segunda-feira, 7 de maio de 2012

Caridade X Solidariedade

Na minha aula do ESDE (Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita), hoje, o tema versou sobre caridade e amor ao próximo. Fiquei pensando: qual a diferença entre caridade e solidariedade? Apesar de ambas terem a mesma aparência pública, operam em direções opostas. O solidário, por exemplo, procura ajudar o outro lhe oferecendo o amor que tem para consigo. Não procura recompensas divinas. Se tiver mais, doa a quem tem menos, visando o bem-estar do outro, e não me refiro somente a valores monetários. Já o caridoso, busca assegurar-se de sua generosidade buscando bem-estar para si, ainda que não perceba. Faz caridade como se estivesse fazendo o pagamento de uma dívida a um devedor desconhecido; uma esmola que, ao ser dada, diferencia quem tem de quem não tem. A força que opera a solidariedade é a mesma potência presente no amor, e a força que opera a caridade é o poder, presente na paixão.
Enquanto a nossa facilitadora relatava o poder da caridade (eu só pensava em solidariedade), fiquei pensando na história do "Dálmata da Av. Azenha", que fiquei conhecendo através de reportagem no jornal Zero Hora, e que é a seguinte:
Certa vez, um motorista parou seu carro na esquina da Av. Ipiranga com a Av. Azenha e chamou um indigente que vivia sob a ponte. Deu-lhe R$ 20,00 para matar um filhotinho da raça Dálmata, puro, que havia nascido mais doentinho que os demais e havia pegado, ainda por cima, sarna, encontrando-se todo cheio de feridas. Depois de entregar o bichinho para o que achou ser a morte certa, partiu. Só que, em vez de fazer o que o desconhecido havia lhe pedido, o indigente, compadecido, levou o cãozinho até uma clínica veterinária mantida pela Prefeitura, a ARPA, onde o veterinário deu-lhe uma receita para que comprasse remédios para o filhote. Pois bem, o indigente, podendo comprar comida com o dinheiro, optou por gastá-lo em medicamentos para o pobre bichinho. Este é o exemplo que tenho de quanto sentir-se solidário é bem melhor que simplesmente fazer caridade.
Finalizando, o cãozinho sarnento se transformou num belíssimo cão. A incongruência que era um cão de belo porte ao lado de um indigente é que chamou a atenção da reportagem, à época.
Não sei se o cão ainda vive, mas eles podiam ser vistos até pouco tempo por quem passava pela Av. Ipiranga. O rapaz que mendigava na Avenida Ipiranga com Azenha, acompanhado de um lindo dálmata, e que sempre dividia o que ganhava de comer com o seu cão, tornou-se uma bela história da minha cidade. E que seja sempre lembrado.
Obs.: Pelo que pesquisei, esta história aconteceu há quatro anos. O nome do rapaz é Glessias, tem 21 anos, e hoje mora na Restinga, em uma área invadida. Não costuma mais ficar na ponte, por não poder levar no ônibus o dálmata Beethoven. Também na Restinga mora sua esposa, que está grávida.

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