quinta-feira, 19 de maio de 2011

Vale a Pena o Brasil Sediar a Copa de 2014?

Em 2014 o Brasil será sede do maior evento esportivo do planeta: a Copa do Mundo.
O evento gerará empregos e obras de infraestrutura, as quais custarão bilhões aos cofres públicos. No que poderia ser investido tanto dinheiro, caso a Copa não fosse realizada no Brasil?

São mais de 20 bilhões de reais em obras e modernização de estádios. Somando recursos diretos ou indiretos da iniciativa privada, o valor chegará a mais de 183 bilhões de reais, dinheiro esse que será distribuído em áreas como transportes, segurança e cultura, para que os visitantes possam dispor de todas as comodidades possíveis em apenas um mês.

Segundo o Governo, doze estádios serão modernizados para que possam ser equiparados aos melhores estádios do mundo em termos de comodidade e segurança para os torcedores, e servirão de palco para atrair shows internacionais após a Copa, bem como haverá aumento de público e, consequentemente, mais renda em dias de jogos.

Ainda seguindo o discurso do Governo, pelo menos 600 mil estrangeiros são esperados, número que aumentará com a visita dos nossos vizinhos sul-americanos. Sem contar o fluxo de turismo nacional que movimentará 3 milhões de brasileiros, o que significará maior entrada de dinheiro aos cofres públicos em forma de impostos.

Agora o melhor da coisa – e o que faz inflar o peito de orgulho dos nossos governantes: mais de 700 mil empregos serão gerados, sendo 330 mil permanentes. Isso ocasionará o aquecimento da economia, o que impactará o PIB (Produto Interno Bruto). O ano da Copa gerará cerca de 2% das receitas nacionais.

Todavia, todavia...

Dói-me, e acho que não somente em mim, mas em várias outras pessoas, saber que as mazelas brasileiras permanecerão muito tempo após o término da Copa.

Pra começar, com esse histórico que o Brasil possui de licitações irregulares, obras superfaturadas e improbidade administrativa, alguém acredita que não haverá lavagem de dinheiro e evasão de divisas?
Mesmo com tantas bolsas disso e daquilo, o Brasil ainda possui 10% da população analfabeta, o que o coloca em 73ª posição mundial no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Com 20 bilhões de reais, áreas como a educação e a saúde poderiam ter problemas mais urgentes solucionados. Cerca de 400 hospitais-escolas poderiam ser construídos com esse dinheiro.

E quanto à capacidade de garantir segurança aos visitantes, atletas e à população em geral?
A guerra entre policiais e traficantes no Rio, ocorrida meses atrás, mostrou ao mundo inteiro o que se pode esperar. Se já está havendo capacitação de profissionais, desde construção civil à hotelaria, bem como cursos de línguas estrangeiras a policiais que atuarão nos cuidados do público, certamente que também os criminosos estão treinando para bater carteiras, arrancar bolsos inteiros numa passada de mão só, burlar a segurança dos hotéis etc.. Isso na melhor das hipóteses. É um risco que o país corre caso não garanta toda a segurança e comodidade possível, até mesmo de perder o direito de realizar a Olímpiada de 2016.

E agora o que me causa verdadeiro horror: o caos no trânsito das cidades que serão sedes. As ruas já não comportam o tráfego intenso de carros, causando congestionamentos quilométricos, bem como a dificuldade insana de atravessá-las. Mesmo com a figura do “bracinho arrancado” e o slogan de “respeite a faixa de segurança”, são poucos os motoristas que respeitam o pedestre.





E o caos aéreo?

Segundo a Infraero, das obras em 13 aeroportos considerados estratégicos para a Copa será possível aprontar apenas 07 a tempo. Mesmo a estatal garantir que poderá atender à demanda, um estudo da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da USP, diz que voos atrasados ou cancelados poderão chegar a 43,9% já em 2013.


A Copa do Mundo no Brasil será um show de bola ou um fiasco? Apesar do meu pessimismo, ainda acredito em milagres.

Fontes: Ministério do Turismo, Ministério do Esporte, Infraero e PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).


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