sábado, 20 de outubro de 2012

A Grande Avenida Brasil – Por Carla Rojas Braga

Avenida Brasil não poderia ter um título melhor. Refletiu a realidade sociocultural em que vivemos, desde a colonização portuguesa, e que a Era Lula ajudou a consolidar: o vale tudo.
Tenho certeza que o sucesso da novela não se deveu ao desejo de vingança da Nina, mas às sacanagens que ela e Carminha faziam ao longo dos capítulos, em uma espécie de "folie a deux". E aos bizarros triângulos amorosos que floresciam toda semana. O sucesso veio pela excitação voyerista de cada um de nós, crescendo a cada capítulo.
Homem casando com 3 mulheres, e mulher casando com 2 homens, sendo, teoricamente, um deles,  gay. Bigamia é proibida por lei, mas trigamia pode. É a oficialização brasileira da banalização da promiscuidade e da falta de valores.
Do vale tudo.
No Brasil, o que é comum passa a ser normal, ético, oficial. Vilōes, psicopatas e bandidos viram heróis e vítimas, são rapidamente perdoados e elevados à categoria de "humanos".
Acho até que, se a novela durasse mais, a Carminha teria se candidatado e sido eleita.
O mensalão é um grande exemplo disso. A corrupção ficou tão comum, que passou a ser normal, institucionalizada, oficial e, provavelmente, será absolvida pelo Tribunal e pelo povo.
Brasileiro é povo imaturo, infantil. Chupa chupeta como o Adauto. Tendo o futebolzinho, o pagode e o dinheirinho para o churrasquinho, fica feliz. Tudo inho. Pensa pequeno, na satisfação imediata, como os bebês. Bebê fica feliz quando mama. E o resto não importa. Talvez por isso sejamos um país tão rico e com um crescimento tão pífio. Crescimento de criança.
A falta de educação e a falta de incentivo para que o povo cresça são determinantes na perpetuação da falta de valores dos brasileiros.
Povo inculto, deseducado e imaturo, que chupa bico, não sabe votar. Vota em populista, galhofeiro, bagaceiro, e desculpa tudo o que for feito de errado, como se estivesse numa brincadeira.
O povo brasileiro, infantilmente, projeta-se nos vilões e políticos corruptos, como se eles fossem heróis. Além de perdoá-los, como perdoaram a Carminha.
Creio até que muitos desejariam, secretamente, serem grandes mensaleiros, e "se darem bem".
Acharam muito forte este texto? Me perdoem, então.
Estou brincando.

(* ) Carla Rojas Braga é psicóloga, de Porto Alegre.


 

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