Li sobre o caso da atriz
Antônia Fontenelle, que viveu durante sete anos com o ator Marcos Paulo. Mesmo
o ator tendo colocado um adendo em seu testamento lhe deixando o direito a 60%
do saldo de suas contas bancárias e investimentos, ela não teve direito algum,
nem mesmo à casa onde convivia com ele maritalmente e foram felizes. Os
herdeiros e as ex-esposas não respeitaram nem o último desejo do ator.
Este caso me lembrou o de uma senhora que
viveu durante quinze anos com um viúvo. Após a morte da esposa e já com os
filhos crescidos - um homem e uma mulher, casados e bem-sucedidos -, ele foi
viver com esta senhora, a qual lhe serviu de companheira, prestou-lhe cuidados
durante a doença, levava-o ao hospital para o tratamento e ficou ao lado dele
até o dia de sua morte. Os filhos pouco se importavam com ele. Só apareceram
quando foi feito o inventário dos bens. Aí eles a deixaram sem nada, na
miséria, sem nem mesmo com a casa que ela ajudou a construir. Pobre, sem ter
onde morar, ela ficou doente e veio a falecer, o que foi motivo de risos por
parte dos herdeiros, que se vangloriaram pelo que fizeram a ela e pelo fato da
Justiça ter ficado do lado deles. Esses dois deixaram de ser meus amigos.
Agora vem à tona o caso da mulher que foi
amante durante 20 anos de um homem casado, cujo direito à pensão alimentícia
será julgado pelo STF. Aliás, ele não dividia a mesma casa com a esposa há
anos. Ele vivia com a amante, mesmo nunca ter se divorciado. Aí está o
problema: o papel. A mulher dele era a amante, com a qual tinha um filho, mas
um papel ainda o vinculava à outra.
Pelas opiniões que tenho lido, a maioria
deseja que a amante não tenha esse direito, mesmo tenho convivido durante vinte
anos com ele e construído uma vida em comum. Ela era dependente financeiramente
dele, então querem que ela fique sem nada, morra na miséria. Foi imperdoável o
que ela fez. Imaginem, ser amante de um homem casado...Tem mais é que se ralar,
dizem.
Tem mais que se ralar uma ova! Ela tem
direitos, sim! Por que a mulher tem sempre de pagar pelos erros de um homem? No
caso, quem errou foi ele por não ter se separado, talvez por não desejar pagar
um advogado ou dividir os bens com a esposa. Talvez ele tivesse até pensado que
ela poderia morrer antes dele. Isso acontece com a maioria de homens que não
são felizes em seus casamentos e não se separam por não quererem dividir os
bens. Há casos de homens desimpedidos que também não se casam com suas
companheiras por medo de dividir seus bens com ela. Injusta não é a mulher que
doa sua vida a um homem, por amor. Injusto são os homens que permitem que essa
situação aconteça. Injusta é a Justiça que dá tantos direitos e benefícios a
bandidos, a criminosos, e nenhum direito a uma mulher que deixou-se seduzir e
cativar por um homem há anos, que o amou e cuidou dele.
Talvez eu esteja sendo
injusta com as mulheres casadas. Talvez até me acusem de pensar desta maneira
porque não estou vivendo situação semelhante, a de ter de dividir pensão com a
amante de um marido.
Quem me conhece a fundo
sabe: eu estou sempre do lado da justiça, mesmo que vá contra os meus
princípios. Não dessa justiça dos homens, tão falha, tão inconstante, pois
juízes às vezes julgam conforme seus próprios interesses. Não: eu apenas acho
que as mulheres sempre se dão mal no final, seja amante, seja companheira, seja
esposa, quando possuem um homem sem hombridade alguma para assumir seus
relacionamentos, sejam os de papel, sejam os informais.
No caso de amantes sem
escrúpulos, cujo único interesse é o de se dar bem com um homem casado, que se
ralem. Que o homem dê valor à esposa direita que possui. Mas no caso de
mulheres que amaram um homem até o fim da vida dele, e que foram amadas, que a
Justiça esteja sempre a favor delas.
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