Li o livro da escritora Elizabeth Gilbert e também assisti ao filme homônimo. Aliás, este último é a cópia fiel do primeiro.
O que me leva a postar minha opinião, neste blog, é o fato de escutar inúmeras críticas em relação ao filme cada vez que menciono tê-lo assistido, e muitas delas vindas de pessoas que sequer o assistiram, mas que foram levadas por opiniões alheias. São muitas as opiniões contraditórias, e eu não poderia deixar de tecer a minha, contraditória ou não.
Para muitos, tanto o livro quanto o filme foram uma chatice recheada de clichês, uma novela contando a história de uma mulher carente que teve a ousadia, a discrepância de abandonar um homem que a amava pelo desejo de sair em busca de autoconhecimento; para outras pessoas, trata-se da história de uma mulher em busca de crescimento pessoal e, consequentemente, da felicidade.
Não é o melhor filme de todos os tempos, não possui cenas eletrizantes e nem efeitos especiais estupendos, apesar de possuir excelente fotografia. Talvez seja por isso que tantas pessoas não o tenham apreciado, pois, acostumadas que estão em viver suas próprias fantasias e irrealidades, não conseguem enxergar a vida como ela é quando traduzida em sentimentos. E é isso o que o filme retrata: a realidade de uma mulher de 30 anos – mas poderia ser a história de um homem também ou de qualquer uma de nós -, que enfrentou uma crise de meia-idade precoce, ocasionada por um vazio existencial e perda de rumo.
Quem nunca se perguntou coisas do tipo: “Quem sou eu? Qual o sentido da minha existência? O que estou fazendo aqui?” - Podemos negar até a morte, mas todos nós somos seres conflitantes e fadados a algum tipo de neurose em algum momento das nossas vidas. Somos passíveis de sofrer situações adversas, ninguém é infalível, e só conseguimos superar problemas quando aliamos a busca da felicidade ao crescimento pessoal.
Cada pessoa tem uma maneira subjetiva de buscar por esse crescimento e de resolver conflitos interiores (desassossegos). Há quem prefira seguir por vias espirituais – trabalhos voluntários, cursos doutrinantes, cuidar dos mais necessitados. Há quem prefira seguir por caminhos mais racionais – estudando psicologia, filosofia, frequentando grupos de estudos sobre a vida de Nietzsche ou de Jesus Cristo. Há, ainda, aqueles que preferem seguir por caminhos um tanto hedonistas, ou seja, baladas com os amigos, busca por diversões vertiginosas, adrenalina, sexo selvagem - geralmente o caminho preferido pela ala masculina. Nem vou comentar aqueles que preferem - ou precisam - ficar reféns de psiquiatras gananciosos ou da indústria farmacológica, quando nenhuma das alternativas acima resolve.
Não direi que todas as maneiras de se buscar crescimento pessoal estejam erradas. Provavelmente todas estão certas, dependendo das idiossincrasias de cada um. O que não é sadio é ficar paralisado frente aos medos e vazios, aceitando-os como se nada pudesse ser feito para aliviar a alma e permanecendo nos mecanismos de repetição.
Liz Gilbert optou por viajar por um ano em busca de autoconhecimento. Alguns podem ter pensado em quão estranha foi a saída que ela escolheu, mas dada a complexidade do psiquismo humano, cada um age conforme a intensidade do que sente. No caso dela, fazer uma faxina interior, organizar-se mentalmente para melhor entender os sentimentos, foi mais eficaz que uma visita ao consultório de algum psicanalista.
As pessoas seguirão amando ou odiando este filme, identificando-se ou rejeitando os insights nele contidos. Tanto faz. O enredo não nos força a uma verdade absoluta e nem à ideia de crença inabalável, onde duvidar pode ser a nossa maior aquisição ou pior praga. É apenas a história de uma mulher que, para descobrir seu equilíbrio, parte para uma viagem geográfica e espiritual a fim de montar o quebra-cabeça de sua vida.
Aos que viram algo beirando a tédio, digo que vi encantamento neste filme. Opinião subjetiva. Desde o início já sabia que a mensagem a ser passada era em relação à complexidade dos relacionamentos. E este tema é atualíssimo! Tema que, por si só, já chama a atenção de uma grande maioria nesses nossos tempos de amores líquidos, relações fast-food, solidão não compartilhada, conectividade sem corpo (redes de relacionamento).
Em tempo: Prometi que postaria algo sobre minha viagem a Piriápolis, no Uruguai, e o farei. O que posso adiantar por ora, é que COMI feito uma troglodita e depois tive de REZAR para poder entrar no vestido que usaria no Réveillon. Em relação a AMAR...bem, não encontrei o Javier Bardem por lá, nem algo semelhante. Minha história ficou incompleta, portanto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário