT

Quem está bancando as vaquinhas dos mensaleiros? Eles atribuem à solidariedade do povo brasileiro. Mas que "povo brasileiro" é esse? As vítimas da seca no Nordeste? Não. As vítimas do alto índice de criminalidade? Não. Aqueles que estão em filas de hospitais esperando por um leito? Não. Os estudantes? Não, pois reclamam até do preço da passagem de ônibus. Os beneficiários do Bolsa Família? Não, pois não tirariam do leite das crianças para dar a parlamentares ricos. Da militância? Não, pois a militância já sobrevive de sanduíches de mortadela e lanches do McDonald's. Da elite? Não, pois sempre leva a culpa por todas as mazelas do PT - por que contribuiria?
O próprio partido está bancando as multas sob o disfarce de vaquinhas. É preciso dar a impressão que os mensaleiros são vítimas inocentes e que grande parcela do povo brasileiro está contribuindo porque é a favor da permanência deles no poder e que o STF é que está errado, que o Joaquim Barbosa é que foi injusto, que eles são amados e mártires. Continuam com as grandes mentiras para iludir as massas. Só espero que ninguém mais seja tão burro a ponto de acreditar nessas mentiras que eles  inventam para disfarçar a falta de caráter e de qualidades adquiridas ou herdadas.
 
 
 

domingo, 26 de janeiro de 2014

MENDIGO DO AMOR - Por Fabrício Carpinejar

Até que ponto é possível amar sem ser amado?

Quando amamos platonicamente, o amor pode durar muito tempo. Pois não tem ninguém para estragar nossa idealização. Não há convivência para nos desafiar. É uma paixão estanque, feita de sonho e névoa. É uma vontade desligada da realidade. Temos a expectativa intacta, longe de contratempos. Acordamos e dormimos com o mesmo sentimento, longe de interrupção em nossa fantasia.
 
Mas quando amamos dentro de um casamento e quem nos acompanha não retribui o amor? Quanto tempo dura? Quanto tempo você suporta a secura, o desaforo, a grosseria? Quantos meses, se cada dia é um ano?
 
Nem estou falando de falta de sexo, mas a falta de beijo, de abraço, da telepatia rumorosa, do colo, de perceber seus cabelos sendo penteados pelas mãos, de ver seu rosto encarado de forma única e brilhante. Nem estou falando da falta de aventura, mas do conforto protetor, da cumplicidade, do afago que é viver com a certeza de que é admirado. Nem estou falando da falta de viagens, mas do mínimo da rotina apaixonada, ser cuidado mesmo quando está distraído. Não estou falando de arroubos e arrebatamentos, mas da vontade boa de morder seus lábios levemente quando suspira e de esperar o final de semana como um feriado.
 
Quanto tempo dura o amor sem retorno, sem reconhecimento?
Talvez pouco, quase nada. Quem não se sente amado não é capaz de amar. Não é problema de carência, é questão de tortura.
 
Extravia-se a cintilação dos olhos. Ocorre um bloqueio, uma desesperança, uma resignação violenta. É como dançar valsa sozinho, é como dançar tango sozinho. É abraçar pateticamente o invisível e não ter o outro corpo para garantir seu equilíbrio.
 
Você se verá um mendigo em sua própria casa, diminuído, triste, desvalorizado, esmolando ternura e atenção. Aquilo que antes parecia natural – a doação, a entrega, a alegria de falar e de se descobrir – será raro e inacessível. Todo o corredor torna-se pedágio da hostilidade. Passará a evitar os cômodos para não brigar, passará a evitar certos horários para se encontrar com sua esposa ou marido, passará a prolongar os períodos na rua, passará apenas a passar. Combaterá as discussões e gritarias anulando sua personalidade. Despovoará a sua herança, assumirá o condomínio do deslugar. Comerá de pé para evitar o silêncio insuportável entre os dois.
 
Quer um maior mendigo do que aquele que dorme no sofá em sua residência? Com um cobertorzinho emprestado e com a claridade das janelas violentando os segredos?
 
Por ausência de gentileza, perdemos romances. O que todos desejam é alguém que diga: não vou desperdiçar a chance de lhe amar. Alguém que não canse das promessas, que não sucumba ao egoísmo do pensamento, que tenha mais necessidade do que razão.
 
A gentileza é tão fácil. É fazer uma comida de surpresa, é convidar a um cinema de imprevisto, é pedir uma conversa séria para apenas se declarar, é comprar uma lembrancinha, é chamar para um banho junto, é oferecer massagem nos pés, é perguntar se está bem e se precisa de alguma coisa, é tentar diminuir a preocupação do outro com frases de incentivo.
Quando o amor para de um dos lados, o relógio intelectual morre. Não se vive desprovido de gentileza. A gentileza é o amor em movimento.
 
 
Publicado no jornal Zero Hora
Revista Donna, p.6
Porto Alegre (RS), 26/01/2014 Edição N° 17685
 
 
 
 
 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Amo Quando Me Tenho - Por Arly Cravo*

O medo afasta o amor... que a entrega atrai.

Quando as águas turvas de tua mente se acalmarem...
Quando as nuvens não te imprimirem mais dúvidas de que teu sol existe...
Quando teu olhar expressar apenas a tua infinita ternura...
Quando o teu inconsciente estiver transparente para a tua aguçada observação...
Quando não houver nenhum outro maestro a reger teu comportamento a não ser você...
Quando cada gesto de teu corpo for veículo do teu acolhedor afeto...
Então poderás dizer: Eu sou eu.
Poderás então sentir o teu objeto de amor como algo diferente de ti...
E isto é que será encantador...
Amarás algo que não a ti mesmo no outro.
Porque quando, de tanto amor, o espelho da alma fica transparente, o foco do amor é (o) outro.
*Arly Cravo, coach relacional.
 
 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Em menos de duas semanas, doações para José Genoino alcançam R$ 295 mil. Certamente que ele conseguirá arrecadar o total de R$ 667,5 mil até o dia 21 deste mês e saldar a multa estipulada pelo STF.
Esse valor daria para pagar cirurgia de muita gente que aguarda há anos por vaga em algum hospital que atenda pelo SUS.
Enfim, o governo e seus legisladores não cuidam do povo, mas o povo tem que cuidar de seus governantes, mesmo dos mais corruptos. Uma pena que exista gente neste Brasil que alimente esse tipo de coisa. E depois se dizem a favor dos pobres...Só se for a favor dos pobres políticos condenados por corrupção ativa.

 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Sempre tive admiração por aquelas pessoas que perdoam seus inimigos, bandidos que assaltaram ou mataram algum ente querido ou qualquer pessoa que tenha cometido conscientemente um erro gravíssimo que tenha prejudicado outras pessoas. Todas as religiões ensinam que perdoar é bonito, é divino, que o perdão é prerrogativa somente dos fortes.
E tem de ser muito forte mesmo para engolir desaforos e vilanias e mesmo assim abençoar quem o mal praticou. Diria, até, que é preciso ser quase um santo.
Todavia, é fácil perdoar; difícil é esquecer. Quem consegue perdoar e esquecer, é um santo; quem consegue perdoar, mas não esquece, é meio santo meio humano; quem perdoa, não esquece a ainda tenta se vingar, é hipócrita, cínico e mais vil ainda; e quem não perdoa, não se esquece da afronta mesmo que se passem mil anos e um dia ainda se vinga, é uma besta.
Como não sou hipócrita e não consigo ser cínica, não perdoo quem me tenha feito mal de forma consciente. Por ignorância, sim, mas porque quis, nunca! Não perdoar mas não desejar o mal em troca ou desejar vingar-se também faz parte da natureza humana.
O que torna uma pessoa fraca não é a incapacidade de perdoar, mas o desejo de vingança.
 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O Silêncio Destruidor dos Amantes

Gosto muito das frases de efeito do Caio Fernando Abreu, mas tem uma com a qual não concordo: "Nunca, jamais diga o que sente. Por mais que doa, por mais que faça você feliz. Quando sentir algo muito forte, peça um drink".
 
Algumas pessoas escondem seus sentimentos por trás de uma máscara de indiferença que pode até ser benéfica em se tratando de acordos comerciais ou para confundir algum desafeto, mas em um relacionamento pode ser algo muito destruidor. Quem silencia emoções corre o risco de levar um relacionamento ao fim porque nem sempre o outro possui capacidade de interpretar silêncios, principalmente quando as perguntas envolvem dúvidas. Não é na base do “pense o que quiser” que um casal consegue a tão sonhada cumplicidade: é no expressar emoções e fazer com o que o outro as entenda. Aquela história de que quem ama não precisa de palavras, basta um olhar para se fazer entender, só funciona quando há cumplicidade e cumplicidade só se adquire com o tempo de convivência, quando não é preciso mais palavras, pois as perguntas já foram todas respondidas e as pessoas já sabem de que material é feito o outro.
 
É preciso dar-se a conhecer em relacionamentos, principalmente nos recém- começados, porque a cumplicidade só se adquire quando todas as perguntas e dúvidas forem respondidas, e isso leva muito, muito tempo. As pessoas só se tornam reais quando sentem um terreno firme sobre os pés e não caminhando sobre nuvens ou areia movediça.
O mesmo Caio Fernando Abreu, em outra de suas magníficas frases de efeito, diz que o silêncio responde até mesmo aquilo que não foi perguntado. Também acho outra temeridade para os relacionamentos, pois há quem julgue o silêncio do outro indiferença ou consentimento. Tudo fica muito dúbio.
 
Enfim, ninguém que ama merece ficar sem respostas para as perguntas que faz ao outro. Amor não é uma empresa onde planejamentos e ideias devem ser mantidas em segredo por causa da concorrência. Amor requer transparência, que tudo seja sem rodeios e evasivas, e se alguém não consegue externar suas emoções, levará o parceiro à penumbra dos que são deixados à própria sorte, sozinhos, abandonados aos próprios recursos objetivos e subjetivos. E é nesse ponto que ocorre o rompimento: ninguém consegue ficar muito tempo ao lado de quem o faz se sentir sozinho. Sentir-se sozinho, mesmo estando acompanhado, é a pior das solidões.