segunda-feira, 8 de julho de 2013

O Inferno Dentro de Um ônibus.

Entro no ônibus da linha T-5 para ir ao meu curso na Zona Norte. Acomodo-me no banco de trás, pensando em ter paz para repassar a matéria que será dada hoje. Não dá. Três jovens decidem também pelo banco de trás; riem e falam alto, contando as mirabolantes histórias do final de semana. Deus do céu, desde quando colocar pasta de dente nos óculos do amigo enquanto ele dorme é engraçado? Eu não quero escutar isso, mas sou obrigada. No banco da frente, um rapaz pega um celular e parece conversar com a namorada. Fala alto, para todo mundo ouvir: “Agora você vai me explicar por que não quer falar comigo”.  E vai nesta ladainha de “por que isso ou por que aquilo” enquanto todo mundo ouve. Eu não quero ouvir isso, mas sou obrigada. Ao meu lado senta-se outra jovem. Masca o chiclete ruidosamente, como se aquela goma fosse um néctar dos deuses. Para meu horror, começa a estourar bolas: “ploc, ploc”, uma atrás da outra. É muito “ploc” e saliva pra cima de mim. Faço cara feia para ela. Ela olha para mim e faz mais um “ploc”, só por desaforo. Penso em trocar de lugar, mas o ônibus já está lotado, com gente se pendurando até na gola do vizinho, e não tenho alternativa.
Estou quase chegando ao final e os ruídos continuam. Já sei todas as sacanagens que os jovens são capazes de fazer quando vão passar o final de semana numa praia e também todas as inseguranças em relação à namorada do rapaz que fala, ainda, ao celular (será que os créditos dessa porcaria são permanentes?). Em relação à moça do chiclete, nem a praga que roguei para que ela engolisse o chiclete quando o ônibus passou por um buraco adiantou. Parece que Deus protege os mascadores de chicletes. Não adiantou nem rezar.
Desço do ônibus. Como é boa a liberdade! Pessoas não tomam conhecimento do quanto conseguem ser irritantes em espaços ínfimos. Penso, enquanto me dirijo ao curso: “Podia ser pior se tivesse também de aturar os DJs funkeiros que não usam fones de ouvido”.
Por isso, de maneira alguma tiro a razão daqueles que preferem andar de carro e se sujeitar aos engarrafamentos a ter de andar de ônibus. Para o stress de um engarrafamento, nada que uma boa música clássica não resolva. Para  detestáveis grunhidos humanos, o jeito é ter paciência e aguentar no osso, estoicamente. O que se torna uma tarefa hercúlea.

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