domingo, 30 de janeiro de 2011

O SABOR DO PROIBIDO

Este post é para dois amigos que estão passando por situações difíceis em seus respectivos relacionamentos. O que eles têm em comum? Ambos se envolveram com pessoas casadas, com filhos e em vias de separação, dizem.
A diferença é que ela, minha amiga, está envolvida com um homem fisicamente disponível, uma vez que pode estar quase sempre com ela, mas indisponível emocionalmente, uma vez que se preocupa muito em não magoar a mulher e filhos. Ele, meu amigo, encontra-se envolvido com uma mulher indisponível fisicamente – não pode estar com ele tanto quanto ele gostaria -, mas disponível emocionalmente para trocar promessas, e-mails e torpedos.
Não sei quem está em pior situação. Só sei que dificilmente alguém sairá incólume, sejam eles, os cônjuges traídos ou os filhos que terão de suportar uma possível separação de seus pais. Repito: numa relação desse tipo, há mais traumas que paz.
Abster-me-ei de pesquisar a respeito. Para esse tipo de situação não existe explicação científica. O que não pode ser racionalizado, não pode ser explicado. Somente sentido. Opinarei levando em conta minhas experiências e opinião subjetiva. Escaldados, mais do que ninguém, já sentiram na pele o ardor da água fervente - ou a ducha de água fria- mesmo tendo as melhores intenções.
O amor não escolhe hora, lugar ou coração. Instala-se repentinamente ou lentamente, caso, além da atração, também exista objetivos afins. E por que eles foram se apaixonar logo por pessoas comprometidas? E será amor mesmo ou apenas atração pelo desejo do proibido? Creio que existe ainda o fator carência e solidão, de um lado, e a vontade de se sentir querido e esquecer o quanto já não há mais encantamento no casamento, do outro. E a baixa autoestima, que faz com que muitas pessoas sintam o desejo de vencer algum rival tirando o que é dele, somente pelo desejo de se sentir superior?
Não existe explicação. Cada pessoa é una e reage de maneira racional ou emocional. E creio que pessoas que sentem atração pelo proibido são as que mais valorizam a emoção e as aventuras. Pessoas racionais costumam pesar os prós e contras e sempre optam de maneira a evitar sofrimento, tanto em si mesmas quanto em outrem. Pessoas racionais sabem que só serão felizes se se relacionarem com pessoas disponíveis física e emocionalmente. E vale a pena deixar-se levar pelo cartesianismo e perder a fantasia, o encantamento e a excitação de um romance shakespeariano? Não, o jogo da conquista do “impossível” é sedutor demais para se ficar de fora.
Uma coisa é certa: a maioria das pessoas que traem justifica tal ato culpando o cônjuge por não dar atenção suficiente, sexo suficiente, afeto suficiente. Diz-se infeliz no casamento ao lado de alguém a quem não ama mais e que lhe dá somente indiferença. Se a amante tiver alto nível de ocitocina (hormônio produzido pelo hipotálamo que, dependendo da quantidade, pode revestir a mulher de instinto maternal ou não), certamente se sentirá no dever de dar ao homem casado tudo o que a esposa não dá: sexo, carinho, beijos, juventude (se a esposa tiver muito mais idade).
No caso do amante, se ele não tiver o gene receptor da vasopressina, diante de tantas queixas da mulher casada, sentir-se-á tentado a bancar o “príncipe encantado”, o salvador, e vestirá a “camisa do outro” com o maior prazer, pois o apelo do sexo e da aventura será muito maior que seus princípios morais. Danem-se o marido e os filhos dela. Ele quer a fêmea, a caça e a obterá.
Segundo estudos informados no livro da escritora Liz Gilbert, há dois tipos de homem no mundo, dependendo da variação química do gene receptor da vasopressina: os feitos para terem filhos (maiores candidatos à vasectomia) e os feitos para criar filhos. Os que possuem o gene tenderão a ser leais, dedicados e possuir grande senso moral, criando seus próprios filhos em lares estáveis. Os que não possuem o gene tenderão ao flerte, à aventura, à infidelidade e a relacionamentos inconstantes e complicados.
Esforço-me para não julgar, não condenar e não criticar. Sempre alardeei que um dos males do mundo é a falta de encantamento. Mas, a duras penas, aprendi que encantamento é bom e gratificante quando traz paz à alma e não angústias. O saber-se amado e poder retribuir livremente, sem magoar-se ou ferir-se, nem causar sofrimento. Aqueles que entram num relacionamento porque o proibido tem muito mais sabor porque tem o gostinho da fantasia, sendo essa a única justificativa, são como vendavais: fazem muitos estragos, mas são passageiros.
O que eu diria a eles?
Nada. Que vivam conforme suas escolhas. Cada um tem a própria maneira de interpretar o que é fantasia e encantamento. Optar por uma pessoa casada pode levar à loucura do prazer ou da insanidade, dependendo do grau de resiliência dos amantes. Para sustentar uma relação repleta de incertezas é preciso mentir, esconder-se, viver com o peito apertado, outorgar à pessoa que se encontra casada o poder de decidir sua vida, sua liberdade, seus sonhos, sujeitar-se às migalhas de afeto, mendigar por mais tempo e atenção.
Migalhas de afeto, mas, como diz aquele velho ditado: de grão em grão a galinha enche o papo, ou seja, pouco a pouco se consegue o inteiro.

3 comentários:

  1. Lendo histórias assim, é que AGRADEÇO TODO DIA aos meus pais pela ótima criação, pelos valores de vida, talvez para alguns ultrapassados, mas que tanto fazem falta nos dias de hoje. Pessoas passando pelo problema deste post perderam 2 lições essenciais de vida:
    - Nunca se consegue construir felicidade completa em cima do sofrimento alheio;
    - Tudo que começa errado, termina errado!(Pura lógica!!!)
    Vão me dizer que são coisas do coração! Não não isso é desculpa! O mundo está cheio de gente solteira.
    E sim,sou irritantemente politicamente correta!
    Independente do que aconteça sempre pensarei assim, casamento é coisa séria. Mas neste mudo de internet onde esposas e maridos tem até amantes virtuais com sexo e tudo!Fazer oq?
    Um dia de semeadura, outro dia de colheita! Esta é a minha opnião!!!

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  2. No que diz respeito ao post em apreço, esposarei algumas considerações. Em nossa sociedade, cada vez mais as pessoas se envolvem com outras na esperança dessas suprirem a lacuna que lhes faltam em suas vidas. Todavia, serei fiel ao contexto relacionado a "amantes". Estes protagonistas consideram o desiderato da prática em comento a satisfação pessoal que seus consortes não conseguem proporcionar-lhes. Sobrepujando para outra parte, aos antagonistas do concubinato, a lacuna exposta pela sua esposa ou marido, sob a ótica de estarem infelizes e procurar em outros braços o preenchimento de tal vazio. Como resumir todo o sentimento do envólucro que se revestem os personagens indicados? Egoísmo. Tais pessoas não levam em conta os sentimentos pessoais que a outra parte irá auferir. Simplesmente se esquecem que uma vida a dois se compartilham ideais, projetos e sonhos. E quando abrem espaço para um(a) terceiro(a), estão frustrando as expectativas da pessoa que estava de boa-fé.
    A essas pessoas vale o meu recado: Se está infeliz com sua pele; se não consegue se resolver consigo mesmo, não magoe outra pessoa só por que não consegue a sua própria felicidade, e empurra a responsabilidade para sua(eu) parceira(o). A felicidade em voga somente se consubstancia em sua própria, ou seja, tendo pelo egoísmo, a busca de sua própria satisfação. Embora a intenção destacada seja inconciente, essa é corroborada pela forma mal-resolvida que levam suas vidas. Uma pessoa média, bem-resolvida, antes de trair colocariam em xeque a relação antes de terminar. Colocando os pesares, dirimindo sobre a situação para que haja uma solução. Caso não haja, acabariam primeiro para depois se relacionar com outra pessoa. Atitude leal que não pode se esperar de uma pessoa mal-resolvida.

    O radicalismo observado neste comentário, é a falta de paciência com as atitudes de pessoas frustradas com a própria pele, que não se preocupam com os sentimentos verdadeiros que parte de boa-fé deposita na relação. Aos frustrados, deveriam ser punidos, além das já existentes imposições civis, deveriam, também, serem tipificados como "estelionatários emocionais", não aceitando presença culposa. Para aqueles que produzirem estragos de menor potencialidade, "apropriação indébita de sentimentos" A quem não enterder, pesquisai-vos no google.

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  3. Agradeço aos comentários. Salvaram, em parte, o patinho da morte.
    Cada um tem uma maneira subjetiva de entender e explicar o porquê de certas atitudes perante à vida. Todavia, é interessante também entender o "para quê". Concordo que pessoas infelizes em suas relações devam primeiro conversar com seus parceiros a fim de verificar a possibilidade de manter o casamento. Caso não haja mais dúvidas em relação ao término, então a separação tornar-se viável, abrindo caminhos até mesmo para um novo relacionamento.

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