Cada vez que folheio uma revista no salão de beleza deparo-me com as mesmas reportagens de sempre: segredos para atrair o parceiro ideal. E são páginas e mais páginas de dicas, desde olhares de “peixe morto” a caminhadas lânguidas, como se todas as mulheres fossem idênticas na maneira de ser e de agir, como se todos os homens fossem iguais e reagissem às provocações da mesma maneira. Um absurdo para vender ilusões!
A escritora Rosamund Pilcher afirmou que o melhor afrodisíaco do mundo é a pessoa que a gente ama tocar, abraçar, beijar, cheirar... Concordo. A paixão é uma coisa de pele: ou toca, ou não toca. Mas fica restrita aos sentidos e a parceria se resume, geralmente, entre os lençóis. Eu aprecio mais as palavras de Cícero, pois combina mais com a minha natureza comunicativa: "Haverá alguma coisa mais doce do que ter alguém com quem possas falar de todas as tuas coisas como se falasse contigo mesmo?".
Pois, para mim, este seria o parceiro ideal, alguém com quem eu pudesse falar de meus sonhos, meus planos, minha história, minha vida, e não me sentisse uma tola por causa disso ou viesse a me arrepender. Eu não compartilharia minha solidão com alguém que não gostasse de me escutar. Aliás, são eles que deveriam descobrir o segredo para atrair as mulheres e mantê-las, o que é muito simples: basta entender que nós, mulheres, não somos apenas o que demonstramos sentir, mas tudo o que gostamos de comer, de beber, de viver, de ouvir, de brincar, e gostamos de falar sobre tudo isso. E são poucos os homens que têm paciência para escutar todo o percurso que levou uma mulher a ser o que é. Temos necessidade de falar até sobre nossos ex, não para provocar ciúmes, mas no intuito de dizer-lhes: “veja, se escolhi você é porque sinto que você pode ser superior a tudo o que já vivi em termos de relacionamentos”. E são esses homens raros que se tornam um parceiro ideal para toda a vida, homens que sabem a necessidade que as mulheres têm de falar sobre si mesmas, sobre suas vitórias e fracassos. É uma forma de expressarem: “Veja, eu sou assim, eu fui assim, mas posso ser muito mais que isso”.
Uma boa comunicação jamais dependerá de caras e bocas, vestidos, perfumes caros etc., mas dependerá do que se deseja transmitir, bem como do grau de interesse do interlocutor.
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