Embora solidária com
seu sofrimento, como uma das cidadãs a quem sua carta é dirigida, não posso me
furtar a respondê-la com muita franqueza.
Estranho seria se
você, que teve um pai amoroso e que vê esse pai ser um avô dedicado e
apaixonado por seus netos, não o defendesse.
Mas pare e pense:
você acredita mesmo que nossa Imprensa odeia o governo Lula apenas porque esse
cidadão era um operário? Você realmente acha que todos os membros da Imprensa
nacional são aristocratas que odeiam a plebe? Será que você não se lembra da força
e da torcida da maior parte da Imprensa pela anistia e do prazer com que ela
relatou a volta dos exilados?
É à Imprensa, aos
seus jornalistas e repórteres, que devemos, em grande parte, a maior parte,
aliás, a queda da Ditadura. Se nossos jornalistas não encampassem a luta contra
os militares, nós ainda estaríamos sob seu jugo.
Ainda há alucinados
que gritam Selva! Mas veja você que a grande Imprensa não lhes dá guarida.
Seu pai cometeu um
grave erro: seguir cegamente uma ideologia e acreditar que o PT seria o partido
certo para implantar essa ideologia. E não perceber que estava seguindo dois
homens que tinham um interesse apenas: o poder pessoal. A qualquer preço.
Você já se perguntou
para que eles queriam esse poder? Convive com eles? São homens probos tal qual
seu pai? Vivem vida simples e regrada como seu pai e sua família? Eles se
dispuseram a inocentar seu pai, confessando, em juízo, que ele foi vítima de um
esquema tenebroso?
Não lhe passa pela
cabeça que seu pai foi muito ingênuo?
Sinto muito pelo seu
sofrimento. Mas penso que sua carta deveria ser destinada ao Lula e ao José
Dirceu.
Atenciosamente,
Maria Helena Rubinato
Rodrigues de Sousa.
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