De 1986 para cá, 863
índios já se suicidaram por não poderem mais viver em suas terras. Mas essa
estatística jamais é comentada. Morte de índio não dá IBOPE, não vende jornais
e nem causa consternação. Afinal, quem se importa com os índios? São calados,
pacíficos, não matam animais, não ateiam fogo em mendigos, não fazem barraco,
não depredam a natureza e nem ficam esquartejando seus cônjuges. Enfim, são
desinteressantes demais para serem levados a sério.
Há pouco tempo foi
mostrado no Globo Repórter o drama dos índios que não podiam mais pescar seus
peixes por causa das barragens. Por viverem da pesca e pelo fato dos peixes
fazerem parte dos seus rituais, a FUNAI enviava peixes já
"prontinhos" para eles, mas não era suficiente. Eles se sentiam
humilhados. Pescar o próprio peixe faz parte dos rituais indígenas.
Há também o problema
dos índios que estão sendo despejados do seu habitat natural por causa da
construção da Usina de Belo Monte. E agora há a ameaça de suicídio coletivo dos
índios Guarani-Kaiowás caso sejam despejados de suas terras pela Justiça
Federal.
Será que dá para as
pessoas pararem um pouco de se preocupar com as cotas raciais e pensarem um
pouco nos índios?
Para eles não vale
essa mania do Governo Federal em dar o peixe pronto sem ensinar a pescar: eles
sabem e querem pescar sem depender de ajuda governamental alguma. Só pedem
respeito pela sua natureza.
Encontram no suicídio
a solução para tanta falta respeito quando, na verdade, poderiam mandar para o
Governo o seguinte aviso, caso não fossem tão pacíficos:
RESPEITEM MINHA
NATUREZA SENÃO VIRO FERA!Os tempos mudaram. Não há mais como ter paz sem declarar guerra.
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