domingo, 7 de julho de 2013

Mercado Público de Porto Alegre – Cinzas de História

O nome já diz tudo: mercado público. Sem mencionar o valor histórico e sentimental do lugar, é onde tanto o rico quanto o pobre transitam pelo mesmo espaço. Seja para comprar filé, seja para comprar carne de segunda, a fila não privilegia ninguém.
Vou muito ao Mercado Público. Gosto do clima eclético, do ar de coisa antiga, de olhar para o chão e imaginar quantas pessoas que já não estão mais neste mundo pisaram no mesmo piso, pessoas de outras épocas, com outros costumes.
Pessoas saudosistas como eu saberão entender o que sinto. Caminhar pelo Mercado Público não é a mesma coisa que caminhar pelos corredores do Palácio de Versalhes, por exemplo, mas o clima de estar adentrado num lugar histórico, repleto de fantasmas do passado, é o mesmo.
Fazer o quê? Muitos valorizam mais a beleza de um lugar; outros, o seu passado histórico, mesmo que reste desse lugar apenas ruínas, como o Castelo de Chinon, na França, por exemplo.
Mesmo que o Mercado Público tivesse sido consumido totalmente pelas chamas e ficassem apenas suas ruínas, permaneceria o seu espírito no coração de todos os porto-alegrenses que, assim como eu, são fascinados mais por  história do que por beleza arquitetônica.
Beleza, quando destruída, inspira sentimento de pena, e pena é um sentimento facilmente apagado pelo tempo. Um velho prédio histórico inspira saudade indelével.
 
 
A vida é um incêndio: nela
Dançamos salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
Se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
Cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
Na própria luz consumida...
(Mário Quintana)
 
Mercado Público em 1895 – Arquivo do Estado
 
 
Mercado Público em 1991 – Autor: Ronaldo Bernardi/Agência RBS
 
 
 
Incêndio em 06/07/2013
 
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário