domingo, 24 de julho de 2011

Amy Winehouse Perdeu para a Vida

Amy Winehouse tinha tudo para ser feliz: bonita, talentosa e bem-sucedida na carreira, mas optou por não querer viver. Todo usuário de drogas sabe que, ao escolher este caminho, dificilmente conseguirá retornar. Sabe que quando chegar ao fundo do poço não terá forças para subir à superfície. Os que conseguem, é porque a autoestima que restou serviu como uma mola propulsora para o retorno ao que eram antes da droga os consumir.

Tento entender por que algumas pessoas enveredam por tão vil caminho. Algumas culpam a família ou a falta dela; outras, os problemas, as desgraças, as tristezas, quase sempre causadas pelos outros. Buscam justificativas externas quando a resposta está em seu interior: falta de força de vontade para impedir que as tristezas sobrepujem suas melhores intenções. Sem essa força, essa energia, não conseguem perceber que há um caminho luminoso chamado superação, o qual significa, na maioria dos casos, ter de ultrapassar aquele ponto pelo qual não passa a coragem humana. Tenho a maior admiração por aquelas pessoas que conseguiram superar-se. Imagino a garra e a coragem com que se revestiram para vencer o próprio medo.

Li em algum lugar que é mais fácil a convivência com pessoas que se sentem amadas. Pessoas com elevada autoestima são pacíficas e não transformam a própria vida e nem a de ninguém num inferno. E tendo amor próprio, não desejam autodestruir-se. Pelo contrário, reconstroem-se, regeneram-se, não cedem ao infortúnio. Amy autodestruiu-se porque não tinha amor dentro de si, por isso não podia conviver consigo mesma.

Amy se detestava. Amy sentia ódio pela sua existência. Para ela, a vida era um jogo perdido, por isso não gostava de apostar nenhuma ficha. Amy achava-se um nada, indigna de ser amada. Incapaz de amar a si mesma, não conseguia amar ninguém, nem mesmo seus milhares de fãs, E não podendo retribuir todo o afeto que recebia, degradava-se cada vez mais como se dissesse: “Vejam como sou um monstro; vejam o meu poder de destruição. Eu sou uma decepção. Não me amem mais”.  

Talvez Amy tenha desejado não mais viver por notar que, em vez de ódio, seus fãs sentiam pena dela. E ela não suportou. Ser motivo de pena acaba com a vida de qualquer um.

A música “Love is a Losing Game” é a minha preferida. Nesta música, Amy lembrava-me um pouco do estilo da Etta James. E prestem atenção na tradução. Esta música bem que poderia representar a cena final de uma mulher que, apesar de saber que a vida é um jogo desde o momento que nascemos, e que precisamos ser bons jogadores para poder vencê-la, preferiu considerar-se uma aposta perdida aos 27 anos. Vence a vida quem opta por vivê-la plenamente, e Amy optou por morrer, o que significa quase a mesma coisa que perder o jogo por W. O. – o cúmulo da covardia humana.


 

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