Em 30 de abril de 2009, o delegado de
Polícia Civil Wilson Ronaldo Monteiro, do Pará, escreveu uma carta em que
demonstra a sua vontade de dizer à população que policiais também têm direito
às políticas adotadas pelos defensores dos “direitos humanos”. Carta do
delegado paraense é oportuna para o atual momento.
Senhor Bandido,
Esse termo de senhor
que estou usando é para evitar que macule sua imagem ao lhe chamar de bandido,
marginal, delinquente ou outro atributo que possa ferir sua dignidade, conforme
orientações de entidades de defesa dos Direitos Humanos.
Durante vinte e quatro
anos de atividade policial, tenho acompanhado suas “conquistas” quanto a
preservação de seus direitos, pois os cidadãos e especialmente nós policiais
estamos atrelados às suas vitórias, ou seja, quanto mais direito você adquire,
maior é nossa obrigação de lhe dar segurança e de lhe encaminhar para um
julgamento justo, apesar de muitas vezes você não dar esse direito às suas
vítimas. Todavia, não cabe a mim contrariar a lei, pois ensinaram-me que o
Direito Penal é a ciência que protege o criminoso, assim como o Direito do
Trabalho protege o trabalhador, e assim por diante.
Questiono que hoje em
dia você tem mais atenção do que muitos cidadãos e policiais. Antigamente você
se escondia quando avistava um carro da polícia; hoje, você atira, porque sabe
que numa troca de tiros o policial sempre será irresponsável em revidar. Não
existe bala perdida, pois a mesma sempre é encontrada na arma de um policial ou
pelo menos sua arma é a primeira a ser suspeita.
Sei que você é um
pobre coitado. Quando encarcerado, reclama que não possuímos dependência digna
para você se ressocializar. Porém, quero que saiba que construímos mais
penitenciárias do que escolas ou espaço social, ou seja, gastamos mais dinheiro
para você voltar ao seio da sociedade de forma digna do que com a segurança
pública para que a sociedade possa viver com dignidade.
Quando você mantém um
refém, são tantas suas exigências que deixam qualquer grevista envergonhado.
Presença de advogados, imprensa, colete à prova de balas, parentes, até juízes
e promotores você consegue que saiam de seus gabinetes para protegê-los. Mas se
isso é seu direito, vamos respeitá-lo.
Enfim, espero que
seus direitos de marginal não se ampliem, pois nossa obrigação também
aumentará. Precisamos nos proteger. Ter nossos direitos, não de lhe matar, mas
sim de viver sem medo de ser um policial.
Dois colegas de vocês
morreram, assim como dois de nossos policiais sucumbiram devido ao excesso de
proteção aos seus direitos. Rogo para que o inquérito policial instaurado, o
qual certamente será acompanhado por um membro do Ministério Público e outro da
Ordem dos Advogados do Brasil, não seja encerrado com a conclusão de que houve
execução, ou melhor, violação aos Direitos Humanos, afinal, vocês morreram em
pleno exercício de seus direitos.
Autor: Wilson Ronaldo
Monteiro - Delegado da Polícia Civil do Pará.