Interessante a crônica do David Coimbra que li. Refere-se a pesquisas onde é constatado que somos todos iguais e que nossa origem advém dos povos africanos. E diz mais: que somente quem se julga diferente possui preconceito. Citou o matador da Noruega como exemplo. Matou todas aquelas pessoas porque as julgava “diferentes”. Só que ele é que era diferente. Se ele se sentisse igual, não as teria matado, mas as teria respeitado como pessoas tão capacitadas quanto ele.
Refleti sobre isso ao lembrar-me de um estranho diálogo que escutei.
Certo dia, o filho de um médico disse ao pai, também médico, que não gostava de estar no meio de médicos e que não fazia questão de relacionar-se com ninguém do mesmo meio, porque todos eram iguais e as conversas eram sempre as mesmas, e ele gostava de pessoas diferentes.
O pai disse ao filho:
“Você não gosta de estar no meio de nós porque não consegue suportar que poderá haver alguém igual ou superior a você em conhecimento. Sua baixa autoestima não aceitaria. No meio de pessoas diferentes, sempre terá a ilusão de ser melhor do que você realmente é”.
O filho acabou se casando com uma manicure. Ele julgava-se superior a ela e ela julgava-se inferior a ele, sem entender que, na profissão dela, ela era superior a ele, pois ele jamais manejaria um alicate de cutículas com igual destreza. Todavia, ela não oferecia risco à soberba dele, o que aconteceria caso ela também fosse uma médica.
No íntimo de toda pessoa preconceituosa há um desejo insano de demonstrar superioridade devido à baixa autoestima. E em nome dessa soberba ilusória chega a pegar em armas e aniquilar o que julga ser um inimigo à sua vaidade. Diferente não é o negro, o homossexual, o adepto de certa religião ou credo; diferente é quem não se aceita como igual num mundo de iguais e que não entende que ser diferente não tem nada a ver com “fazer a diferença”. Fazer a diferença é justamente conseguir amar ao próximo acima das diferenças que possam existir e jamais desejar fazer o mal a quem pensa, ama, reza e age diferente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário