sábado, 9 de abril de 2011

O PREDADOR DE REALENGO E A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR

Crianças inocentes baleadas sem saber por quê. Choro. O depoimento da menina contando em detalhes tudo o que aconteceu, desde a hora em que conseguiu fugir da sala até o momento em que viu a amiga ser morta na sua frente. Choro. O desespero dos familiares, a dor da mãe que perdeu o filho tão amado e cuidado. Choro. Logo eu, que pensei ter me acostumado com esses noticiários e já estar cansada de me indignar.

Colocar-se no lugar do outro e sensibilizar-se com o sofrimento a que nossos atos possam levá-lo chama-se empatia. E dói-me saber que psicopatas, embora dotados da mesma racionalidade que nos define como espécie humana, são seres sem emoção alguma, sem sentimentos, e incapazes de sentir o sofrimento que seus atos possam gerar. Raiva é o que sinto. E vontade de exterminá-los da face da terra. Pudera eu ter esse poder. Mas ninguém o possui. Psicopatas exterminam a si mesmos quando atingem seus funestos objetivos. Assim como detêm o poder de matar, também detêm o poder de escolher o melhor horário para sairem de cena. As cortinas se fecham. Em vez de aplausos, apenas as lágrimas de quem terá de conviver com a dor para o resto da vida.

O morticínio daquelas crianças foi diferente de tudo o que tenho assistido. Leio todos os dias, nos noticiários, crimes envolvendo roubos de veículos ou de bens. Chamo a esses criminosos de parasitas da sociedade, pessoas que usurpam bens alheios para obter meios de sobrevivência. Vítimas desses criminosos são como as plantas que fenecem sob a ação da planta parasitária que suga sua seiva de vida.

Psicopatas que matam em série são animais predadores. Não contentes em capturar, precisam ainda matar. Alimentam-se de carne e sangue, e não de bens. E não precisam estar sob o influxo do plenilúnio, como os lobos. Basta que seus instintos hostis venham à tona, ocasionados por uma espécie de gatilho que somente sua morfologia cerebral conhece.

Não há tratamento para esses predadores, dizem os psiquiatras. Somente redução de danos. São animais inteligentíssimos, que sabem muito bem o que querem e aonde querem chegar. Revestem-se de uma máscara de normalidade que engana até familiares e conhecidos. Podem estar ao nosso lado, em qualquer esquina, em qualquer lugar em que pensamos estar protegidos. Policiais somente poderão agir quando o mal já aconteceu. Não é permitido aos cidadãos nem mesmo o direito de minimizar o risco através da precaução.

Em todo esse episódio, há uma pergunta que não sai da minha cabeça: por que o predador destruiu o computador? Por que diabos ele destruiu o computador?

Muito se tem comentado sobre a perícia com que o predador utilizou-se das armas. Como ele aprendeu a manejar seus instrumentos de morte?
Pensem.

Conforme testemunhos, ele não saia da frente do computador. Devia fazer parte de alguma comunidade ou rede que influencie mentes desequilibradas a praticar esse tipo de ato infame como uma maneira de redenção da alma e que ensine, num macabro passo a passo, como ser um executor bem sucedido.
Talvez os predadores do massacre de Columbine, Eric e Dylan, dos Estados Unidos, tenham participado desta mesma comunidade. Talvez o atirador sul-coreano, Cho Seung-Hui, que matou 32 pessoas e se suicidou na universidade de Virgínia Tech, também tenha participado. Em que país ocorrerá o próximo massacre?

Um estranho pressentimento me faz crer que os predadores estão interligados em redes, comunicando-se, aprendendo, planejando, comentando a forma como mutilarão suas vítimas e como se suicidarão após o último acorde da sinfonia macabra que regeram com tanta maestria.

Não quero saber de explicações filosóficas, neurológicas e nem de psiquiatras tentando explicar o porquê desse assassino ter feito o que fez. Já sei de cor e salteado o mal que o abandono, a rejeição, a desestruturação de uma família e paternidade irresponsável podem ocasionar na vida de uma criança em formação. Eu quero é que reconstruam o maldito computador do predador e descubram em que rede ele estava inserido e de onde vieram as instruções para que ele fosse o próximo “homem-bomba”. Naquele computador destruído estavam as respostas, pois a única pessoa que poderia fornecê-las se autodestruiu para que o mal continue a agir de forma sorrateira.

Em homenagem às mães que perderam seus filhos, posto um vídeo – mais uma vez - inacabado, pois estão faltando as doze inocentes vítimas desta chacina.

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