domingo, 22 de janeiro de 2012

O que está acontecendo com os homens?

Os homens estão perdidos, estão dormindo, por quê? O que está acontecendo com os homens?

Não é por acaso que a psicoterapia se tornou um negócio de mulheres. De acordo com esta visão de Hillman, os homens não querem ser perturbados, não querem fazer nada. Eu diria que não querem sair do colo da Grande Mãe; não querem ser confrontados, questionados, desacomodados; talvez, por medo de descobrir que não são tão bonzinhos, bons filhos e bons companheiros.

Sim, parece que os homens estão com medo de despertar. Psicologicamente, talvez isto signifique descobrir que são apenas meninos tentando se afirmar, competindo entre si, como forma de serem reconhecidos e amados. Porém, preferiram o poder e perderam Eros, que é capacidade de expressar sentimentos e estabelecer vínculos.

O poder é o oposto do amor. E a masculinidade baseada no poder e no controle leva ao distanciamento, à perda da sensibilidade, do afeto e da intimidade com o outro. Neste sentido, também, de acordo com Hillman, a sexualidade se torna compulsiva quando todas as outras formas de relacionamento falham.

Na clínica psicológica, através de uma visão do homem na sua interioridade, podemos perceber uma falência do masculino, através de um sentimento de despotencialização, depressão e perda da alma; assim como mostra o filme Beleza Americana.

Do ponto de vista exterior, os homens se mostram bem adaptados, bem sucedidos, bem relacionados; porém, do ponto de vista interior, sentem-se impotentes, dependentes e frágeis.

Os sintomas como alcoolismo, disfunções sexuais, ansiedades e compulsões, ou seja, as neuroses em geral do homem moderno, apontam para uma necessidade de transformação do masculino através da integração do feminino, que representa o princípio de relação baseado em Eros, o qual permite ao homem expressar sua sensibilidade sem perder a virilidade.

Em outro exemplo, como no filme A Rede Social, vemos um jovem buscando admiração e amor através do poder e que, por isso, acaba sozinho, visto como um "babaca" pela sua amada.

Este masculino identificado com o poder gera homens perdidos, distanciados das suas emoções e afastados da sua alma, sua amada interior. Por isso, eu concordo com Hillman quando ele afirma que os homens estão perdidos, dormindo, e acrescento: eles também estão se sentindo profundamente sós.

Por: Anita Mussi Klafke -  Psicóloga Clínica (CRP: 12/1185). Membro fundador da Associação Criciumense de Apoio à saúde mental

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