terça-feira, 12 de julho de 2011

Palavras Difíceis

Tenho sempre um dicionário por perto quando estou lendo algum livro. É um prazer cada vez que encontro um adjetivo ou palavra cujo significado foge-me à memória ou é desconhecida. Caso não tenha o dicionário por perto, anoto a palavra num bloco para depois pesquisá-la na web. Infelizmente, o Google está tornando os dicionários um tanto obsoletos.

Sempre gostei de ler autores eruditos e complexos. Leitura fácil é para aquelas pessoas que se importam mais com o enredo, e este tem de ser repleto de ação ou de significados de autoajuda. Leituras fáceis também costumam ser rápidas. Quanto mais dinâmica e de fácil interpretação, melhor. No meu caso, a intenção é interpretar o autor. Mesmo que me digam o contrário, creio que todo autor coloca um pouco de sua essência na obra que escreve, mesmo que se trate de uma ficção.

Meu bloco de anotações já está velho e gasto, e duvido que sirva para a posteridade. Num mundo que está se tornando cada vez mais veloz, creio que em breve os livros de papel deixarão de existir, bem como os dicionários.

E antes que eu o aposente, vou transcrever algumas palavras “difíceis” que anotei ao longo do tempo. É claro que expressões eruditas estão em desuso, e quem as costuma usar sofre preconceito por parte dos não tão cultos. Pessoas que se expressam corretamente ou que se utilizam de expressões consideradas arcaicas, são taxadas de exibicionistas, arrogantes e, pasmem, de burras. Incrível é que para esse tipo de preconceito não existe defesa; tem-se de aguentar no osso e continuar com o prazer de aprimorar o vocabulário ou falar de maneira errada para não causar suscetibilidades alheias. Cada um que faça sua opção. Eu vou optar sempre por um português correto e rico, mesmo que não utilize palavras tão difíceis, apesar de adorá-las.

Ajoujar – unir, ligar;
Alogia – pobreza de discurso, manifesta-se por respostas breves e lacônicas;
Apodo – zombaria, mofa;
Azáfama – pressa, urgência, trabalho muito ativo;
Báratro – inferno, sorvedouro;
Barbacãs – muros muito avançados;
Deprecando – pedindo (com submissão);
Dilúculo - crepúsculo matutino, alvorada;
Dislate – asneira;
Doestos – acusações desonrosas;
Édulo – bom para comer, comestível;
Encomiástica – elogiosa;
Ensanchas – sobejos, sobras;
Estafermo – espantalho, pessoa feia e sem graça;
Estrênua – corajosa, valente, zelosa;
Exorna – enfeita, ornamenta, orla;
Fescenina – obscena, licenciosa;
Filogínico ou filógino – que ou aquele que tem inclinação para as mulheres;
Galimatias – discurso enredado e confuso;
Garridice - requinte excessivo no vestir;
Garganeiro – o que tem inveja de tudo o que se dá aos outros;
Laparoto - astucioso, boçal;
Madragoa – mulher ordinária, desalinhada, extravagante;
Patibular - figura de aspecto criminoso;
Patarateiro – pateta, tolo, parvajola;
Precito -  réprobo, condenado, maldito;
Prolegômenos – coisas que se dizem antes, preliminares;
Pulcro – gentil, belo, formoso;
Remoques – insinuações maliciosas, zombaria;
Rútila – resplandecente, muito brilhante;
Sátrapa -  déspota, tirano, dominador;
Sofomania – presunção de saber muito;
Suasório – persuasivo;
Tálamo – leito conjugal;
Tugúrio – cabana, refúgio, abrigo;
Valetudinário – sujeito de compleição fraca, doentia,
Xisgraviz – intruso, inoportuno.

Obs.: Quem gostava de brigar com seus desafetos usando palavras difíceis e português arcaico era Rui Barbosa. Quando o oponente não estava à sua altura, na maioria das vezes pensava tratar-se de elogios. E Rui Barbosa vencia a discussão sem precisar ter razão.

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