Bernardo, o seu enteado?
O filho da ex do marido?
Seria o que sobrou da ex, que não foi suicidado junto com ela?
O agregado incômodo,
que necessita de cuidados e disponibilidade afetiva, seria essa uma
possibilidade?
Talvez um concorrente na disputa infantil pelo afeto do provedor/pai
pobre?
Ou seria o concorrente/inimigo da sua filha, com a qual estaria
infantilmente identificada?
Seria o receptor de
migalhas afetivas do marido, que denunciavam que ela não o tinha na totalidade
e incondicionalmente?
Foi Bernardo vítima de um latrocínio, sendo o objeto roubado a sua potencial herança?
Estaria ela matando os aspectos insuportáveis do marido, como quem
extirpa um tumor que causa deformidade no ideal narcisicamente planejado?
Ou estaria ela tentando livrar-se dos seus sentimentos e desejos assassinos, algo que o
faz, paradoxalmente, assassinando Bernardo, depositário da sua fúria.
Poderia ser uma tentativa de matar a imagem do marido/pai fraco,
pusilânime, incapaz de ser continente da sua loucura assassina?
Seria um infanticídio, deslocando a fúria evocada pela sua filha para
seu enteado, uma pessoa mais tolerável para sua moralidade dissociada?
Poderia Bernardo evocar a lembrança de irmãos, irmãs, primos e amigos que ela não pode eliminar
na sua infância, mas que ela
tem certeza que lhe roubaram o que entendia ser seu?
Seria ela uma assassina de
aluguel, matando o enteado, no lugar do acovardado pai, que
impossibilitado de assumir seus sentimentos e desejos, silenciosamente indica o
desfecho para seus capangas?
Seria a repetição de um crime,
que anteriormente não foi descoberto e punido e, portanto, repete-se na busca
de uma expiação?
Talvez tenham sido vários os assassinados e as assassinas, inclusive alguns não citados. Só
não creio que ela tenha matado o irmão da filha; pois, para enxergar esta
relação é preciso ter uma mente que ela não tinha.
*Psicanalista (Sociedade Psicanalítica de
Pelotas – Febrapsi - IPA), médico psiquiatra (UFPel),
mestre em saúde e comportamento (UCPel).
Olá, não conhecia o blog, cheguei "por acaso", obrigado por compartilhar e identificar o autor. Hemerson Mendes, editor do Disgráfico: self decodificações (hemersonmendes.wordpress.com)
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