quinta-feira, 9 de junho de 2011

Psicopatas Cotidianos

O recente assassinato de um jovem por causa de uma medíocre discussão no trânsito foi mais uma prova que podemos estar cercados de pessoas aparentemente normais, mas com cérebros de psicopatas. Aliás, nem todo psicopata mata, assim como nem toda pessoa que mata é psicopata. Mas como reconhecer sinais de crueldade em pessoas aparentemente normais?
                                                        
Qualquer cidadão que traga um gene de maldade pode surtar em algum momento de sua vida. Vejam o caso da garota de 18 anos que matou o amante. Enforcou-o. Testemunhas disseram que, antes, ela infernizou a vida da mulher e dos filhos dele.

Há alguns anos, meu irmão parou seu carro atrás de outro numa sinaleira fechada.  Como o sinal ficou verde e o carro da frente não dava mostras de avançar, meu irmão desviou seu carro, emparelhando com o da frente; baixou o vidro e brincou com o motorista: “E aí, está esperando o sinal amadurecer?” – O motorista do outro carro, sem dizer uma palavra sequer, simplesmente apontou uma arma para o meio da testa do meu irmão. Foi o suficiente para que ele jamais voltasse a reclamar de motoristas retardatários.

Chegou a um ponto que ando desconfiada até do meu cabeleireiro. Ele costuma usar várias tesouras em volta da cintura e as maneja com uma destreza impressionante. E se ele colocar em ação sua fatia psicopata no momento em que estiver me atendendo? E o dentista com aquela broca infame? E se ele surta justo no momento em que me encontro de boca aberta e indefesa? Ficaria mais perfurada que pano de bordadeira, claro. O pior é que psicopatas não sentem remorsos, empatia e sempre culpam os outros pelas suas atitudes criminosas: “Ele me provocou”. “Se ele ou ela não tivesse feito o que fez (pode ter sido até uma cuspida no chão) teria evitado que eu a/o matasse”. É sempre assim: “O inferno são os outros”, até mesmo para os psicopatas moderados. Os moderados são aqueles que, no máximo, agem infantilmente. Já vi amiga escrever o nome do ex 1.500 vezes numa folha de papel, colocar um pote inteiro de mel por cima e guardar numa caixinha. O ex não voltou; em compensação, atraiu um monte de formigas.

Eu não vou comentar sobre psicopatas cujos crimes são uma constante. A mídia está aí para isso. Quero comentar sobre aqueles que convivem conosco diariamente, aqueles que podem estar dormindo ao lado, dançando, tomando um café ou parando ao lado de sinaleiras. Como reconhecê-los?

Para mim, aquele que não para em faixas de segurança já tem falha de consciência moral. Pode jogar o carro por cima de velhinhos a qualquer momento, desde que se irrite profundamente. Aquele que manipula os outros para conseguir o que quer tem a mesma necessidade de poder de um psicopata contumaz. Aquele que se vinga por ciúmes ou inveja tem falta de controle interno. Pode sofrer um a inundação mental repentina e vir a matar.
Aquela pessoa diplomada e admirada em círculos sociais é normal até se irritar com um garçom e esbravejar pela demora de um prato. De médico (Dr. Jekyll) a monstro (Mr. Hyde) em questão de segundos. Se não tratar da sua situação limítrofe, quando estiver “Jekyll” pode matar por mesquinharia.

Outras categorias que representam risco:

O Invejoso

Sente que a vida deu aos outros tudo o que ele merecia: respeito, dinheiro e admiração. Por isso, tenta prejudicar ou destruir reputações alheias. Usa uma máscara de meiguice e cordialidade na frente da pessoa que inveja, mas sua mente fica maquinando uma maneira de puxar-lhe o tapete. Para se afirmar ou camuflar a baixa autoestima, apega-se a símbolos como carrões, mansões, joias ou diplomas, muitos até falsificados.

O Narcisista

É o típico macho alfa – em Biologia, significa o animal que demonstra sua superioridade, tanto em relação à força quanto na bravura, não permitindo que nenhum outro se insurja contra ele.
Para o narcisista, ser durão e assertivo é seu modo de mostrar força e de garantir reputação. Se for contrariado ou se for colocado em segundo plano, certamente vai reagir ferozmente e sentir vontade de aniquilar o concorrente.

O Histriônico-Teatral

Aquele que faz tudo para chamar a atenção, até mesmo ficar de pé à beira de um penhasco. Desconfiem de pessoas ousadas e intimoratas. Pessoas que não podem viver sem adrenalina costumam fazer rachas, arriscam fortunas em jogos, não se prendem a responsabilidades e não suportam rotina. São psicopatas em potencial.

O Esquizoide

Eu desconfio de pessoas que não demonstram emoções. Costumo sempre olhar bem dentro dos olhos delas. Se não há nada que brilhe no olhar quando elas sorriem, fico com um pé atrás. Crianças esquizoides costumam matar seus pais de vez em quando, mas isso é outro papo. Aquela pessoa que fica pulando de galho em galho, que não se prende a nada e nem a ninguém, que não pertence a lugar algum e que subverte normas sociais, pode representar perigo. São os que ficam violentos sob o efeito da bebida ou das drogas.

O Paranoide

Eu coloco as pessoas ciumentas demais nesta categoria. Elas ouvem vozes, veem amantes e são capazes de acreditar nas próprias “visões”, mesmo que só existam na cabeça delas. Estar com um paranoide é uma tortura.
O paranoide fica rancoroso, malévolo e vingativo, caso ache que alguém o está traindo. Para vingar-se de uma suposta traição, faz coisas que ninguém acredita. Começa fazendo em picadinho as roupas do “traidor” com uma tesoura. É capaz de cheirar as roupas íntimas do seu par, em busca do cheiro de outra pessoa. É capaz de matar no auge das suas alucinações.
Se você tem a má sorte de namorar uma pessoa paranoica, proteja-se. Será sempre considerado culpado até que comprove o contrário, isto se não for morto antes. Aliás, nenhuma prova de amor ou lealdade será suficiente para satisfazer um paranoico. Essa criatura desconfia até da própria sombra.

Para finalizar, se você convive com pessoas que apresentam algum desses traços ou vários, mesmo que seja seu cônjuge, parente ou amigo, mantenha-se vigilante ou afaste-se. Jesus disse que era preciso amar o inimigo, mas não há na Bíblia algo que sugira termos de viver ou casar com ele.
Em relação a estranhos na rua ou no trânsito, não há o que fazer: qualquer um pode se tornar um alvo, desde que algum psicopata ponha na cabeça que tem poder sobre o destino das pessoas. Nem prevenção adianta nesta hora. O jeito é evitar brigas e discussões. Sabe-se lá que variável herdada ou adquirida, predisposição genética ou desequilíbrio bioquímico estará influenciando a pessoa que está ao seu lado.



Fontes: Teorias da Psicopatologia e Personalidade, autor Theodore Millon (1979) e Amores de Alto Risco, autor Walter Riso (2010).

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