quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Então, é Natal!

Natal, para muitos, significa momentos felizes ao lado das pessoas que amam. A expectativa de reunir a família e amigos ao redor de uma bela mesa repleta de iguarias deliciosas faz com que a espera torne-se longa demais. Sem falar nos presentes, tão pensados, planejados, procurados como se fossem tesouros. Sim, são dias de intensas atividades, onde a alegria e a felicidade estão presentes. E o mundo parecerá mais justo, mais livre, emocionante e belo. Chamamos a isso de Espírito de Natal.
Para outras pessoas, esses dias que antecedem as festas são um  verdadeiro inferno. O que fazer? Para onde ir? Para essas pessoas, o Natal significa apenas mais um dia igual a tantos outros e, talvez, uma taça de espumante apreciada solitariamente. Não possuem família, os amigos estarão longe, nem um amor sequer! E se desesperam por estar sós. E talvez tomem algum tipo de medicamento que os façam dormir e esquecer. Sentem que nada vale a pena e ficam aliviados quando tudo volta à normalidade.
Há, ainda, pessoas que estarão reunidas com a família, receberão muitos presentes, mas mesmo assim não estarão contentes. Sentirão saudades por estarem apartados daqueles que amam, mesmo que momentaneamente; tristeza, porque romperam com um relacionamento amoroso ou perderam um ente querido. Uma tristeza disfarçada de alegria. É preciso manter as aparências e não estragar o espírito natalino de todos, pensarão. Aliás, muitos nem tentarão esconder a tristeza, pois haverá quem os console e diga-lhes palavras estimuladoras. O espírito natalino também nos faz solidários e bem intencionados.
Existem, também, aqueles que têm amigos, têm família, mas optam por ficarem reclusos. Preferem meditar, voltar-se para dentro de si mesmos, estar em paz. Festas ocorrem o ano inteiro. O importante e refletir sobre as ações que fizeram durante o ano que está findando e planejar o que ainda não puderam pôr em prática. São as famosas resoluções de finais de ano. Quantos terão saldo positivo? Quantos sentirão culpa ou remorso?
Não importa onde você se encaixe nos itens acima. Tem o poder de decidir o que é melhor para si, mesmo que isso signifique ficar chorando as penas. Somente quem está bem consigo é capaz de se sentir e de se reconhecer triste. Às vezes, temos desejos e vontades que não são possíveis de realização. Reconhecer isso é tarefa desgastante, mas totalmente necessária para o aprendizado da alma.  A esses, digo: a alegria está no percurso, no caminhar escolhido e não nos resultados projetados para um futuro incerto. Chore, fique triste, mas mude o seu percurso. No próximo ano, tudo estará melhor. A sua vida terá o significado que atribuir a ela, a melodia que inventar e a letra que a cada dia escrever. É uma sinfonia sem fim, pois cada um de nós, se assim decidir, a viverá plenamente até o dia de nossa morte. Será a nossa vida até o final, e a morte só acontecerá depois.
A todos os amigos, desejo, de todo o coração, que este Natal não seja diferente, mas igual a todos os natais que gostaram de viver. Que sempre tenham suas vidas nas mãos, atenta e amorosamente, e a se questionarem se vocês as têm vivido com dedicação, conscientes de sua finitude, empenhados em desfrutá-la aqui e agora, nesta existência.
Que todos tenham a felicidade como meta, a vida como objeto, e a verdade como norma.
Meu abraço e meu agradecimento por terem me acompanhado.
Reg.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Trechos - Clarice Lispector

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

BOLSA FAMÍLIA: Benefício para a sociedade ou Incentivo ao aumento populacional?

O país tropical, que antes já teve imensa necessidade de povoamento, incentiva nos dias atuais o crescimento da população, mesmo que indiretamente, em meio à urgência de desaceleração do aumento da natalidade em prol de uma futura sociedade organizada. Esta é uma contradição imensa, porém é o que ocorre pelo impulso do bolsa-família.
Atualmente, o Brasil está sendo acometido por uma onda de benefícios de cunho social, os quais são tidos como uma forma de auxílio à população necessitada. O bolsa-família é um exemplo desse fenômeno, sendo benefício dado a famílias carentes. Ele é devido ao cidadão brasileiro na medida em que possui filhos.
Ocorre que, ao invés de causar benefícios ao país, o referido auxílio se transformou em uma forma de incentivo à natalidade. Isso porque quanto mais filhos, mais benefício. Os brasileiros enxergaram no bolsa-família um aumento em sua fonte de renda, assim geram mais descendentes com o intuito melhorar os meios de sustentar a família. Não é raro encontrar um casal carente que resolveu aumentar a prole tendo em vista o auxílio.
Em meio ao grande aumento da população brasileira, sem estrutura para tal crescimento, urge a criação de métodos eficazes de planejamento familiar incentivado pelo Governo. É certo que não é um benefício que vai resolver o problema das famílias carentes no país; pelo contrário, o Estado deve prover meios de crescimento ordenado através dos quais a sociedade brasileira vai ter índices de natalidade na proporção de suas possibilidades.
Quando não se tem planejamento familiar e não se tem compromisso com a educação há um incentivo à desestruturação da sociedade. Segundo Reinaldo Azevedo, colunista da Revista Veja, o bolsa-família é o responsável pelo incentivo à natalidade desenfreada e está sendo criado um monstro que irá explodir daqui pouco mais que uma década. De acordo com o mesmo, o que deveria ser um programa provisório e com alternativas determinadas para seu término, tornou-se numa forma de ganhar a simpatia dos pobres.
Percebe-se que as boas intenções do Estado devem ser muito bem analisadas, pois nem sempre atingem os fins a que se prestam e causam prejuízos inenarráveis aos cidadãos brasileiros.

Por  Déborah Neiva da Silva Azevedo,
Bacharelanda em Direito - UESC.
Estagiária do MP Estadual.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

The Last Words You Said

Uma das mais emocionantes homenagens póstumas que já vi na minha vida foi a de Ekaterina  Gordeeva ao seu marido: o patinador russo Sergey Grinkov. Sergey e Ekaterina começaram a patinar juntos desde a infância: ele, com 14 anos de idade e ela, com 10 anos.
Casaram-se em abril 1991, após uma bem sucedida carreira como dupla.  Gordeeva e Grinkov ganharam quase todas as competições em que participaram. Nas 31 competições que foram a nível profissional, eles terminaram ganhando impressionantemente em 24 oportunidades.
Infelizmente, em novembro de 1995, Sergey sofreu um ataque cardíaco, deixando Ekaterina e a pequena Daria, fruto da união de ambos, em profundo sofrimento.  
Sergey foi enterrado no cemitério Vagam Kovskoy, em Moscovo. Em 1996, Ekaterina, reanimada e ajudada por colegas de patinação, voltou a patinar, numa homenagem em memória a Sergey  intitulada “A Celebração de uma Vida”. Notem, no vídeo, em certa hora, o quanto ela chora enquanto patina.
Este é o vídeo em homenagem a Sergey. Emocionante e belo ao som  de “The Last Words You Said". É minha homenagem ao Dia dos Finados.

Tradução The Last Words You Said

Em algum lugar no tempo, eu sei,
Querido, você vai voltar pra mim.
As rosas vão florescer novamente,
Mas a primavera parece uma eternidade.
No seu beijo não foi uma despedida.
Você ainda é a razão por que
Eu posso ouvir você sussurrar no silêncio do meu quarto.
Meu coração ainda se rende,
Como o sol para com  a lua.
Eu mal posso suportar essa dor,
Queimando sem parar.
“Ame-me agora e para sempre”,
Foram as últimas palavras que você falou para mim...
E quando a manhã vier,
Minhas mãos ainda se estenderão para você.
Algumas coisas permanecem iguais,
Não há nada que eu possa fazer.
Em mal fazer o dia passar
Desde que você foi embora.
Que os céus nos ajudem a atravessar esse mar sem fim
Com luzes das estrelas para me guiar a você.
Ondas se quebrando em praias distantes,
Elas estão chamando nossos nomes eternamente.
                                                                                       


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Stranger in Paradise & The Phantom of the Opera

Achei bárbaro esse video! Umas das minhas músicas preferidas, Stranger in Paradise, abrilhantando cenas do meu filme preferido, The Phantom of the Opera. Não podia deixar passar a oportunidade de postá-lo aqui. O resultado ficou maravilhoso.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tradição X Modernidade

O escritor americano Philip Roth não gosta de e-books e das influências da tecnologia moderna que desviam a atenção das pessoas, que, para ele, reduzem a capacidade das pessoas de apreciar a beleza e a experiência estética da leitura de livros em papel. Célebre por romances como A Marca Humana, Roth acha que não há nada que ninguém possa fazer a respeito disso.
Apesar de ser usuária eventual de e-books, uma vez que esse sistema me permite ter acesso a leituras que já não se encontram disponíveis em livrarias, concordo plenamente com o ponto de vista de Roth: e-books não substituem o prazer que é ler um livro deitada na cama, apreciando cada capítulo, em silêncio e concentrada. Ler livros – de papel – é para quem não tem pressa: é para quem precisa de tranquilidade após um dia estafante ou para distrair a mente dos problemas do dia a dia.
O mundo e as pessoas estão cada vez mais velozes: já não há tempo para perder, pois a tecnologia permite que estejamos em diversas “telas” ao mesmo tempo (televisão, computadores e, mais recentemente, redes sociais como o Facebook, Orkut e Twitter). Enfim, a maioria das pessoas – principalmente a ala jovem – vive distraída, sem ater-se a assunto algum, exceto a palavras sem sentido e a imagens. Tanto o escritor José Saramago quanto o cronista Luis Fernando Veríssimo já se referiram à comunicação do futuro como sendo de grunhidos. Veríssimo, em sua crônica “De Volta ao Grunhido”, imagina, num futuro próximo, marido e mulher sentados à mesa do café, sendo que, em vez de falar, digitarão seus diálogos cada um em seu terminal. Seres volatizados, tão perdidos no ciberespaço, que nem se lembrarão mais do agradável som de uma voz.
Não são somente os livros que estão perdendo espaço no nosso mundo moderno: os telejornais também. Quem tem tempo para sentar-se à frente de uma televisão para assistir às reportagens com a família reunida e depois partir para os comentários, o que acaba se transformando numa agradável discussão, críticas e exposição de pensamentos? A cada segundo é despejada uma avalanche de informações via bytes. Pra que assistir ao telejornal, se já se sabe o que está ocorrendo no mundo inteiro a cada minuto? A tecnologia moderna está afastando cada vez mais o convívio e a comunicação entre as pessoas de uma mesma família, essa é a verdade. Afinal, como conversar com um filho que está quase o tempo inteiro na frente de um computador? Como dialogar com um cônjuge que prefere os 140 toques do Twitter à simples pergunta: “como foi o seu dia”, que homens e mulheres antigamente costumavam perguntar um ao outro?
A comunicação entre as pessoas deve ser repensada. Essa avalanche que é despejada diariamente nos portais, e que atinge apenas um leitor solitário, demonstra o quão é necessário pensar na qualidade das informações oferecidas. Quanto às exigências tecnológicas, está tudo ali: imagens, sons, hiperlinks, animações. Mas o consumo dessas notícias é cada vez mais efêmero, desinteressado, uma leitura distraída. Lê-se tudo, apreende-se quase nada. O acesso a esse tipo de conhecimento não significa, necessariamente, a sua aquisição. Muitas vezes pode representar o quanto a informação pode desinformar, uma vez que as novas tecnologias não permitem que as pessoas retenham de maneira mnemônica todas as informações que lhes é jorrada diariamente.
Por não gostar de mudanças, posso ser julgada ultrapassada ou, na pior das hipóteses, uma louca. Se ser louca é não querer ver o fim da boa literatura e nem querer retornar à pictografia (não em pedras, mas em telas); se ser louca é não desejar ter como único critério para aprendizagem apenas um computador com modem e bom provedor de linha, então terei a loucura que Blaise Pascal já afirmava no século XVII: “Este mundo está tão louco que não ser louco é outra forma de loucura”.
Como em todas as situações existenciais, é preciso apenas descobrir o ponto de equilíbrio para que a tradição e a modernidade coexistam pacificamente. Entender o porquê disso é resolver o problema chave da chamada era da comunicação.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cinco filmes que marcaram minha vida


Como não tenho nada melhor para fazer - e antes que esse blog crie teias de aranha-, vou postar os cinco filmes que mais marcaram minha vida. Filmes que assisti e gostei.


Diário de uma Paixão


Sinopse: Baseado no romance best-seller The Notebook, de Nicholas Sparks, o filme versa sobre oportunidades perdidas, amadurecimento e a força de um amor duradouro.
É um filme que surpreende pela leveza, pureza, sensibilidade e emoção. Desde o primeiro instante, somos agraciados por belíssimas paisagens, depois inundados por diálogos coerentes e um profundo carisma dos protagonistas.



Elsa & Fred

Sinopse: Elsa é uma senhora divertida, imprevisível, de espírito adolescente que conhece o triste e quieto Fred quando este torna-se seu vizinho ao perder a esposa.
Metódico e apegado à rotina durante toda a vida com a organizada esposa falecida, Fred é tocado por Elsa, que entra em sua vida e lhe ensina o prazer o de viver.
Se tratasse de fazer um resumo, poderia dizer que o filme Elsa e Fred - Um Amor de Paixão conta a história de duas pessoas que encontram mutuamente uma maneira de ultrapassar as tristezas e sofrimentos de toda uma vida, para, na última etapa, quando talvez podiam pensar que tudo já estava definido, permitirem-se ao luxo de desfrutar totalmente da aventura do amor.
São 108 minutos para boas risadas, algumas lágrimas, e sair revitalizado para a vida. Parabéns aos argentinos. Este filme é uma lição de vida.




O Fantasma da Ópera

Sinopse: O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera) é um musical que narra a história de uma bela soprano, Christine Daaé, que passa a ser a misteriosa obsessão de um gênio musical conhecido como "O Fantasma da Ópera", já que ninguém o vê nem sabe quem é.
Simplesmente magnífico e grandioso. Tecnicamente, o filme é fantástico. Tem belo figurino, música e fotografia fascinantes.
Para quem curte ópera ou realmente goste de música, certamente a vontade de assistir  várias vezes a esse filme vai ser muito grande.
   Gerard Butler está fascinante como o fantasma da ópera.



V for Vendetta

Sinopse: Passado numa Londres totalitária do futuro, V de Vingança conta a história de Evey, uma jovem doce e tranquila que é salva de uma situação de vida ou morte por um vigilante mascarado, conhecido apenas por "V". Incomparavelmente carismático e ferozmente dotado na arte do combate e do logro, V, um anarquista convicto, dá início a uma revolução quando detona dois marcos da cidade de Londres e toma o controle das ondas de rádio e TV, sugerindo aos seus concidadãos a rebelarem-se contra a tirania e opressão. À medida que Evey descobre a verdade sobre o misterioso V, ela descobre também algumas verdades sobre si própria e assim emerge uma inesperada aliada no plano para trazer liberdade e justiça a uma sociedade marcada pela crueldade e tirania.
Obs.: Achei este filme inteligente, dinâmico e cheio de energia. A história é interessante e fantástica. Além disso, o ator Hugo Weaving dá um show de interpretação ao encarnar um personagem que não mostra o rosto em nenhum momento, utilizando-se apenas de jogo cênico e entonação de voz. Excedeu-se em talento, essa é a verdade.



O Demônio dos Seis Séculos (1972)

E, por último, o filme que me aterrorizou quando criança e que me assusta até hoje, cada vez que enfrento uma estrada à noite. Confesso que, durante alguns meses, tive de dormir na cama dos meus pais. Viajar era um suplício, pois eu tinha a impressão que a qualquer momento um daqueles bichos ia saltar no carro e me pegar. Nem deveria postar esse horror aqui, mas, como a ideia é informar os filmes que mais me marcaram, não tive outra alternativa. Todavia, a trama deste filme é muito bem feita, mesmo com os poucos recursos técnicos que existiam na época. Tornou-se um filme de referência, pois é o mais assustador filme de terror que já assisti.

Sinopse
Um antropólogo e sua filha descobrem um esqueleto no México e passam a ser perseguidos por estranhas criaturas que querem recuperar os restos de seu mestre, o diabo.

 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010


O Súbito Encanto de Marina Silva

Por Arnaldo Jabor





Não, o Palácio de Inverno de São Petersburgo da Rússia em 1917 ainda não será tomado pela onda vermelha.

Não. Agora, o PT vai ter de encarar: estamos num país democrático, cultural e empresarialmente complexo, em que os golpes de marketing, os palanques de mentiras, os ataques violentos à imprensa não bastam para vencer eleições... (Por decência, não posso mostrar aqui os emails de xingamentos e ameaças que recebo por criticar o governo). O Lula vai ter de descobrir que até mesmo seu populismo terá de se modernizar. O povo está muito mais informado, mais online, mais além dos pobres homens do Bolsa-Família, e não bastam charminhos e carismas fáceis, nem paz e amor nem punhos indignados para a população votar. Já sabemos que enquanto não desatracarmos os corpos públicos e privados, que enquanto não acabarem as regras políticas vigentes, nada vai se resolver. Já sabemos que mais de R$ 5 bilhões por ano são pilhados das escolas, hospitais, estradas e nenhum carisma esconde isso para sempre. Já sabemos que administração é mais importante que utopias.

A campanha à que assistimos foi uma campanha de bonecos de si mesmos, em que cada gesto, cada palavra era vetada ou liberada pelos donos da "verdade" midiática. Ninguém acreditava nos sentimentos expressos pelos candidatos. Fernando Barros e Silva disse na Folha uma frase boa: "Dilma parece uma personagem de ficção e Serra a ficção de uma personagem." Na mosca.

Serra. Os erros da campanha do Serra foram inúmeros: a adesão falsa ao Lula, que acabou rindo dele: "O Serra finge que me ama"...

Serra errou muito por autossuficiência (seu defeito principal), demorando muito para se declarar candidato, deixando todo mundo carente e zonzo, como num coito interrompido; Serra demorou para escolher um vice-presidente (com a gafe de dizer que vice bom é o que não aporrinha), fez acusações ligando as Farc à Dilma, esculachou o governo da Bolívia ainda no início, avisou que pode mexer no Banco Central e, quando sentiu que não estava agradando, fez anúncios populistas tardios sobre salário mínimo e aposentados. Nunca vi uma campanha tão desagregada, uma campanha antiga, analógica numa época digital, enlouquecendo cabos eleitorais e amigos, todos de bocas abertas, escancaradas, diante do óbvio que Serra ignorou. Serra não mudou um milímetro os erros de sua campanha de 2002. Como os Bourbon, "não esqueceu nada e não aprendeu nada".

A campanha do primeiro turno resumiu-se a dois narcisismos em luta.

Dilma. Enquanto o Serra surfava em sua autoconfiança suicida, a Dilma, fabricada dos pés ao cabelo, desfilava na certeza de sua vitória, abençoada pelo "Padim Ciço" Lula.

Seus erros foram difíceis de catalogar racionalmente, mas os eleitores perceberam sutilezas na má interpretação da personagem, como atrizes ruins em filmes.

O sorriso sem ânimo, riso esforçado, a busca de uma simpatia que escondesse o nítido temperamento autoritário, suas palavras sem a chama da convicção, ocultando uma outra Dilma que não sabemos quem é, sua postura de vencedora, falando em púlpitos para jornalistas, sua arrogância que só o salto alto permite: ser pelo aborto e depois desmentir, sua união de ateia com evangélicos, a voracidade de militante - tarefeira, para quem tudo vale a pena contra os "burgueses de direita" que são os adversários, os esqueletos da Casa Civil, desde os dossiês contra FHC, passando pela Receita Federal (com Lina Vieira e depois com os invasores de sigilos), sua tentativa de ocultar o grande hipopótamo do Planalto que foi seu braço direito e resolveu montar uma quadrilha familiar. Além disso, os jovens contemporâneos, mesmo aqueles cooptados pelo maniqueísmo lulista, não conseguem votar naquela ostentada simpatia, pois veem com clareza uma careta querendo ser cool.

Marina. Os erros dos dois favoritos acabaram sendo o grande impulso para Marina. No meio de uma programação mecânica de marketing, apareceu um ser vivo: Marina. Isso.

Uma das razões para o segundo turno foi a verdade da verde Marina. Sua voz calma, sua expressão sincera, o visível amor que ela tem pelo povo da floresta e da cidade, tudo isso desconstruiu a imagem de uma candidata fabricada e de um candidato aferrado em certezas de um frio marqueteiro.

Marina tem origem semelhante à do Lula, mas não perdeu a doçura e a fé de vencer pelo bem. Isso passa nas imperceptíveis expressões e gestos, que o público capta.

Agora teremos um segundo turno e talvez vejamos um PSDB fortalecido pela súbita e inesperada virada. Desta vez, o partido terá de ser oposição, se defendendo e não desagregado como foi no primeiro turno, onde se esconderam todos os grandes feitos do próprio PSDB, durante o governo de FHC.

Desde 2002, convencionou-se (Quem? Por quê?) que o Lula não podia ser atacado e que o FHC não poderia ser mencionado. Diante dessa atitude, vimos o Lula, sua clone e seus militantes se apropriarem descaradamente de todas as reformas essenciais que o governo anterior fez e que possibilitaram o sucesso econômico do governo Lula, que cantou de galo até no Financial Times, assumindo a estabilização de nossa economia. E os gringos, desinformados, acreditam.

Além disso, com "medinho" de desagradar aos "bolsistas da família", ninguém podia expor mentiras e falsos dados que os petistas exibiam gostosamente, com o descaro de revolucionários "puros". Na minha opinião, só chegamos ao segundo turno por conta dos deuses da Sorte. Isso - foi sorte para o Serra e azar para a Dilma.

Ou melhor, duas sortes: O grande estrago causado pela súbita riqueza da filharada de Erenice, ali, tudo exibido na cara do povo, e o reconhecimento popular do encanto sincero de Marina.

Isso salvou a campanha errática e autossuficiente do José Serra, que apesar de ser um homem sério, competentíssimo, patriota, que conheço e respeito desde a UNE, mas que é das pessoas mais teimosas do mundo.

Duas mulheres pariram o segundo turno. Se ouvir seus pares e amigos, poderá ser o próximo presidente. Se não...

Fonte: O Estadão

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O País da Bizarrice

Lembro-me do quanto estudei quando concorri a um cargo público. Foram meses de intensa preparação, noites insones, lazer deixado de lado, amigos abandonados...
Tudo para poder suprir as diversas exigências que tal cargo requeria; inclusive, a obrigatoriedade de possuir um diploma de nível superior e diplomas, muitos diplomas, pois a prova de títulos era eliminatória.
Isso sem falar no atestado de bons antecedentes (ficha limpa), no estudo da vida pregressa, negativas em todos os cartórios... Para ocupar um cargo público é preciso estar “limpo” até no SPC e SERASA.
Ocupar um cargo público requer uma grande responsabilidade, pois o bem da comunidade em geral depende do esforço e da dedicação do servidor público. Ele não trabalha simplesmente para o Governo: trabalha para que a população seja beneficiada em troca dos impostos vultosos que paga para ter acesso à saúde, educação e segurança.
Assim deveria ocorrer com todos os candidatos a vagas de deputados, senadores, presidente da República e afins.
Para ocupar os cargos eletivos deveria ser exigido tudo o que é exigido de nós, pobres mortais, e mais um pouco.  Em primeiro lugar: estudo, cultura. Seria dirigente de um país quem tivesse longos anos de estudo, dedicação, preparação. Quem quisesse um dia ser presidente da República deveria possuir ilibada reputação, curso superior e ter passado por diversas etapas antes de chegar ao ápice de administrar o país. Para ser senador, deputado federal ou estadual, as exigências teriam que ser as mesmas que são exigidas para candidatos a juízes, procuradores, desembargadores etc. Não entendo por que é exigido tanto de candidatos a cargos nos poderes Executivo e Judiciário e tão pouco em relação ao Legislativo, uma vez que tal poder possui  o objetivo precípio de elaborar normas de direito de abrangência geral que são aplicadas a toda sociedade, objetivando a satisfação de um bem comum.
É injusto que tantas pessoas preparadas, dedicadas e bem intencionadas tenham de depender de palhaços e oportunistas que se empenham apenas em causa própria.
Que a eleição do Tiririca, uma pessoa totalmente despreparada para ocupar um cargo tão importante, sirva de alerta. A mensagem está dada: não são necessárias mudanças urgentes apenas no nosso Código Penal, mas também no sistema constitucional brasileiro.
Se o problema no Brasil é a falta de cultura, que o Congresso comece dando o exemplo.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Reflexão para 3 de outubro, por Luiz Fernando Oderich

Os próximos deputados federais e senadores mudarão as leis penais. Seu candidato pende para que lado - da sociedade, das vítimas e seus familiares ou dará mais regalias aos bandidos? Em 8 de março de 2006, liderados por Cleyde Prado Maya, fundadora do movimento Gabriela Sou da Paz, um grupo de familiares de vítimas de assassinato, de todo o Brasil, foi a Brasília levar um projeto de Emenda Popular. (Gabriela, filha única de Cleyde, fora vítima de bala perdida, em março de 2003, na estação São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro, quando ficou no meio do fogo cruzado entre a polícia e os bandidos).
A Emenda propunha mudanças na legislação penal. Fora um trabalho árduo conseguir 1.300.000 adesões, em pelo menos cinco estados brasileiros, apenas com os recursos de pessoas de classe média. No Rio Grande do Sul, a Brasil Sem Grades liderou o movimento. Nas campanhas eleitorais, fala-se muito em participação popular, em democracia direta e do poder que emana do povo. O projeto de Emenda Popular, nesses quatro anos, ainda não foi à votação, embora, quando fomos recebidos pelo então presidente do Senado, Renan Calheiros, na frente das câmeras de TV, ele prometesse que o projeto iria à votação em um calendário especialíssimo.
Para votar as propostas vindas da sociedade, não houve tempo, mas sobrou para que um projeto de novo Código de Processo Penal fosse criado e aprovado, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Você poderia imaginar que seria para dar mais celeridade ao processo, menos impunidade, mas veja o que temos a nossa frente - dificulta ainda mais o trabalho do Ministério Público e da Polícia. Amplia a proteção ao réu. É isso que a sociedade deseja? É isso que você deseja de seu congressista? Pare, analise, pense cuidadosamente em quem você irá votar nestas eleições, principalmente para a Câmara Federal e para o Senado. Nós não queremos voltar ao tempo das masmorras e da justiça com as próprias mãos. Nós queremos uma legislação penal justa, rápida, eficaz, que valorize o trabalho daqueles que defendem a sociedade, que são as forças policiais e o Ministério Público, que agem em nosso nome. Que se permita, sim, o amplo direito de defesa, mas impeça as manobras protelatórias, as chicanas jurídicas e enfraqueça as provas apresentadas.
Nós queremos uma coisa muito simples, que não existe hoje. "Que a Justiça seja Feita". Assista ao vídeo da campanha Justiça Seja Feita no link http://www.youtube.com/brasilsemgrades07#p/a/u/1/qJZSbm0dXVk .

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O que as histórias em quadrinhos ensinam aos homens


Os homens fazem de tudo na luta incessante para desvendar o intricado, complexo e exasperante universo feminino. E nessa busca desenfreada, para não enlouquecerem, buscam alternativas um tanto insólitas para compreenderem o funcionamento da mente de uma mulher, como, por exemplo, espelhar-se nas atitudes dos super-heróis das histórias em quadrinhos. O problema é que eles se espelham nos heróis quando estes estão em estado normal, comum e debiloide (Peter Parker é um imbecil quando não está transformado no Homem - Aranha).
Bem, não custa nada você fingir que eles são realmente super-heróis e agir inteligentemente como as heroínas das HQ, ou seja, dar muito trabalho a eles. Só não vale atitudes arriscadas como: saltar de prédios altíssimos, entrar em jaulas de leões ou adentrar nos antros de vilões. Eles não vão salvá-la, creia. Afinal, sabemos que eles correm até de baratas voadoras e de mulheres com TPM.
Leiam esse artigo do João Baldi Jr, postado no blog "Papo de Homem" - voltado para eles, claro -, e teçam as próprias considerações. Está comprovado que eles se deleitam com as heroínas - Lois Lane (Super-Homem), Peggy Carter (Capitão América) e Mary Jane (Homem-Aranha) - talvez porque elas se contentem facilmente com uma farsa enquanto sonham com os verdadeiros heróis. Nada mais real, seja nas HQ ou no cotidiano feminino. Ah, já ia esquecendo das vilãs....Nessas, eles só dão porrada. Somente porrada, nada mais do que isso. E levam também.
 
5 coisas que os quadrinhos me ensinaram sobre as mulheres - Por João Baldi Jr., jornalista carioca.


Uma das grandes febres hoje em dia envolve transpor lições de um ambiente para outro. Sun Tzu ensina gestão para executivos, o voo dos patos nos ensina a conviver em grupo, Jesus dá lições de psicologia, ratos e queijos nos fazem seguir nossos objetivos e ao que parece temos muito a aprender sobre nossa vida adulta com histórias que envolvem cachorrinhos que morrem ("here’s looking at you, Marley") e outros animais, metáforas ou comparações, seja no campo do trabalho ou na área pessoal.
Porém uma área com um imenso potencial ainda tem sido pouco ou quase nada explorada: a dos quadrinhos de super-heróis e suas profundas lições sobre o gênero feminino.
Sim, exatamente isso. Ainda que visto por alguns como um nicho totalmente nerd da cultura pop, os quadrinhos de super-heróis oferecem, numa análise mais aprofundada, valiosos insights sobre como lidar com as mulheres através dos brilhantes exemplos que personagens clássicos como Super-Homem (casado com a linda repórter Lois Lane), Homem-Aranha (atualmente separado da espetacular modelo Mary-Jane Watson), Homem de Ferro (nunca casado, mas sempre bem acompanhado) ou mesmo Batman. Ok, talvez não o Batman…
Mas na média os super-heróis (exceto o Batman, como eu disse), estão sempre envolvidos com lindas mulheres, loucamente apaixonadas por eles. Mas como eles conseguem isso?
Aqui vão as cinco principais lições que estes homens superpoderosos tem a nos ensinar.


1. Seja tímido. Muito tímido. Estupidamente tímido.


Mulheres adoram homens tímidos. Peter Parker? Tímido. Clark Kent? Muito tímido. Scott Summers? Bem, digamos que existe uma razão pra ele só namorar mulheres que lêem mentes.
Mas não basta ser tímido, amigo, precisa ser muito tímido, naquele nível incapaz de articular frases muito coerentes, com dificuldades para manter a concentração diante de uma mulher e totalmente desprovido da habilidade de tomar qualquer tipo de iniciativa a não ser balbuciar coisas desconexas ou olhar para o nada.
Eu sei, eu sei, explicando assim não parece fazer muito sentido, mas quando aquela ruiva estonteante estiver na sua porta dizendo algo como "Face it, tiger, you just hit the jackpot" você vai me agradecer.


2. Suma sem dizer porque e finja que está tudo bem.


Nada impressiona mais uma mulher do que a sua capacidade de sumir durante períodos prolongados de tempo sem dar a ela nenhuma informação sobre a razão do sumiço, o seu paradeiro ou mesmo quando você vai voltar. Clark Kent sumia frequentemente sem dar nenhuma explicação e ficava tudo bem, Bruce Banner sumia durante várias noites e o relacionamento estava ok, Hal Jordan simplesmente ia pra outro planeta durante meses e era até charmoso.
Apenas sugiro que não siga o exemplo um pouco mais hardcore do Capitão América, que ficou preso num cubo de gelo durante 40 anos, porque a sua garota pode ter… não sei… morrido nesse meio tempo.


3. Tenha segredos inexplicáveis.

O conceito de sinceridade num relacionamento é algo total e completamente superestimado, como qualquer boa história de super-herói pode demonstrar. Garotas gostam de mistério, como diz aquela música do The Cribs, e quanto mais segredos, mentiras, histórias absurdas e coisas do tipo você puder ir empilhando entre vocês dois, maiores as chances de tudo dar certo.
Uma vida dupla, pais que você nunca apresenta, um emprego de fachada e aquele órfão do circo que mora na sua casa, tudo isso só serve pra apimentar a relação e torná-lo fascinante e misterioso. Se duvidar procure por "Batman" na Wikipédia.


4. Seja sempre vago em relação ao seu passado.


Ainda na linha do mistério, é sempre importante que tudo em relação ao seu passado seja absurdamente misterioso, seja pela razão que for.
Não, não falo apenas de não comentar sobre ex-namoradas ou evitar mencionar aquele problema com a polícia no Baixo Gávea, falo em termos de não contar qual é seu sobrenome, nunca citar nada que se passou na sua infância, oferecer dados desencontrados sobre sua vida ("Eu fiz parte da resistência francesa… mas não quero falar disso") e depois dizer que tudo isso tem a ver com implantes de memória, lavagem cerebral e aquele período no exército canadense.
Pode ser um pouco mais fácil se você parecer com o Hugh Jackman, claro.


5. Mulheres gostam de viver perigosamente.


Esqueça ideias machistas como conforto, tranquilidade ou rotina. Os quadrinhos nos ensinam que as mulheres gostam, na verdade, de fortes emoções, altos níveis de adrenalina, e possivelmente de ter sua vida colocada em risco com a maior frequência possível.
Pense em como a Lois Lane está sempre caindo do alto de prédios, ficando na mira de armas, sendo sequestrada por terroristas, aparecendo dentro da jaula de leões e sendo levada por civilizações alienígenas. Note se não existe aí um certo gosto pelo perigo. E claro que culpar o fato de que ela namora com o Super-Homem por isso tudo seria apenas mais uma atitude machista da nossa parte.

 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Brasil Sem Grades lançou campanha Justiça Seja Feita!


A ONG, presidida por Luiz Fernando Oderich, realizou no dia 23 de setembro, em Porto Alegre, o Fórum Justiça Seja Feita, que teve como temática o novo Código de Processo Penal.

A ONG Brasil Sem Grades lançou a campanha Justiça Seja Feita no dia 23 de setembro, durante Fórum que teve como tema o novo Código de Processo Penal. O evento aconteceu no Ritter Hotéis (Largo Vespasiano J. Veppo, 55), em Porto Alegre. Na ocasião, foi lançado o vídeo da campanha, desenvolvida pela agência Competence, com a participação de pais, mães e filhos - cujos familiares foram vitimados pela violência e os criminosos continuam  impunes. Os participantes do evento foram o presidente da BSG, Luiz Fernando Oderich; o promotor de Justiça, Mauro Fonseca  Andrade e o deputado federal Osmar Terra.

A ideia do Fórum foi de chamar a atenção da sociedade para falhas existentes no novo CPP. “Os retrocessos são muitos, mas os dois pontos cruciais são o juiz das garantias e o juiz-defensor. Diz o novo código que, se o juiz atua na fase da investigação, ele não pode atuar na fase do processo, por isso, ele cria o juiz das garantias para atuar durante a investigação. O problema é que, para cada fato, serão necessários dois juízes. É uma burocratização. Se tornará um grande problema nas cidades pequenas, onde só há um juiz e resultará em mais demora. Em relação ao segundo, o novo texto diz que, se o juiz quiser alguma prova que nem a acusação nem a defesa apresentaram, ele só pode pedi-la se for a favor do réu, nunca em favor do Ministério Público. Isso é um absurdo e uma injustiça”, enfatizou Luiz Fernando Oderich.

O evento teve a presença de parceiros da entidade e pessoas ligadas aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. “É necessário discutir e analisar profundamente este novo Código, pois chega de impunidade no Brasil, onde os criminosos estão soltos e a sociedade, literalmente, atrás das grades das suas residências”, ressalta Oderich. Mais informações pelo telefone (51) 3333.7070 ou www.brasilsemgrades.org.br.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Justiça Seja Feita



O Congresso Nacional está prestes a aprovar uma reforma do atual Código do Processo Penal que consegue PIORAR a situação presente! Membros do Ministério Público do RS e voluntários da BSG estão preparando uma proposta alternativa a ser levada a Brasília como EMENDA POPULAR.
Para tanto, necessitaremos coletar assinaturas de 1% dos eleitores (cerca de 1.300.000 pessoas), de cinco diferentes Estados. Imaginamos que nosso projeto esteja pronto para colher assinaturas em julho de 2011. Quando a proposta estiver pronta, precisaremos de sua participação para arrecadar subscrições. Caso esteja disposto a nos ajudar, deixe os seus dados para entrarmos em contato posteriormente.

Assista ao vídeo da campanha



quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Uma Voz no Vento

Ainda podemos adormecer as palavras que ficaram demasiado perto do silêncio. Esconde o medo e vê como é imenso tudo o que não te disse.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Infidelidade Masculina

Mími (acento agudo no primeiro “i” mesmo) foi encontrada por mim em abril deste ano. É uma gata tricolor linda, peluda, cruza de angorá com só Deus sabe, mas chamou-me a atenção por ser carinhosa com todos os transeuntes da rua. Durante duas semanas ela ficou ali, sendo alimentada por todos, mas ninguém a levava pra casa. Até que um dia, numa noite fria e ventosa, compadecida da pobrezinha, levei-a para casa. Antes, tive de fazer um rancho no supermercado: caixinha para as necessidades, areia especial (cara pra burro), ração (cruzes! mais cara ainda), sabonete antipulgas e biscoitinhos em forma de corações. Um mimo para compensar o sofrimento da abandonada.

Eu ficava fora o dia inteiro e, quando retornava, notava que a bichana parecia estar triste e depressiva, atirada em cima da estante da sala, tentando ver um pedaço da rua. As janelas não eram teladas e eu as mantinha fechadas. Comecei a ficar com pena dela. Mesmo sabendo que gatos são independentes e que ficam bem sozinhos, senti que aquele bichinho não estava acostumado com a solidão. Fui atrás de pessoas que pudessem ficar com ela, dar-lhe todo o amor e carinho que precisava. A cada interessado, eu fazia perguntas de como seria a vida dela no novo lar. Risquei os pretendentes. Como me tornei responsável pelo bem-estar dela, não podia deixá-la pior do que já estava. Até que surgiu uma fada madrinha: a mãe da minha nora. Ela já possuía um gato e gostaria de ter uma companheira para ele. No dia em que a levei, fui preparada para trazê-la de volta, caso ela e o “futuro marido” não se acertassem ou que ela não se adaptasse no novo lar. Para minha alegria, ambos se apaixonaram à primeira vista. Confesso que eu também me apaixonei por aquele gatarrão lindo, enorme e com olhos verdes sedutores. Mími não só estava num palácio com um lindo jardim, onde teria toda a liberdade do mundo para exercitar-se, como havia encontrado um príncipe encantado. Após dois dias sondando o novo lar, ela então se aventurou a passear com o Caco. Contam-me que ela está feliz da vida, inseparável do companheiro, e os dois são vistos pelos telhados da casa ou em cima de uma árvore, só retornando para alimentar-se ou para dormir no colo de seus donos.

Que inveja eu senti da Mími! Ela conseguiu o que todas nós, exceto as feministas radicais, sonhamos encontrar na vida: um parceiro para aventuras, bonito, sensual e protetor. Até que pensei: agora ela está no sétimo céu, mas ele é macho. Quando passar a novidade de ter uma “fêmea” ou quando ela ficar velha, vai traí-la e pular a cerca. Trair faz parte da natureza de qualquer macho, seja plantígrado ou quadrúpede.

Toda essa história (verídica) é para falar sobre a infidelidade masculina. Em 2008, Arnaldo Jabor escreveu um artigo sobre o tema. Só resolvi postá-lo aqui porque o mesmo foi publicado novamente no Jornal O Sul do dia 07/09/2010.

Ei-lo; após, as minhas considerações a respeito:

Infidelidade Masculina: numa visão real e verdadeira de Arnaldo Jabor.

Foi lendo um monte de besteiras que as mulheres escrevem em livros sobre o “universo masculino”, que resolvi escrever esse e-mail. Não tenho objetivo de revelar os segredos dos homens, mas, amigos, desculpem-me, não se trata de quebrar nosso código de ética. Isso vai ajudar as mulheres a entenderem os homens e, enfim, pararem de tentar nos mudar com métodos ineficazes.

Vou começar de sola. Se não estiver preparada nem continue a ler. E digo com segurança: o que escrevo aqui se aplica a 99,9% dos homens baianos e brasileiros (sem medo de errar).

1º. Não existe homem fiel. Você já pode ter ouvido isso algumas vezes, mas afirmo com propriedade. Não é desabafo. É palavra de homem que conhece muitos homens e que conhecem, por sua vez, muitos homens. Nenhum homem é fiel, mas pode estar fiel, ou porque está apaixonado (algo que não dura muito tempo; no máximo alguns meses – nem se iluda) ou porque está cercado por todos os lados (veremos adiante que não adianta cercá-lo: isso vai se voltar contra você). A única exceção é o crente extremamente convicto, mas aguente as outras consequências.

2º. Não desanime. O homem é capaz de te trair e de te amar ao mesmo tempo. A traição do homem é hormonal, efêmera, para satisfazer a lascívia. Não é como a da mulher. Mulher tem que admirar para trair; ter algum envolvimento. O homem só precisa de uma bunda. A mulher precisa de um motivo para trair, o homem precisa de uma mulher.

3º. Não fique desencantada com a vida por isso. A traição tem seu lado positivo. Até digo, é um mal necessário. O cara que fica cercado, sem trair, é infeliz no casamento; seu desempenho sexual diminui (isso mesmo, o desempenho com a esposa diminui), ele fica mal da cabeça. Entenda de uma vez por todas: homens e mulheres são diferentes. Se quiser alguém que pense como você, vire lésbica (várias já fizeram isso e deu certo), ou case com um veado enrustido que precisa de uma mulher para se enquadrar no modelo social. Todo ser humano busca a felicidade, a realização. E a realização nada mais é do que a sensação de prazer (isso é química, tudo no cérebro). A mulher se realiza satisfazendo o desejo maternal, com segurança de ter uma família estruturada e saudável, com um bom homem ao lado que a proteja e lhe dê carinho.

O homem é mais voltado para a profissão e para a realização pessoal e a realização pessoal dele vem de diversas formas: pode vir com o sentimento de paternidade, com uma família estruturada etc., mas nunca vai vir se não puder ter acesso a outras fêmeas e se não puder ter relativo sucesso na profissão. Se você cercar seu homem (tipo, mulher que é sócia do marido na empresa; o cara não dá um passo no dia-a-dia sem ela) você vai sufocá-lo de tal forma que ele pode até não ter espaço para lhe trair, mas ou seu casamento vai durar pouco, ou ele vai ser gordo (vai buscar a fuga na comida) e vai ser pobre (porque não vai ter a cabeça tranquila para se desenvolver profissionalmente. Vai ser um cara sem ambição e sem futuro).

4º. Não tente mudar para seu homem ser fiel. Não adianta. Silicone, curso de dança sensual, se vestir de enfermeira, etc... Nada disso vai adiantar. É lógico que quanto mais largada você for, menor a vontade do homem de ficar com você e maior as chances do divórcio.

Se ser perfeita adiantasse, Julia Roberts não tinha casado três vezes. Até Gisele Bündchen foi largada por Di Caprio, não é você que vai ser diferente (mas é bom não desanimar e sempre dar aquela malhadinha). O segredo é dar espaço para o homem viajar nos seus desejos: na maioria das vezes, quando ele não está sufocado pela mulher ele nem chega a trair, fica só nas paqueras, troca de olhares. Finja que não sabe que ele dá umas pegadas por fora. Isso é o segredo para um bom casamento. Deixe ele se distrair, todos precisam de lazer.

5º. Se você busca o homem perfeito, pode continuar vendo novela das seis. Eles não existem nesse conceito que você imagina. Os homens perfeitos de hoje são aqueles bem desenvolvidos profissionalmente, que traem esporadicamente (uma vez a cada dois meses, por exemplo), mas que respeitam a mulher, ou seja, não gastam o dinheiro da família com amantes, não constituem outra família, não traem muitas vezes, não mantêm relações várias vezes com a mesma mulher (para não criar vínculos) e, sobretudo, são muito discretos: não deixam a esposa saber (e nem ninguém da sua relação, como amigas, familiares, etc.). Só, e somente só, um ou outro amigo DELE deve saber, faz parte do prazer do homem contar vantagem sexual. Pegar e não falar para os amigos é pior do que não pegar. As traições do homem perfeito geralmente são numa escapulida numa boate, ou com uma garota de programa (usando camisinha e sem fazer sexo oral nela), ou mesmo com uma mulher casada de passagem por sua cidade. O homem perfeito nunca trai com mulheres solteiras. Elas são causadoras de problemas. Isso remete ao próximo tópico.

6º. ESSE TÓPICO NÃO É PARA AS ESPOSAS - É PARA AS SOLTEIRAS OU AMANTES: Esqueçam de uma vez por todas esse negócio de que homem não gosta de mulher fácil. Homem adora mulher fácil. Se “der” de prima então, é o máximo. Todo homem sabe que não existe mulher santa. Se ela está se fazendo de difícil ele parte para outra. A demanda é muito maior do que a procura. O mercado está cheio de mulher gostosa. O que homem não gosta é de mulher que liga no dia seguinte. Isso não é ser fácil, é ser problemática. Ou, como se diz na gíria, é pepino puro. O fato de você não ligar para o homem, e ele gostar de você, não quer dizer que foi por você se fazer de difícil, mas sim, por você não representar ameaça para ele. Ele vai ficar com tanta simpatia por você que você pode até conseguir fisgá-lo e roubá-lo da mulher. Ele vai começar a se envolver sem perceber. Vai começar a te procurar. Se ele não te procurar era porque ele só queria aquilo mesmo. Parta para outro e deixe esse em stand by. Não vá se vingar, você só piora a situação e não lucra nada com isso. Não se sinta usada, você também fez uso do corpo dele - faz parte do jogo; guarde como um momento bom de sua vida.

7º. 90% dos homens não querem nada sério. Os 10% restantes estão momentaneamente cansados da vida de balada ou estão ficando com má fama por não estarem casados ou enamorados; por isso procuram casamento. Portanto, são máximas as chances do homem mentir em quase tudo que te fala no primeiro encontro (ele só quer te comer, sempre). Não seja idiota, aproveite o momento, finja que acredita que ele está apaixonado e dê logo para ele (e corra o risco de fisgá-lo) ou então nem saia com ele. Fazer doce só agrava a situação, estamos em 2008 e não em 1958. Esqueça os conselhos da sua avó, os tempos são outros.

8º. Para ser uma boa esposa e para ter um casamento pelo resto da vida faça o seguinte: Tente achar o homem perfeito do 5º item, dê espaço para ele. Não o sufoque. Ele precisa de um tempo para sua satisfação. Seja uma boa esposa, mantenha-se bonita, malhe, tenha uma profissão (não seja dona de casa), seja independente e mantenha o clima legal em casa. Nada de sufocos, de “conversar sobre a relação”, de ficar mexendo no celular dele, de ficar apertando o cerco, etc. Você pode até criar 'muros' para ele, mas crie muros invisíveis e não muito altos. Se ele perceber ou ficar sem saída, vai sentir-se ameaçado e o casamento vai começar a ruir.

A última dica:

9º. Se você está revoltada por este e-mail, aqui vai um conselho: vá tomar uma água e volte para ler com o espírito desarmado. Se revoltar quanto ao que está escrito não vai resolver nada em sua vida. Acreditar que o que está aqui é mentira ou exagero pode ser uma boa técnica (iludir-se faz parte da vida, se você é dessas, boa sorte!).

Mas tudo é a pura verdade. Seu marido/noivo/namorado a ama, tenha certeza, senão não estaria com você, mas trair é como um remédio; um lubrificante para o motor do carro. Isso é científico.
O homem que você deve buscar para ser feliz é o homem perfeito do item 5º. Diferente disso ou é crente, ou veado ou tem algum trauma (e na maioria dos casos vão ser pobres). O que você procura pode ser impossível de achar, então, procure algo que você pode achar e seja feliz ao invés de passar a vida inteira procurando algo indefectível que você nunca vai encontrar.
Espero ter ajudado em alguma coisa. Agora, depois de tudo isso dito, cadê a coragem de mandar este e-mail para minha mulher?

Considerações da Loba Escaldada:

Bem, se nem ele teve coragem de mandar o que escreveu para a mulher dele, o que posso dizer a respeito?
Cafajeste é cafajeste, não importa o estado civil, idade, cor ou religião (não vou citar a opção sexual porque os gays costumam ser fiéis). Chame o “seu infiel” do que quiser: galinha, filho da mãe, insensível, ladrão de coração, copulador irrefreável, promíscuo, safado, sem vergonha, idiota ou retardado sentimental. Vale até palavrões. Dercy Gonçalves vivia dizendo palavrões e viveu mais de 100 anos. Deve ter algo de terapêutico em proferir impropérios. Só não rogue pragas para o coitado e nem deseje que ele fique impotente. A vida do infiel já é uma droga, imagina se ficar pior? E a Lei da Ação e da Reação? Tudo pode voltar-se contra você e sua vida ficar um inferno (e você tornar-se frígida). O melhor é aceitar que o coitado é um sujeito muito ocupado (afinal, transar com tudo o que se move e respira ocupa muito tempo) e deixá-lo em paz. Acho melhor você buscar um menos cafajeste ou só apaixonar-se por cachorros de quatro patas. Sinceramente, acho que ainda vale a pena um cafajeste. Pelo menos, ele faz cocô e xixi na privada e não no tapete ou nas pernas da mesa. E a cada duas semanas (ou menos, dependendo do quanto você é gostosa) – isso quando não faz você chorar rios de lágrimas sobre um vidro de Rivotril-, ainda a leva para passear. É tudo uma questão de ter atitude, não deixar-se iludir e aproveitar os bons momentos, caso você goste dele ou não se dê muito valor. Como diz o ditado:

“Um homem, na fase da conquista, administra uma mulher do pescoço para baixo. Quando consegue cativá-la, não sabe como administrá-la do pescoço para cima”.

É nessa hora que cabe a uma mulher agir com inteligência.
Beijos e espero ter correspondido ao pedido da amiga M., que me pediu que postasse algo a respeito sobre homens infiéis.

A ausência completa de humor torna a vida impossível. Sorria! Mau humor não modifica o destino de ninguém.

sábado, 11 de setembro de 2010

Em que esquina dobrei errado?

Quanta gente perde a vida que almejou por ter virado numa esquina que não conduzia a lugar algum?

Aconteceu em Paris. Estava sozinha e tinha duas horas livres antes de chamar o táxi que me levaria ao aeroporto, de onde embarcaria de volta para o Brasil. Mala fechada, resolvi gastar esse par de horas caminhando até a Place des Voges, que era perto do hotel. Depois de chuvas torrenciais, fazia sol na minha última manhã na cidade, então Place des Voges, lá vou eu. E fui.

Sem um mapa à mão, tinha certeza de que acertaria o caminho, não era minha primeira vez na cidade. Mas por um desatino do meu senso de orientação, dobrei errado numa esquina. Em vez de ir para a esquerda, entrei à direita. Mais adiante, aí sim, virei à esquerda, mas não encontrei nenhuma referência do que desejava. Segui reto: estaria a Place des Voges logo em frente? Mais umas quadras, esquerda de novo. Gozado, era por aqui, eu pensava. Não que fosse um sacrifício se perder em Paris, mas eu parecia estar mais longe do hotel do que era conveniente. Mais caminhada, e então, várias quadras adiante, não foi a Place des Voges que surgiu, e sim a Place de la Republique. Eu tinha atravessado uns três bairros de Paris, mon Dieu.

Perguntei a um morador o caminho mais curto para voltar à rua onde ficava meu hotel, e ele me apontou um táxi. Teimosa, pensei: ainda tenho um tempinho, voltarei a pé. E assim foram minhas duas últimas horas em Paris, uma estabanada andando às pressas, saltando as poças da noite anterior, olhando aflita para o relógio em vez de flanar como a cidade pede. Cheguei bufando no hotel, peguei minha mala e, por causa da correria, esqueci no hall de entrada uma gravura linda que havia comprado e que planejava trazer em mãos no voo. Tudo por causa de uma esquina que dobrei errado.

Foram apenas duas horas inúteis e cansativas, e duas horas não é nada na vida de ninguém. Mas quanta gente perde a vida que almejou por ter virado numa esquina que não conduzia a lugar algum?

Alguns desacertos pelo caminho fazem a gente perder três anos da nossa juventude, fazem a gente perder uma oportunidade profissional, fazem a gente perder um amor, fazem a gente perder uma chance de evoluir. Por desorientação, vamos parar no lado oposto de onde nos aguardava uma área de conforto, onde encontraríamos pessoas afetivas e uma felicidade não de cinema, mas real. Por sair em desatino sem a humildade de pedir informação a quem conhece bem o trajeto ou de consultar um mapa, gastamos sola de sapato à toa e um tempo que ninguém tem para esbanjar. Se a vida fosse férias em Paris, perder-se poderia resultar apenas numa aventura, mesmo com o risco de o avião partir sem nós. Mas a vida não é férias em Paris, e aí um dia a gente se olha no espelho e enxerga um rosto envelhecido e amargurado, um rosto de quem não realizou o que desejava, não alcançou suas metas, perdeu o rumo: não consegue voltar para o início, para os seus amores, para as suas verdades, para o que deixou pra trás. Não existe GPS que assegure se estamos no caminho certo. Só nos resta prestar mais atenção.

*Texto de Martha Medeiros

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Tipos de Ex-Mulher

*Por Martha Mendonça (colunista da Revista Época)

Ontem, no post que escrevi sobre o bebê da Nova Família, muita gente ficou me perguntando sobre qual foi, afinal, a reação da ex-mulher do marido da minha amiga. A curiosidade geral me inspirou a fazer uma lista dos tipos de ex-mulher. Inspirei-me nas amigas que são ex e nas amigas que sofrem com as ex (e em mim mesma, que sou ex e casada com um homem que tem uma ex).

Muitas variáveis definem a que categoria uma ex-mulher vai pertencer: criação, temperamento, o acaso (ela pode conseguir um homem bem melhor no dia seguinte…), mas duas são muito importantes: se eles tiveram filhos juntos e, QUEM quis se separar. Isso muda tudo, não? Outra coisa: algumas podem misturar duas ou mais categorias.

Então veja a lista abaixo. E se tiver mais uma classificação, diz-me que eu acrescento no post (e outro dia faço os tipos de ex-marido).

Mala

Ela é dependente, grudenta e não aproveitou a separação para aprender a trocar lâmpada, fazer a manutenção do carro e preencher o formulário do Imposto de Renda. Como não se casou de novo com um eletricista-mecânico-contador, fica pedindo ajuda ao antigo. Se tem filhos, não consegue ter autoridade sobre eles e telefona todas as noites pra dizer: “não aguento mais as malcriações do Pedrinho, você tem que dar um jeito no seu filho”.

Alienadora

Nunca se conformou com a separação e usa as crianças para se vingar do ex-marido. Fala mal dele o tempo todo e faz a cabeça dos filhos para não gostarem ou dizerem que não querem ir para a casa do pai, faz chantagem emocional com os pequenos, inventa festas e compromissos nos fins-de-semana do ex. Vive descumprindo os acordos para se dar bem ou simplesmente para tirar o ex-marido do sério – simplesmente porque este é seu esporte preferido: como ela não tem mais o amor dele, é a única forma que tem de chamar atenção.

Monstra

Essa faz tudo que a alienadora faz, com um acréscimo: é agressiva. É capaz de passar a chave para arranhar todo o carro dele enquanto o cara está passeando com o filho, nas festas escolares esconde a criança do pai e é capaz de bater nas novas namoradas do ex-marido (eu conheço uma assim).

Maternal

Ela separou do cara, mas adora cuidar dele, como uma mãe ou uma espécie de conselheira. Decorou o novo apartamento dele, faz algumas compras de supermercado (especialmente para os próprios filhos terem o que comer nos fins de semana que estão com ele), ajuda a escolher roupas de um evento. Ele é muito dependente da ajuda e da opinião dela e não consegue abandonar totalmente a casa antiga (conheci um que só conseguia fazer o número 2 na casa da ex).

Sumida

Eles não tiveram filhos e nem adquiriram patrimônios juntos. Então separar é bem parecido com terminar um namoro. Cada um pro seu lado. Às vezes se falam nos aniversários e no Natal. Às vezes nem isso.

Ioiô

Ela consegue ser feliz e não incomodar quando está namorando. Mas se leva um pé-na-bunda, curte logo uma nostalgia e volta a cercar o ex. “Cercar” significa tanto encher o saco quanto tentar seduzir.

Rebeca

Ela é linda, maravilhosa, poderosa – e foi ela quem quis se separar. Ou seja: será para sempre a mulher inesquecível. She rules. Mesmo que ele não tenha qualquer intenção de voltar de verdade para ela, sempre se sentirá seduzido e fará vontades.

Parente

Depois da separação (consensual ou por vontade dela), virou uma espécie de irmã ou prima dele: tem afeto, mas zero de interesse sexual. Convivem, vão comer pizza com os filhos e os novos parceiros de cada um e até passam o Natal juntos.

Apaixonada

É a Jeniffer Aniston. Foi abandonada, mas não fala mal dele por aí. Não consegue esquecê-lo e nunca engata direito outro relacionamento. No fundo, tem esperança de um dia reconquistá-lo.

Fantasma

Eles ficaram um bom tempo casados, têm filhos, foi ele quem quis separar, ela ficou triste, mas aceitou. Nunca arrumou encrenca com ele e vive a vida – com ou sem filhos – sem arrumar confusão, sem alienar as crianças e sem implicar com as namoradas dele. Essa não existe.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Morte Inventada - Um Filme Sobre Alienação Parental

O documentário longa-metragem “A Morte Inventada” (2009), do diretor Alan Minas e da Caraminhola Produções, trata do assunto do meu último post, sobre a Síndrome da Alienação Parental. O documentário resultou depois que o próprio diretor sofreu na carne o que é ser vítima de uma mulher alienadora.

SINOPSE

O filme revela o drama de pais e filhos que tiveram seus elos rompidos por uma separação conjugal mal conduzida, vítimas da Alienação Parental. Os pais testemunham seus sentimentos diante da distância, de anos de afastamento de seus filhos. Os filhos que na infância sofreram com esse tipo de abuso, revelam de forma contundente como a AP interferiu em suas formações, em seus relacionamentos sociais e, sobretudo, na relação com o genitor alienado. O filme também apresenta profissionais de direito, psicologia e serviço social que discorrem sobre as causas, condições e soluções da questão.

“O sentimento incontrolável de culpa se deve ao dado de que a criança, quando adulta, constata que foi cúmplice inconsciente de uma grande injustiça.”



domingo, 5 de setembro de 2010

Síndrome de Alienação Parental: O que é isso?

A ONG Brasil sem Grades (www.brasilsemgrades.org.br), na qual sou voluntária, além de campanhas visando o enfrentamento ao crime e prevenção às drogas, também é voltada ao planejamento familiar e à paternidade responsável. O projeto “Pai? Presente!” está para se tornar projeto de lei, com alcance em todo o RS. A iniciativa surgiu a partir de estudos mostrando que a falta da figura paterna é um dos fatores que leva ao uso de drogas e à evasão escolar. O projeto Pai? Presente! visa identificar menores que não têm o nome do pai no registro de nascimento e procurar o familiar para assumir a responsabilidade pelo filho. A ação "Pai? Presente!" teve início em março de 2010 no município de São Sebastião do Caí/RS. A iniciativa tem o engajamento da BSG, Defensoria e Ministério Público, cartório de registros, Hospital Sagrada Família e da prefeitura do município.
Acontece que, à medida que a campanha avança, fatos novos vêm ocorrendo. Pais desesperados enviam e-mails, relatando casos onde são as mães que não permitem que os mesmos assumam seus filhos. Afastam seus filhos da figura paterna. Impedem-nos de serem responsáveis pela prole. Lutar pela paternidade responsável já não é mais obrigar o pai a registrar seus filhos, mas também obrigar mães cruéis a permitirem que os pais também sejam responsáveis pela educação daqueles que geraram.
Mesmo depois de mais de um ano de aprovação da Lei nº 11.698/08 (Guarda Compartilhada), ainda existem pais/mães contrários à aplicação da Guarda Compartilhada aos seus casos concretos, e lançam mão dos recursos da Alienação Parental de manipular emocionalmente seus filhos menores para que passem a odiar o outro pai/mãe, com argumentos inverídicos, mas suficientemente graves e convincentes para mobilizar as autoridades para impedir as visitas (e até, suspender o poder familiar, anterior “pátrio poder”), com acusações de agressão física ou molestação sexual, procedentes ou não. Além de ser um entrave à aplicabilidade da Guarda Compartilhada, será uma manobra sórdida para afastar o outro pai/mãe do convívio, objetivando a destruição definitiva dos vínculos parentais – causando graves prejuízos psíquicos aos filhos e a desmoralização do pai/mãe acusado e excluído.
Uma das formas mais sórdidas de alienação parental – e que caracteriza o nível grave da Síndrome de Alienação Parental - vai além das habituais estratégias para bloquear o contato da criança com o genitor, como não dar recados deixados por telefone ou “esquecer” de avisar sobre a festa no colégio. As falsas acusações de abuso sexual têm sido identificadas cada vez mais nas delegacias de polícia. Consiste em sabotar a aplicabilidade da Guarda Compartilhada através das acusações falsas de abuso sexual, induzindo-os a formularem relatos incoerentes, mas que pela repetitividade, são fixados como falsas memórias . E, para isso, o(a) alienador perde a noção do bem-senso, faz “peregrinação” com a criança por profissionais até encontrar quem emita laudos que “atestam” a ocorrência do abuso.


O(a) alienador(a) age desta forma sórdida devido ao seu perfil psicológico:

• Papel de “vítima” perante os outros (profissionais, amigos, Judiciário);
• Esquizo-paranoide: faz uma divisão rígida das pessoas em “boas” (a favor dela) e “más” (contra ela), e sente-se perseguida, injustiçada, indefesa;
• Psicopata: não sente culpa ou remorso; não tem a mínima consideração pelo sofrimento alheio - nem dos filhos -, e não respeita leis, sentenças, regras.

Todavia, no último dia 07/07, os senadores da Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovaram o PLC nº 20/2010 de autoria do deputado Régis de Oliveira (PSC-SP), originalmente denominado PL nº 4.053/2008, que define e pune quem pratica a chamada síndrome da alienação parental. O texto do PLC foi aprovado na íntegra em relação ao PL original.
Conforme o art. 2º do PLC nº 20/2010, “Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a autoridade, guarda ou vigilância, para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”, e seus incisos apresentam alguns exemplos de condutas que podem caracterizar o ato, como realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade, impedir o pai/mãe não-guardião(â) de obter informações médicas ou escolares dos filhos, criar obstáculos à convivência da criança com o pai/mãe não-guardião(â) e familiares deste(a), apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar sua convivência com a criança ou adolescente, ou mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
Por ter caráter terminativo, o projeto não precisa passar por votação no plenário e vai direto para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar em vigor.


Importante: A Lei da Alienação Parental será aplicada a todos os processos em andamento, e não apenas a processos protocolados a partir da assinatura presidencial. Processos com sentença negando a alienação ou punição quando a alienação for existente poderão ser reabertos ou peticionar novos processos.


As sanções penais:


Com o PLC nº 20/2010, quem colocar os filhos contra os pais depois do divórcio pode ter penas que variam de advertência, multa, ampliação de convivência da criança com o pai/mãe afastado(a), até a perda da guarda da criança ou adolescente, ou mesmo da autoridade parental. A lei se aplica também a avós ou outros responsáveis pela criação dos jovens.
Aqueles que apoiam a aprovação deste Projeto principalmente as entidades que lutam pela parentalidade responsável e equitativa da criança com ambos os pais, acreditam que não haverá obstáculos, de qualquer ordem, para que o Presidente o transforme em Lei, o que será uma grande vitória para aqueles que estão, por vezes há anos, impedidos de conviver com seus filhos, por imposições arbitrárias e desmedidas de quem tenha interesse na destruição de vínculos afetivos essenciais para o desenvolvimento saudável e equilibrado de seus próprios filhos! Afinal, o direito de convivência é da criança, e é inalienável e imprescritível.


Finalizando:

As mudanças estão aí, conclamando todos nós pais, filhos, profissionais, juristas, legisladores, instituições publicas e privadas a modificamos nossa postura, nossa mentalidade e nossas atitudes. Da mesma forma como a sociedade passou da arcaica estrutura patriarcal a um contexto mais participativo e igualitário, as políticas públicas, os projetos privados e as iniciativas (remuneradas ou não) terão que corresponder a essas novas demandas sociais. São importantes desafios, mas o resultado será a formação de novas gerações de crianças/adolescentes saudáveis, amadurecidos, compreensivos, tolerantes, íntegros, com vínculos afetivos e sociais fortalecidos! Pode-se desejar um lucro maior do que este?

Conforme excerto do poema de Thiago de Mello:


...Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor....


Meu recado: Mães alienadoras, não esqueçam que o amor que está no coração de um pai que luta por seu filho é eterno. Por mais escaldadas que estejam em relação aos homens, não permitam que o ódio que lhes habita o coração sobrepuje suas melhores intenções para com seus filhos. Usar os filhos como armas de vingança, decididamente não é amor.

Fontes:


-Dra. DENISE MARIA PERISSINI DA SILVA-Psicóloga clínica e jurídica em São Paulo; pós-graduanda em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UNISA; autora da obra Psicologia Jurídica no Processo Civil Brasileiro (Rio de Janeiro: Forense, 2009), Guarda Compartilhada e Síndrome de Alienação Parental: o que é isso? (Campinas: Autores Associados, 2010) e Mediação e Guarda Compartilhada – conquistas para a família (Curitiba, Juruá, 2010) e de outros artigos na área da Psicologia Jurídica de Família;


- ONG Brasil sem Grades – News Letter.