Assisti ao filme Namorados Para Sempre, que fala sobre um momento de crise passado entre um casal. Tanto o cartaz quanto a sinopse do filme, nos jornais, foram enganosos. Tudo levava a crer que se tratava da história de um casal em crise que resolveria seus problemas conjugais após a famosa DR – discussão de relacionamento.
O cartaz dizia assim: “Quando o amor estava se perdendo, a paixão voltou para atraí-los”.
Sugeria um final feliz, um filme “água com açúcar” com final melodramático, daqueles que nos leva às lágrimas.
E graças a Deus que não foi.
Custei a levantar da cadeira. Mil e um pensamentos fervilhavam em minha mente. Deus do céu, por que tem de ser assim? Por que as pessoas abandonam tudo quando a falta de encantamento tornam-nas cegas para o que realmente faz a vida valer a pena?
Blue Valentine (original em inglês) não é um filme para ser visto por quem se encontra em situação de concubinato ou para quem não sabe ler nas entrelinhas. É para ser visto por quem deseja salvar seu casamento. Explico.
Desde o início é relatada a história de um homem que não possui atrativo algum além da simplicidade e o amor por uma mulher. Dean vê-se na obrigação de casar com a mulher que engravidou. Ora, isso já é motivo para ter-se admiração pelo rapaz. Ele assumiu o filho que gerou. Rapaz honesto e trabalhador, pai amoroso e marido dedicado, procura, dentro das suas possibilidades, fornecer encantamento à sua mulher. Prova disso é o quarto de motel que ele reserva. Mesmo não sendo um luxo, é o que ele pode fornecer para poder “namorar” sua esposa. Acontece que não é o suficiente para ela. Ela desejava um lugar mais luxuoso. Ficou frustrada.
A cena em que ele tenta fazer amor com ela é impagável. Para ela, é um martírio, um sofrimento, algo nojento. Michelle Williams interpretou muito bem uma mulher que já não sente mais atração física por seu marido. Ceder aos impulsos sexuais de alguém por quem já não se nutre admiração e orgulho é algo que violenta, quase um estupro. O asco é tanto que dá vontade de chorar. Grande cena!
- “Como confiar nos seus sentimentos, quando eles desaparecem?” – Cindy pergunta a sua avó.
- “Acho que você só poderá descobrir se tiver sentimento” – responde ela.
E será que Cindy não nutria sentimentos por Dean, pai, marido dedicado e que faz de tudo para melhorar a situação deles?
No fundo do meu ser, eu acredito que nutria sim. O que acontece é a maldita predisposição feminina para amar somente aos que detêm certo poder, fonte inesgotável e ilusória de admiração e orgulho.
E o que Dean representava? Um homem que não evoluiu, que não estudou; que se matava num emprego de quinta categoria para sustentar à família, ao contrário dela, que estudava e possuía um bom emprego.
Quase chorei quando Dean diz a Cindy:
- “E os votos que fizemos...juntos na alegria e na tristeza? Estou no meu momento de tristeza. Deseja que nossa filha cresça num lar desestruturado?”
O final do filme é uma incógnita. Apesar de mostrar Dean se afastando, será que Cindy dará uma nova chance a ele? Será que se divorciarão? Será que acabou mesmo?
Como sou sempre a favor da velha instituição família, eu preferi imaginar Cindy agindo de forma menos egoísta, procurando mudar suas atitudes e tentando resgatar seu casamento. Entendendo que nem sempre aquele que possui mais dinheiro e posição é digno de merecer mais amor. O que importa é a dedicação, a lealdade, a seriedade dos votos feitos mutuamente.
E por que eu disse que este filme é para ser visto por quem deseja salvar seu casamento e não por quem deseja vê-lo desfeito?
Porque, meus senhores, este é um filme que trata da falta de encantamento entre um casal. E isso é muito pouco para resultar num divórcio. O problema não está em quem deseja acertar, mas na pessoa egoísta, frívola e qualitativa – como a Cindy – que coloca nas mãos de outrem os motivos para o próprio contentamento.
No final do cartaz que promove o filme, há os seguintes dizeres: “Uma verdadeira história de amor”.
Histórias de amor verdadeiro jamais sucumbem, mesmo que o encantamento termine. Se a pessoa que está ao seu lado é bom pai e marido mesmo que não possa lhe satisfazer todas as fantasias, merece no mínimo respeito e a oportunidade de um novo começo.
Por incrível que possa parecer, torço pelos “Deans” da vida. São as típicas pessoas generosas tendo de conviver com pessoas egoístas.
Que me queimem mais uma vez numa fogueira. É o que penso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário