Na minha aula do ESDE
(Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita), hoje, o tema versou sobre caridade
e amor ao próximo. Fiquei pensando: qual a diferença entre caridade e
solidariedade? Apesar de ambas terem a mesma aparência pública, operam em
direções opostas. O solidário, por exemplo, procura ajudar o outro lhe
oferecendo o amor que tem para consigo. Não procura recompensas divinas. Se tiver
mais, doa a quem tem menos, visando o bem-estar do outro, e não me refiro
somente a valores monetários. Já o caridoso, busca assegurar-se de sua
generosidade buscando bem-estar para si, ainda que não perceba. Faz caridade
como se estivesse fazendo o pagamento de uma dívida a um devedor desconhecido;
uma esmola que, ao ser dada, diferencia quem tem de quem não tem. A força que
opera a solidariedade é a mesma potência presente no amor, e a força que opera
a caridade é o poder, presente na paixão.
Enquanto a nossa facilitadora relatava o poder
da caridade (eu só pensava em solidariedade), fiquei pensando na história do
"Dálmata da Av. Azenha", que fiquei conhecendo através de reportagem
no jornal Zero Hora, e que é a seguinte:
Certa vez, um motorista parou seu carro na
esquina da Av. Ipiranga com a Av. Azenha e chamou um indigente que vivia sob a
ponte. Deu-lhe R$ 20,00 para matar um filhotinho da raça Dálmata, puro, que
havia nascido mais doentinho que os demais e havia pegado, ainda por cima,
sarna, encontrando-se todo cheio de feridas. Depois de entregar o bichinho para
o que achou ser a morte certa, partiu. Só que, em vez de fazer o que o
desconhecido havia lhe pedido, o indigente, compadecido, levou o cãozinho até
uma clínica veterinária mantida pela Prefeitura, a ARPA, onde o veterinário
deu-lhe uma receita para que comprasse remédios para o filhote. Pois bem, o
indigente, podendo comprar comida com o dinheiro, optou por gastá-lo em
medicamentos para o pobre bichinho. Este é o exemplo que tenho de quanto
sentir-se solidário é bem melhor que simplesmente fazer caridade.
Finalizando, o
cãozinho sarnento se transformou num belíssimo cão. A incongruência que era um
cão de belo porte ao lado de um indigente é que chamou a atenção da reportagem,
à época.
Não sei se o cão
ainda vive, mas eles podiam ser vistos até pouco tempo por quem passava pela
Av. Ipiranga. O rapaz que mendigava na Avenida Ipiranga com Azenha, acompanhado
de um lindo dálmata, e que sempre dividia o que ganhava de comer com o seu cão,
tornou-se uma bela história da minha cidade. E que seja sempre lembrado.
Obs.: Pelo que
pesquisei, esta história aconteceu há quatro anos. O nome do rapaz é Glessias,
tem 21 anos, e hoje mora na Restinga, em uma área invadida. Não costuma mais
ficar na ponte, por não poder levar no ônibus o dálmata Beethoven. Também na
Restinga mora sua esposa, que está grávida.
muito legal
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