Todo começou com um jantar entre amigos que acabou se transformando numa confraria de aprendizes na arte da cocção. A cada encontro, um prato preparado com esmero por algum participante. O bom é que ninguém é profissional e nem cozinha para demonstrar sua arte, mas para testar o que de melhor sabe fazer. Um show com plateia sempre é mais motivador.
E foi natural que chegasse a minha vez. Como meus amigos sabem que não sou grande coisa na cozinha, sugeriram que eu fizesse o prato mais simples da culinária gaúcha: arroz com linguiça. Quem não sabe preparar arroz com linguiça?
Pois é, nem eu sabia. Então, começou o terrorismo, desde a ameaça de pedir que a Prefeitura instalasse banheiros químicos na frente da casa até o fornecimento grátis de Imosec após o jantar. Lembro que alguém comentou que até ambulâncias da SAMU seriam necessárias.
Isso fez com que eu me imbuísse de orgulho. Não, eu faria o melhor prato de arroz com linguiça do mundo, só por desaforo.
Não sei se foi por trauma psíquico, mas no dia em que eu pilotaria o fogão, a cozinha se encheu de “assistentes”. Um cortou a cebola; outro, o alho. Ana cortou os tomates (não queriam arroz de china pobre, mas de rica) e assim por diante. Coube a mim a tarefa de fatiar as linguiças.
Com os ingredientes já na panela, pus uma chaleira para esquentar água. Bem, o principal caberia a mim, ou seja, fazer o acabamento final, mas, quando me preparava para medir a quantidade de água quente a ser despejada na panela, fui testemunha de um ato de selvageria inumano: alguém (Eliane) resolveu aproveitar a água onde uma abóbora recém cozinhara antes de ser caramelizada e a despejou dentro da panela. Outra (Taty), seguindo o embalo da Eliane, decidiu que até a água que cozinhara a massa miojo da filha serviria. Jogou-a também dentro da panela. E antes que eu pegasse a colher de pau para misturar tudo, Rosa gritou: “Me deixa mexer!”. E lá se foi ela mexer a panela com maestria, como se fosse um caldeirão.
Depois desse ataque selvagem, foi impossível seguir a receita que eu havia preparado. Restou-me ficar de guarda, com um olhar feroz em frente à panela, para impedir que jogassem até água sanitária no meu arroz.
No final das contas, até que ficou bom e eu saí ilesa.
Eis os ingredientes para 10 pessoas:
1,5 kg de linguiça de Santo André;
02 cebolas;
04 dentes de alho;
04 tomates sem pele;
750g de arroz.
Opcionais, mas estes não constam na receita original: água do cozimento de abóbora e água do cozimento de massa miojo.
Como acompanhamento, teve arroz mexido, ovos cozidos picados, tempero verde e vários tipos de saladas verdes e de tomate. De sobremesa, torta de limão preparada pela Eliane.
O preparo foi fácil, tendo em vista a ajuda dos meus “assistentes de cozinha”. É só fatiar as linguiças, deixá-las fritar um pouco, pôr as cebolas e os alhos picados. Quando estiverem refogados, juntar os tomates sem pele e deixar as linguiças ferver no molho. Após, colocar o arroz e pôr água fervente (água, por favor, e não tudo que for líquido e estiver por perto). A medida de água é a seguinte: para cada xícara de arroz, duas de água.
Então, é só esperar o arroz estar no ponto e desligar o fogão. Deixar a panela tampada por dez minutos antes de servir. E está feito o carreto.
Ah, e não esquecer o queijo ralado e nem deixar que o arroz seque demais. Fica melhor quando bem molhadinho.
Quem quiser dar um nome mais pomposo ao prato, pode chamá-lo de “Riz à La Saucisse”; mas, para quem cultiva as tradições gaúchas, o nome é Arroz de China Pobre.
Querida! Parabenizo pelo maravilhoso jantar!!! Embora, a água da abóbora e do miojo, foram que deram o toque final! hehehe.. beijos
ResponderExcluirVou mandar as outras fotos.
Taty