Penso que há sintomas da síndrome de Estocolmo em uma grande
parcela de eleitores, que se comportam, na hora de votar, como reféns.
Existem semelhanças, para mim, muito significativas, entre o
eleitor, refém, e alguns políticos psicopatas-sequestradores de votos.
A saber:
A Síndrome de Estocolmo é um estado particular desenvolvido
por pessoas que são vítimas de sequestro, no qual os reféns desenvolvem um
relacionamento afetivo com seu captor. Algumas vezes, uma verdadeira
cumplicidade, com os reféns ajudando seu captor a alcançar seus objetivos.
A Síndrome se desenvolve a partir de tentativas da vítima de
se identificar com seu captor ou de conquistar sua simpatia.
Se manifesta da seguinte maneira: durante o processo, os
reféns começam por identificarem-se emocionalmente com os sequestradores, como
mecanismo de defesa, por medo de agressões.
Esse processo ocorre sem que a vitima tenha consciência.
A identificação com o sequestrador ocorre para propiciar um
afastamento emocional da realidade perigosa e violenta à qual a pessoa está
sendo submetida.
O sequestrador faz tamanho estrago na mente da vítima porque
é um psicopata.
Infelizmente, podemos verificar sintomas parecidos com tal
tipo de personalidade em alguns políticos.
Exibem com arrogância um forte sentimento de
autovalorização, indiferença para com o bem estar dos outros e um estilo social
continuamente fraudulento.
Existe neles sempre a expectativa de explorar os demais e há
neles uma consciência social bastante deficiente, notória por uma inclinação
para violação das regras.
A irresponsabilidade social se percebe através de fantasias
expansivas e de contumazes e persistentes mentiras.
Sem princípios, mostram sempre um desejo de correr riscos,
sem experimentar temor de enfrentar ameaças ou ações punitivas. Buscadores de
novas sensações e narcisistas, funcionam como se não tivessem outro objetivo na
vida, senão explorar os demais para obter benefícios pessoais.
São completamente carentes de sentimentos de culpa e de consciência
social.
Normalmente
sua relação com os demais dura tempo suficiente em que acredita ter algo a
ganhar, como por exemplo, o período eleitoral.
Tem facilidade em influenciar pessoas, ora adotando um ar de
inocentes, de frágeis, de vítimas, ou de líderes, sempre assumindo um papel
mais indicado para a circunstância.
Carentes de qualquer sentimento de lealdade, normalmente
ocultam suas verdadeiras intenções debaixo de uma aparência de amabilidade e
cortesia.
Portanto, o eleitor fica uma presa fácil.
Certos políticos transformam seus eleitores em reféns.
O eleitor – refém é aquele que, em função da frustração
decorrente das falcatruas, crimes e mentiras, fica tão fragilizado que é capaz
de aliar-se ao candidato-sequestrador nas eleições.
Os sentimentos de frustração, decepção e revolta podem
mascarar-se defensivamente e hipnoticamente como identificação idolatria, e
levarem ao voto emocional, sem uso da razão.
Na hora de votar, a porta do cativeiro fica aberta, mas o
eleitor-refém está tão atordoado que não sabe para onde correr.
O medo da mudança e da própria liberdade pode levar a um
sentimento de desesperança e até de morte política, através do voto Kamikaze,
suicida.
O país precisa que os eleitores tenham coragem de sair pela
porta da frente do cativeiro, votando na sua liberdade.
*Carla Rojas Braga é psicóloga.