sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Por que as pessoas gritam?

Certa vez, Mahatma Gandhi perguntou: - “Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?”
Um dos discípulos respondeu: “Porque perdemos a calma”.
- “Mas, por que gritar se a outra pessoa está ao seu lado?” - questionou.
Outro discípulo retrucou: “Gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça.”
-“Então, não pode ser dito em voz baixa?”
Em meio às várias respostas, Gandhi esclarece: “Quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. E, para cobrir essa distância, precisam gritar para se escutarem. Quanto mais aborrecidas, mais forte gritarão para ouvir um ao outro e cobrir a distância que os separam. Por outro lado, quando duas pessoas estão enamoradas, não gritam; falam suavemente e até sussurram. E conclui: quando discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta”.

Sempre evitei as pessoas que gostam de “ganhar no grito” ou que elevam a voz quando não possuem argumentos válidos. Meus ouvidos desde cedo foram treinados a ouvir apenas sons agradáveis, melodiosos. Prova disso é que aos cinco anos já escutava Danielle Licari, com sua voz de anjo, e dormia ao som de Bach, Beethoven e Mozart.
Quem nunca se retraiu ao som desagradável da voz de uma pessoa raivosa? Quem nunca foi ferido por palavras ríspidas, proferidas por uma pessoa tão estimada?
Palavras têm o poder de sensibilizar até os corações mais empedernidos, mas, quando ditas aos berros, geram tempestades destruidoras.
Dois grandes filmes me sensibilizaram mais pelas frases famosas do que pelo enredo.
Quem não se lembra das célebres frases dos filmes “Em algum Lugar do Passado” e “Love Story?
No primeiro, a personagem de Jane Seymour dizia: “E o amor, muito amado, fala manso”, ou seja, é preciso falar mansamente quando tratamos com as pessoas que amamos, para não feri-las, magoá-las.
No segundo, Jenny dizia ao Oliver, cada vez que ele desculpava-se por tê-la magoado: “Amar é jamais ter de pedir perdão”. Quem ama, enfim, não dá motivos para ser perdoado.
Mais contemporânea é a frase de Rainer Maria Rilke: “Se eu gritar, quem poderá ouvir-me, nas hierarquias dos anjos?”
E, se anjos existem, dois representantes deles encontram-se aqui, na orbe terrestre. São Jean-Baptiste Maunier, ator do filme “Os Coristas”, e Clemence Saint Preux, filha do compositor francês Saint Preux. Para quem não sabe, a música “Concerto para une voix” é de autoria dele, e foi composta em 1969.
Para quem gosta de gritar, sugiro que aperfeiçoe o vibrato vocal treinando com essa música de Saint Preux - que se parece mais com um exercício vocal, devido à ausência de palavras – e troque as palavras ríspidas e os berros por um tom mais agradável aos ouvidos dos pacíficos.

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