sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sexo com Reis

Certa vez, ao mencionar às minhas amigas o que eu costumava conversar com um antigo ex-namorado, tive o dissabor de escutar: “Heloooo, te liga!.. o fulano não é amiga (grifo meu). Esse assunto é para ser tratado entre amigas e não com um homem. Namorado não é AMIGA”. Somente mais tarde pude dar razão à pessoa que tão generosamente alertou-me desse pequeno detalhe.

Mulheres são tagarelas por natureza. Têm a necessidade de falar. Desde o calo que incomoda no pé até o problema da alergia causada pelo uso do sabão em pó na lavagem das calcinhas. Se o homem em questão for a reencarnação do Mahatma Ghandi, ele a ouvirá e a consolará; caso contrário, fugirá como o diabo fugiria da cruz e ainda alardeando: “Credo!... que mulher mais pessimista, lamurienta, baixo astral, carente e o diabo a quatro!”. E se afastam. Só sendo um deus para suportar uma mulher lamurienta, senão...vira um diabo!

Para entender esse processo, tive de ler o livro da escritora Eleanor Herman: “Sexo com Reis”. Como as antigas cortesãs conseguiam manter o interesse de seus reis por um longo, longo tempo? A conclusão é a seguinte:

Aos fios dos séculos, as amantes reais já foram idolatradas, temidas, invejadas e difamadas. Ditaram modas, patrocinaram as artes e, em alguns casos, governaram nações. Sexo com Reis, de Eleanor Herman, nos faz adentrar as salas do trono e os quartos de dormir dos mais poderosos monarcas da Europa. Com diários, cartas pessoais e despachos diplomáticos, a pesquisa meticulosa da autora revela a dinâmica do sexo e do poder, da rivalidade e da vingança nas brilhantes cortes da Europa. Relata quinhentos anos de mulheres deslumbrantes e dos reis que as amaram.

Curiosamente, a principal função das amantes reais não era proporcionar sexo ao monarca, mas sim companhia. Forçados a se casarem com princesas estrangeiras repulsivas, os reis buscavam consolo com mulheres que eles mesmos escolhiam. E que mulheres! De Madame de Pompadour, famosa amante de Luís XV que manteve seu posto por dezenove anos apesar de frígida, à contemporânea Camilla Parker-Bowles, que usurpou ninguém menos do que a glamorosa Diana, a Princesa de Gales.

A amante real bem-sucedida sabia se tornar indispensável. Dispunha-se a conversar alegremente com o rei mesmo quando estava cansada, a fazer amor a noite inteira mesmo quando doente, e a realizar todos os seus caprichos. Ocultando todo e qualquer desconforto com uma máscara de esplendoroso deleite, ela nunca estava exausta, nunca reclamava e nunca ficava triste.

É bem verdade que as recompensas financeiras pelos serviços prestados tinham proporções régias – algumas amantes reais chegaram a ganhar 200 milhões de dólares em títulos, pensões, jóias e palácios. Alguns reis também permitiam que suas amantes exercessem um poder político ilimitado. Porém, apesar de toda essa grandiosidade, uma corte real era um ninho de escorpiões de insaciável ganância, ilimitada luxúria e cruel ambição. Centenas de belas damas almejavam destronar as amantes do rei. Muitas seriam alvo dos paus e pedras da opinião pública negativa, algumas teriam fins trágicos ou receberiam pensões compensatórias para dar lugar a mulheres mais jovens. Mas a amante do rei quase sempre ria por último, vivendo ricamente dos frutos de seus "pecados".

Por isso, mesmo que vocês estejam morrendo, sentindo dores atrozes, jamais demonstrem estarem péssimas a um homem. Sejam sempre as “gazelinhas saltitantes” que eles tanto adoram! Se quiserem desabafar, procurem suas amigas mais fiéis ou, então, seus cabeleireiros. A última vez que me senti confortada foi quando, ao queixar-me de injustiça feita por certa colega de trabalho, ao meu cabeleireiro, ele disse: “Que vontade eu tenho de dar um tapa na cara dela”. Não sei o porquê, mas me senti consolada. Enfim, quando quiserem desabafar, ou procurem suas amigas - juntas tecerão uma estratégia para liquidar com o (a) algoz - ou seus cabeleireiros. Sim, gays entendem perfeitamente a alma feminina.

Quero dizer, a todas vocês, que amei esse livro!

Eleanor Herman nasceu em Baltimore, no estado norte-americano de Maryland. Estudou jornalismo e alemão na Towson State University e línguas na Europa. Durante oito anos, foi editora associada na América do Norte da revista OTAN Nações e Parceiros para a Paz. É casada e vive em McLean, na Virgínia, onde escreve livros de história sob uma perspectiva feminina.

500 anos de Adultério, Poder, Rivalidade e Vingança
"Pesquisa irretocável e estilo divertido nesta história das jezebéis dos monarcas europeus... Erudito e envolvente,escrito com um olho arguto para a política, mas sem nunca abrir mão dos prazeres." – Kirkus Reviews

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