domingo, 13 de novembro de 2011

A Arte da Vida

Dois casos de suicídio em menos de uma semana, pelo que fiquei sabendo. Um rapaz se suicidou em plena Rua Lima e Silva; outro, em casa. Por que as pessoas se suicidam?

Vejamos:

O Programa Fome Zero do Governo Federal quer tirar da miséria milhões de brasileiros que vivem em situação de risco, como se a estratégia de tornar as pessoas mais felizes aumentando suas rendas funcionasse. Nossos governantes acham que a felicidade está correlacionada com crescimento econômico, ou seja, quanto mais dinheiro à disposição, maior o volume das posses, melhor qualidade de vida e, consequentemente, pessoas mais felizes.

E o dinheiro é capaz de tudo isso?

O “pibão”, como Dilma costuma referir-se ao PNB (Produto Nacional Bruto), foi muito bom no ano de 2010. A riqueza gerada ficou em torno de R$ 3,675 trilhões, o que fez com que o PIB (Produto Interno Bruto) per capita ficasse em R$ 19.016, graças aos “estímulos” dados pelo governo.

Estranhamente, paralelamente aos indicadores de nível de riqueza, também cresce um indicador social alarmante: a taxa de criminalidade, medida pelos roubos a residências e de automóveis, tráfico de drogas, suborno e corrupção no mundo político e dos negócios.

Como podem os indicadores de crescimento representar declínio da felicidade e da satisfação humana?

Isso acontece numa sociedade como a nossa, que julga ser a riqueza o principal veículo de uma vida feliz, e maior felicidade, e não se preocupa realmente com a satisfação das necessidades essenciais da população em geral, que é saúde, educação e segurança. Estatísticas de assassinatos, mortes no trânsito ou no corredor de algum hospital por falta de leitos é o que menos importa. O que é relevante é as estatísticas do “produto nacional bruto” destinada a avaliar o crescimento ou declínio da disponibilidade dos produtos e da quantidade de dinheiro que mudou de mãos no curso de transações de compra e venda.

Hoje em dia, beneficiados por uma ampliação do volume de dinheiro (dispêndio de dinheiro) e créditos disponíveis, as pessoas têm adquirido mais. E o consumismo se transformou numa atividade absorvente, consumidora de energia, enervante e repleta de riscos, provocador de maior incidência de depressão psicológica, aumentando o dinheiro gasto com antidepressivos.

O aumento do número de proprietários de carros também foi significativo (agora surgiu mais uma novidade: as pessoas podem comprar veículos em 60 meses e sem dar entrada alguma), o que aumentou o gasto com despesas com consertos e impostos pagos ao Governo, bem como tratamento médico para as constantes vítimas de acidentes de trânsito.

O PNB mede o volume de dinheiro que troca de mãos, mas não mede o crescimento de usuários de antidepressivos, as vítimas de trânsito e da criminalidade e nem os problemas que a falta de dinheiro ou de afeto acarreta num ser humano.

Nossa sociedade está doente, mas o que importa são números que possam promover o país lá fora.

Fontes: A Arte da Vida – Zygmunt Bauman e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano

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