Lá vamos nós para
mais um dia de trabalho. O que em geral nos espera: muita ação, grana curta e
pouco reconhecimento. Vez que outra, um pequeno afago – nossa profissão é
reconhecida. Recebe um dia só para ela. Temos o Dia do Professor, o Dia do
Médico, o Dia da Secretária ou, pelo menos, o Dia do Trabalhador, que atinge a
todos. Nesse dia 24 de maio, se você for parecido comigo, irá trabalhar
revoltado, sim, porque nesse país maluco em que vivemos alguém achou por bem
criar o Dia do Detento, que hoje se comemora. Sim, essa valorosa corporação que
tanta infelicidade nos trás – roubando nossos pertences, sequestrando nossos
familiares, matando nossos parentes e amigos, recebe nessa data uma homenagem
especial. Talvez, com o nosso suado dinheiro façam um bolo nas cadeias para os
hóspedes.
Você se pergunta, mas
o que estava havendo? Não basta eles receberem um salário mínimo maior do que
quem está na ativa, batalhando honestamente? Você pensa então, deve ser para
fazer média. Ser politicamente correto. Vai ver que para homenagear os taxistas
que são assassinados à noite, os policiais que são baleados nas batidas,
resolveram criar um Dia das Vítimas e agora estão contemporizando. Não meu
amigo, as vítimas em nenhum momento são lembradas. Lambem suas feridas sozinhas
e esquecidas. Carregam seus filhos paraplégicos, nos ônibus, para enfrentar as
mesmas filas que todo mundo no INSS. Compram, com a solidariedade dos amigos,
remédios caríssimos para tratar dos ferimentos feitos à bala. Não tem o seu
dia, assim como ninguém faz o Natal dos órfãos de agentes penitenciários e de
soldados da polícia, civil ou militar. Não consegui, até hoje, descobrir quem
no Congresso Nacional teve essa infeliz ideia, mas digo que, nós que somos
familiares de vítimas, repudiamos essa data com veemência.
Por Luiz Fernando
Oderich
Presidente da ONG
Brasil Sem Grades
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