A caminhada sempre começa com o primeiro passo, e este, para muitas pessoas, é o mais difícil. Lembro-me de um provérbio que dizia assim: “O importante é dar um passo, por menor que seja mesmo existindo um ponto pelo qual não passa a coragem humana”. Os cautelosos param exatamente neste ponto e avaliam os prós e contras antes de prosseguir. Os corajosos ultrapassam-no mesmo sabendo que poderão encontrar abismos e paisagens inóspitas.
Já tive cautela e hesitei, mas também já ultrapassei limites. Já acertei, mas também errei; já estive perdida, mas acabei me encontrando; entretanto, jamais me permiti ficar paralisada. Sempre dei um passo à frente, mas jamais dei um sequer para trás, apesar de também ser outra forma de caminho, assim como também o é perder-se.
Hoje entendo que o medo é natural e humano, mas não pode ser paralisante. Sei que uma forma de defesa, muitas vezes, é simplesmente não fazer nada e esperar que todas as forças da natureza se reúnam para me tirar de um sufoco. É uma defesa válida, mas somente quando não reagir significa não correr riscos desnecessários ou que atentem à minha vida.
Não importa que tipo de ação ou reação eu tiver perante fatos que aconteçam em minha vida, eu sofrerei as consequências. Aprendi que agir é um impulso que leva um ser humano em direção ao que ele deseja, e que reagir é uma forma de defesa contra o que se deseja afastar. Uma defesa boa é reagir de forma a não se perder o foco na realidade, é manter-se coerente num mundo de sinais confusos. Uma defesa ruim é pior que o mal que se quer afastar. E o que seria uma defesa ruim?
É permitir que os medos sobrepujem nossas melhores intenções, é negar um fato angustiante e tentar esquecê-lo em vez de enfrentá-lo, é manter-se no mesmo lugar e formar fila com os resignados ou com aqueles que já perderam a capacidade de indignar-se. Ah, sim, indignar-se também é caminho, mas que leve a mudanças significativas e que visem a um bem comum.
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