O nome já diz tudo: mercado público.
Sem mencionar o valor histórico e sentimental do lugar, é onde tanto o rico
quanto o pobre transitam pelo mesmo espaço. Seja para comprar filé, seja para
comprar carne de segunda, a fila não privilegia ninguém.
Vou muito ao Mercado Público. Gosto do
clima eclético, do ar de coisa antiga, de olhar para o chão e imaginar quantas
pessoas que já não estão mais neste mundo pisaram no mesmo piso, pessoas de
outras épocas, com outros costumes.
Pessoas saudosistas como eu saberão
entender o que sinto. Caminhar pelo Mercado Público não é a mesma coisa que
caminhar pelos corredores do Palácio de Versalhes, por exemplo, mas o clima de
estar adentrado num lugar histórico, repleto de fantasmas do passado, é o
mesmo.
Fazer o quê? Muitos valorizam mais a
beleza de um lugar; outros, o seu passado histórico, mesmo que reste desse
lugar apenas ruínas, como o Castelo de Chinon, na França, por exemplo.
Mesmo que o Mercado Público tivesse
sido consumido totalmente pelas chamas e ficassem apenas suas ruínas,
permaneceria o seu espírito no coração de todos os porto-alegrenses que, assim
como eu, são fascinados mais por
história do que por beleza arquitetônica.
Beleza, quando destruída, inspira
sentimento de pena, e pena é um sentimento facilmente apagado pelo tempo. Um
velho prédio histórico inspira saudade indelével.
A vida é um incêndio: nela
Dançamos salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
Se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
Cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
Na própria luz consumida...
(Mário Quintana)
Mercado Público em 1895 – Arquivo do Estado
Mercado Público em 1991 – Autor: Ronaldo Bernardi/Agência RBS
Incêndio em 06/07/2013
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