Sempre fico admirada
quando vejo pessoas picando tomates, cebolas, alho e temperos - principalmente
se estes são colhidos da própria horta em casa - para fazer algum tipo molho ou
comida. E fico com saudades dos tempos em que comia a comida feita pela minha
mãe ou pelo meu pai. Comida feita em casa, com todo o cuidado, por mãos
carinhosas, preocupadas em acertar o sal, o tempo de cozimento a fim de agradar
toda a família.
Hoje faço minhas
refeições fora de casa. Não tenho tempo para cozinhar, pois trabalho o dia
inteiro e a noite é muito curta. Quem, depois de um dia inteiro de trabalho,
encontra ainda ânimo para dispor legumes e verduras sobre uma mesa para
prepará-los para o jantar?
Ontem, no
supermercado, fiquei olhando boquiaberta para as prateleiras. Quase tudo já vem
preparado, embalado e pronto para o consumo: feijão, molhos de todos os tipos,
sopas, até mesmo pratos mais sofisticados. É só aquecer e pronto! Adeus mãos
cheirando a alho, minutos sendo desperdiçados picando este ou aquele tempero e
olhares para o relógio cuidado o tempo. Mas adeus também ao carinho e ao
sentimento de aconchego que uma comidinha caseira transmite aos nossos
sentidos. Adeus à saúde, pois todas as comidas prontas vêm com um aviso de, no
mínimo, 250mg de sódio.
Hoje, sendo escrava do
tempo, da tecnologia e da modernidade, raramente sinto o gosto de comidas
iguais às que costumava comer quando criança. Luxo, para mim, não é poder ir a
um restaurante sofisticado para comer coisas que têm o mesmo gosto de comidas
feitas em qualquer outro estabelecimento, só diferenciadas no preço. Luxo é
poder comer uma comida feita em casa, não importa que seja apenas arroz,
feijão, bife e batatas fritas.
A escritora Rosamund
Pilcher disse que luxo é quando podemos satisfazer os nossos cinco sentidos ao
mesmo tempo. Concordo, pois tudo o que é feito com amor é um luxo que não
precisa de cifrões para tornar a vida mais amena.
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