quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Dicas para quem vai ao Uruguai pela primeira vez

Viajar para o exterior requer alguns cuidados, mesmo que o país de destino não fique tão longe.  Usarei, como exemplo, o Uruguai, onde passei o Réveillon.
Pra começar, não se esqueça da carteira de identidade em hipótese alguma. Caso não a tenha, leve o passaporte. Carteira de motorista ou a profissional só são válidas em território nacional.  Isso evitará estresse desnecessário e o custo de uma corrida de táxi até sua casa para buscar tal documento. Foi o que ocorreu com uma integrante do nosso grupo. Ainda bem que ela teve a sorte de pegar um táxi cujo motorista era corredor em Tarumã, conseguindo, assim, ir e voltar do bairro Vila Nova em menos de 45 minutos.
Não é preciso trocar reais por pesos ainda em sua cidade. A taxa é mais cara. Em cada esquina de qualquer cidade uruguaia existem casas de câmbio. Veja: se trocar 100 reais aqui, em Porto Alegre, levará apenas 880 pesos. Se trocar o mesmo valor em Montevideo, ficará com 1.090 pesos.
Leve apenas o necessário em sua mala, caso for viajar de férias. Em todos os lugares que fiquei – Montevideo, Piriapolis e Punta del Este – caminha-se bastante. São muitos os lugares a serem visitados, e um bom par de tênis ou sandálias baixas evitam bolhas e calos. Aliás, as mulheres que usavam saltos altos acompanharam com certa dificuldade todos os passeios. No final destes, arrastavam-se como se tivessem participado do filme “Os Mortos vivos” ou do clipe “Thriller”, do Michael Jackson.
Roupas leves são bem-vindas, caso viaje no verão. Durante o dia, shorts, bermudas, vestidos leves, camisetas sem mangas. À noite costuma ventar e fazer um pouco de frio, por isso é bom levar um casaco ou uma jaqueta. Ao contrário do que se acredita, não é preciso estar bem vestido para ir a um dos vários cassinos existentes. As pessoas, na maioria turista, vestem-se simplesmente, mas é bom levar uma roupa mais incrementada caso for jantar em algum restaurante mais sofisticado. Viajei somente com quatro pares de calçados: tênis, sandálias baixas, chinelo e uma sandália de salto alto, para a festa de Réveillon. E passei muito bem os sete dias que fiquei por lá. Quem levou 10 pares de sapatos e mais de uma mala deu-se mal. O ideal para sete dias é apenas uma mala de mão, para os objetos de uso pessoal, e uma mala de tamanho médio. Será útil levar pouca coisa caso a parada também inclua compras no Chuí.
Se você for do tipo ansioso ou impaciente, sugiro que não vá ao Uruguai. O povo uruguaio consegue ser tão lento quanto o baiano, em matéria de atendimento ao turista. Espera-se uma eternidade até que um garçom digne-se a olhar para sua mesa. Não adianta ficar abanando, subir na mesa, fazer malabarismos ou proferir impropérios contra toda a raça uruguaia. Só será atendido quando eles assim o desejarem. E ainda poderá ouvir desaforos. Todavia, caso seja paciente e um poço de tolerância, ficará encantado com a gentileza e educação dos uruguaios. Por isso, relaxe e espere a sua vez. Não ficará arrependido por ter esperado e ainda ganhará o mais encantador dos sorrisos.
Só arrisque muito dinheiro nos cassinos caso já saiba manejar aquelas máquinas. Fiquei com cara de abobada perante aqueles inúmeros botões. Não sabendo o que fazer, fiquei apertando-os à revelia. Não caiu nenhuma moedinha. Apesar dos inúmeros atendentes, eles não estão ali para ensinar ninguém a jogar. No máximo destrancarão a máquina que o seu afã em apertar botões fez bloquear tudo. E não ouse bater fotografias dentro do cassino. Como ocorreu com um turista, este acabou por ficar sem o cartão de memória da máquina, quando pego em flagrante delito.
Se for mulher, não espere arrumar namorado dentro de um cassino. Os homens não tiram os olhos das máquinas em nenhum momento. Ficam iguaizinhos a crianças diante de um videogame. Em alguns é visível o ar de desespero e frustração. Mas sempre apostam mais. Faz parte da natureza masculina não querer perder e sempre perseguir o quase impossível.  Não adianta nem decotes ousados. Eles simplesmente não a notarão. A única “máquina” que interessará a eles naquele momento é a que pode trazer-lhes dinheiro. Desista e vá tomar um cafezinho.
Compras nos shoppings uruguaios nem sempre são um bom negócio. Os preços não diferem muito dos do Brasil. Em alguns casos, a mercadoria pode sair até mais cara. Se quiser comprar, vá até o Chuí. De acordo com a nova legislação sobre bagagem, em vigor desde 01/10/2010, dentro da cota de U$  300,00, o viajante procedente do exterior  ainda deverá observar  os seguintes limites quantitativos:
- bebidas alcoólicas: 12 litros, no total;
- bens de valor unitário inferior a U$5,00: Até 20 unidades, no total, desde que não haja mais do que 10 unidades idênticas; e
- bens de valor unitário superior a U$5,00: Até 10 unidades, no total, desde que não haja mais do que 3 unidades idênticas.
Para quem ingressar no País por via aérea, a cota é de U$500,00.
Comer é caro no Uruguai. Eles compensam a desvalorização do peso em relação ao real nos alimentos. Se for almoçar no Mercado Del Puerto, por exemplo, terá de pagar o couvert, mesmo não o degustando. Aqui, no Brasil, é opcional. Lá é obrigatório, comendo ou não. Um lugar onde os preços são mais acessíveis e não se paga couvert é no La Pasiva. Aliás, a cerveja e o chopp são servidos geladíssimos e o atendimento é impecável. Ah, eles aceitam pagamento em reais também.
Não se esqueça de levar um adaptador para tomadas. Em muitos hotéis, as tomadas possuem plugues de 03 pinos. Lembre-se: os adaptadores não alteram a voltagem, apenas permitem a conexão entre os tipos diferentes de plugues e tomadas.
Se precisar estar sempre em contato com a sua família, para casos de emergência, ligue para sua operadora e peça a ativação para roaming internacional antes de viajar.
Por fim, a cultura daquele País é marcadamente europeia, tanto na linguagem quanto nos costumes. Não espere comer arroz e feijão nem empanturrar-se em buffets a quilo. Os uruguaios são magros e elegantes, como os franceses. Não verá sujeira nas ruas nem prédios pichados – a política do Governo é: se quiser mostrar sua arte, piche o asfalto. Não verá grades nas janelas nem cercas elétricas.  Não verá casas cercadas por altos muros. Não levará bolada na cara quando estiver na praia. Eles não usam as areias da praia para jogar futebol ou vôlei. Aliás, eles também não entendem candomblé. Lá não verá, em finais de ano, pessoas jogando flores, perfumes, cachaças ou outras porcarias nas águas dos balneários. Eles apenas aplaudem o espetáculo dos fogos de artifício. Se ficar pulando ondinhas, botando fogo em papeizinhos onde está escrito tudo o que deseja esquecer-se do ano que passou ou fazer mandigas para ser bem sucedido no próximo ano, faça-o reservadamente ou passará por louco, na pior das hipóteses, por bebum.  Esqueça as lentilhas com linguiças, paios, bacon e seja mais lá o que for. Eles não têm esse hábito.
O que aprendi no Uruguai? Uruguaios são civilizados e dão muito valor à instituição família. A educação começa em casa. Réveillon com gritaria e histerismo é para turistas. Eles preferem ficar na santa paz de seus lares, entre familiares.
Uruguaios jamais têm pressa, não sofrem de ansiedade. Seus sorrisos amistosos fazem o dia ficar ensolarado, mesmo que o céu esteja nublado. O sol é uma divindade a ser cultuada, não apenas em sua bandeira, mas nos murais, nos afrescos, nas pinturas das paredes. Juro que jamais havia visto o pôr do sol – belíssimo em Piriapolis – ser aplaudido como se fosse o maior espetáculo da terra. Alguns gritam até “bravo”. Mas o mais importante é que aprendi a diferença entre sorte e merecimento. Sorte é o que atraímos, semeando energia e bons pensamentos. Merecimento é o que colhemos quando aprendemos a conquistar, de forma digna, o que pode nos fazer bem, mesmo que isso signifique apenas aplaudir o belo espetáculo que a natureza nos oferece gratuitamente.
Em outro post falarei sobre Piriapolis e o hotel Argentino, construído na década de 30. Fascinação total.
Até breve.


4 comentários:

  1. Comer no Uruguay é caro? Almoço no Mercado del Puerto, para três, com carne de primeiríssima qualidade, cerveja gelada(colocada em balde com gelo) por $1.060,00 ou seja, R$106,00, é caro?
    Agora La Pasiva, me desculpe, mas tá muito caída. Parece rede de "fast food in slow motion". Tomei o pior Tanat da minha vida e a comida, muito fraquinha.....
    Concordo com tudo mais. ADORO O URUGUAY!!!!

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  2. Só passei para agradecer as informações muito bem ditas! Abc

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  3. Grato pelas informacoes. Muito util

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