domingo, 29 de julho de 2012

O corpo envelhece. Os olhos, não.

Já notaram que, por mais que os anos passem e deixem marcas nos nossos rostos, sentimo-nos como se fôssemos os mesmos jovens de antigamente? É um fenômeno estranho. Sinto-me como se fosse a mesma pessoa de quando tinha 15, 20, 30 anos. Não mudei apesar dos anos; somente meu corpo está envelhecendo.
Se não existissem espelhos, jamais envelheceríamos. Se não pudéssemos nos enxergar em fotografias, jamais envelheceríamos. São esses reflexos que nos mostram como o tempo está nos deixando e a maneira como estamos vivendo.
Há pessoas que dizem estar se sentindo mais bonitas à medida que envelhecem e outras, sentem-se deprimidas por verem o quanto mudaram para pior porque não se cuidaram.
Cuidar-se não significa entupir a cara de cremes antirrugas, fazer plásticas, gastar horrores em hidratantes, maquiagens, academias etc. Cuidar-se é manter a mente saudável, lúcida, não sofrer pelo que não pode ter ou por coisas tão banais. Mente sã, corpo são. São as tristezas  que deixam nossos corpos velhos e alquebrados.
Notei que pessoas que vivem dizendo “como estou velha” acabam por se sentirem velhas e deixam de viver momentos prazerosos porque estes não condizem com a idade. Chegam ao cúmulo de se vestirem conforme pensam ser adequado para a idade. Não namoram, não saem para dançar de vez em quando porque isso é coisa de jovens; não se dão mais ao luxo de contar uma boa piada; não beijam mais seus parceiros em público porque não fica bem; deixam de ser vaidosos porque “velho” não pode se “achar”.
Olho para minha imagem no espelho. Não vejo mais a menina de pele lisa e de cabelos negros e brilhantes que costumava colocar minissaias para ir às discotecas do seu tempo. Mas nos meus olhos, vejo os sonhos que ainda não realizei; vejo o que ainda tenho para viver; vejo o que posso ainda ser. Os olhos jamais envelhecem. É a visão que eles têm que mudam o sentido do tempo e das circunstâncias. É a maneira como passamos a enxergar o mundo e a nós mesmos que ditarão o quanto envelhecemos.
Sempre me olharei no espelho sabendo que o tempo vai deixar suas marcas no meu rosto, mas não deixarei que essas marcas mudem a expressão do meu olhar. Não me queixarei por ter adquirido mais rugas e nem tentarei disfarçá-las, pois elas estão ali para mostrar aos outros que já passei por várias etapas e que estou sobrevivendo. Se me tornarem mais bonita, ótimo, sinal que estou sabendo envelhecer com dignidade e sabedoria. Se me tornarem mais feia, sinal que devo fazer uma faxina no meu interior e procurar me valorizar mais. E o que significa me valorizar mais?
Cuidar da mente. Cuidando da mente, tendo apenas bons pensamentos e cultivando sentimentos de autoestima, meu corpo responderá saudavelmente. E isso transparecerá no meu olhar. E não haverá ruga que apague isso.


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